Certo dia na casa do grande amigo
Clebão, já me despedindo peço emprestado a ele o CD do Whitesnake chamado Live
in the heart in the city. Ele prontamente o empresta e eu felizmente dirijo-me
até minha casa na ânsia de ouvi-lo a todo volume. O cd era gravado e não havia
nada escrito identificando a banda. Já com umas na cabeça (é ruim de sair da
casa do Cleber sóbrio), coloquei o cd para rolar e pensei: mas esse Coverdale
(vocalista do whitesnake) sabe se reciclar, está com uma voz tão diferente (eita
cachaça!). Após alguns segundos identifiquei a voz. Era de David Bowie. Confesso
que nunca prestei muita atenção nele, mas a partir desse dia Bowie passou a ser
sinônimo de boa música para mim.
O cd é o
Healthen, gravado em 2001. Logo de cara, Bowie nos prestigia com Sunday. Ela não
sei por que me faz lembrar um padre celebrando uma missa. Ao fundo um teclado
místico dá um tom de mistério, até que entra a bateria quase no fim imprimindo
um peso lembrando até o bom e velho Led Zeppelin. Em seguida entra Cactus, cover
do Pixes. Um violão maroto destila acordes blueseiros, um baixo gorduroso entra
com os dois pés na porta e posteriormente um teclado a lá Faith no More.
Sonzeira! Em Slip Away Bowie me faz lembrar um Sinatra na rua da amargura,
tamanho o abandono com que canta. Uma das mais lindas. Slow Burn tem uma linha
de baixo contagiante, enquanto a guitarra desfila uma saraivada de notas
torturantes. O refrão é um caso a parte. Por coincidência, outro
cara que eu não conhecia bem e que passei a admirar é Neil Young, compositor da
próxima, chamada I've Been Waiting for You, uma das minhas
preferidas. E para não me estender muito, I Would Be Your Slave, assim como Slow
Burn tem um dos refrões mais espetaculares que ouvi no Rock n
Roll.
Vale lembrar que esse album foi inspirado nas impressões causadas
em Bowie quanto aos ataques de onze de Setembro e a maioria das letras refletem
a degradação humana.
Em suma, discão!
Olha o album inteiro aí!!!
(Texto: Sergio Silva)
Nenhum comentário:
Postar um comentário