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sábado, 28 de abril de 2012

Lygia Fagundes Telles - Venha Ver o Pôr do Sol





Esta aí um grande conto escrito por uma renomada e imortal (membro da ABL desde 1985) escritora. Nesse conto, Lygia faz uso de uma linguagem concisa, tornando-o bem dinâmico. Ela também faz com que o leitor observe os fatos bem de perto. Venha ver o por do sol é narrado em terceira pessoa, ou seja, o narrador é heterodiegético (O narrador não é personagem da história), mas tomamos conhecimento dos personagens através dos diálogos entre eles, exceto sobre suas características externas, que são descritas pelo próprio narrador.
Venha ver o por do sol, relata o último encontro entre os ex-namorados Ricardo e Raquel. Ricardo após inúmeras tentativas, finalmente consegue convencer Raquel a encontrá-lo. Só que Raquel se surpreende ao constatar que o endereço marcado é em um cemitério abandonado. Ele logo contorna a situação alegando que lá foram enterrados seus entes queridos e que sempre ao visitá-los ficava deslumbrado com o por do sol que era proporcionado por aquele lugar. Ela a contragosto resolve então conhecer o local e durante o percurso resiste às investidas de Ricardo desdenhando-o enquanto enaltece com inúmeros  superlativos seu atual affair. Nesse momento, o narrador começa a dar sinais de que as intenções de Ricardo não são das melhores. A tensão já começa a pairar somando-se com aquela paisagem soturna. Não há sequer sinal de vida no recinto. Eles chegam ao seu destino e Ricardo convida Raquel a descer as escadas da catacumba e sem ao menos esperar, Raquel se vê presa por Ricardo que a abandona a própria sorte naquele espaço mórbido.
Vale lembrar que há um intertexto entre Venha ver o por do sol e Barril de Amontillado, conto escrito por Edgar Allan Poe, pois ambos tratam dos temas vingança e morte, através do abandono de suas vítimas em lugares fúnebres sem contato com qualquer testemunha ocular.



(Texto: Sergio Silva)

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