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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Roger Waters The Wall Live: O Maior Epetaculo Da Terra





No dia 03/04, após um dia de trabalho, saí de casa para assistir aquele que com certeza foi o maior espetáculo  que já vi: o show da turnê  the wall, de Roger Waters; ex- baixista do Pink Floyd.  Após uma verdadeira odisseia de quase quatro horas para chegar a o estádio do Morumbi, cerca de dez minutos antes do começo do show, fui surpreendido a cada segundo que se passava durante as duas horas de show que se seguiram, um espetáculo surpreendente e grandioso em todos os sentidos .
       Na sua segunda apresentação em São Paulo, Roger Waters presenteou  o público que lotou o estádio do Morumbi com a apresentação teatral do clássico the wall de 1979, um álbum conceitual que aborda questões como a perda do pai, a opressão de uma mãe super protetora e a humilhação dos professores, tudo isso junto para expor a face de uma sociedade consumista e opressora que sufoca os valores individuais. O tema do álbum é centrado no personagem Pink, inspirado no próprio Roger, que, após a perda do pai na segunda guerra mundial, vê-se oprimido por uma mãe controladora, além de ser humilhado na escola por professores que o ridicularizam pela sua criatividade poética, o que vai contra os valores de uma sociedade centrada nos valores de mercado. Qualquer semelhança com o mundo real não é mera coincidência.
    Nessa segunda montagem dessa espetacular ópera rock, que foi exibida pela primeira vez  na Alemanha , em 1990, e contou com a participação de diversos artistas como Scorpions, Van Morrison, Cyndi Lauper, entre outros, Roger trouxe para o Brasil uma estrutura gigantesca que contava com um palco de 150 metros de comprimento e 15 metros de altura  em forma de um muro que funcionava como telão no qual eram apresentados imagens em alta definição que traduziam em imagens o conteúdo  temático de cada uma das canções do álbum.  A abertura apoteótica  do show ficou por conta do clássico in the flesh? , que também abre o álbum, e daí por diante o público foi cada vez mais surpreendido por uma banda afinadíssima e no comando um senhor que esbanjou talento e um carisma atípico para um britânico. É difícil pontuar o momento alto do show, haja vista que este foi perfeito como um todo, porém, se tivesse que citar alguns diria que um dos mais emocionantes foi a exibição do clássico another brick in the wall, com a participação do coral de crianças usando camisas com a mensagem       “ Fear builds walls” (o medo constrói muros), além de outros como o discurso de Roger, em português claro; apesar do forte sotaque britânico, no qual ele dedicou o show a Jean Charles de Meneses, morto em Londres após ser confundido com um terrorista, e sua família e sua busca pela verdade, e todas as pessoas que são vítimas do terrorismo de Estado. 
     A trajetória do personagem Pink,  desde que entra para um grupo de rock, seu casamento com uma fã e a separação que o leva a um processo de isolamento social que é  representado metaforicamente pela construção de um muro, foi inspirada na história do próprio Roger  que, decepcionado com  o comportamento de um fã, imaginou-se construindo um muro ente ele e o plateia. Na apresentação do dia 03/04 cada momento da trajetória do personagem foi acompanhada por uma performance magistral de Roger Waters  reforçado por um show de imagens e efeitos visuais  carregados de críticas a tudo que oprime: religião, consumismo, sistemas políticos, etc. Vale destacar também  o porco voador com frases como “muita fé e pouca luta”,” povo calado é povo dominado” que muito dizem sobre a sociedade brasileira. 
    Em suma posso afirmar que, para um verdadeiro fã do Pink Floyd, o show foi impecável, algo digno de ficar na memória como um daqueles  momentos que com certeza marcam a nossa existência e lhe dão algum sentido, o que só é possível através da arte. Sem dúvida presenciei O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA.

(Texto: Nilton Aquino)

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