Esta aí
um grande conto escrito por uma renomada e imortal (membro da ABL desde 1985)
escritora. Nesse conto, Lygia faz uso de uma linguagem concisa, tornando-o bem
dinâmico. Ela também faz com que o leitor observe os fatos bem de perto. Venha
ver o por do sol é narrado em terceira pessoa, ou seja, o narrador é
heterodiegético (O narrador não é personagem da história), mas tomamos
conhecimento dos personagens através dos diálogos entre eles, exceto sobre suas
características externas, que são descritas pelo próprio narrador.
Venha ver
o por do sol, relata o último encontro entre os ex-namorados Ricardo e Raquel.
Ricardo após inúmeras tentativas, finalmente consegue convencer Raquel a
encontrá-lo. Só que Raquel se surpreende ao constatar que o endereço marcado é
em um cemitério abandonado. Ele logo contorna a situação alegando que lá foram
enterrados seus entes queridos e que sempre ao visitá-los ficava deslumbrado com
o por do sol que era proporcionado por aquele lugar. Ela a contragosto resolve
então conhecer o local e durante o percurso resiste às investidas de Ricardo
desdenhando-o enquanto enaltece com inúmeros superlativos seu
atual affair. Nesse momento, o narrador começa a dar sinais de que as intenções
de Ricardo não são das melhores. A tensão já começa a pairar somando-se com
aquela paisagem soturna. Não há sequer sinal de vida no recinto. Eles chegam ao
seu destino e Ricardo convida Raquel a descer as escadas da catacumba e sem ao
menos esperar, Raquel se vê presa por Ricardo que a abandona a própria sorte
naquele espaço mórbido.
Vale
lembrar que há um intertexto entre Venha ver o por do sol e Barril de
Amontillado, conto escrito por Edgar Allan Poe, pois ambos tratam dos temas
vingança e morte, através do abandono de suas vítimas em lugares fúnebres sem
contato com qualquer testemunha ocular.
(Texto: Sergio Silva)
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