Num
domingo por volta das 20:00, procurando algo “assistível” na tv aberta, me
deparei com um programa que nem sabia que ainda estava no ar. Me refiro ao
programa de entrevistas chamado conexão Roberto D’ávila. Sempre me cativou a
forma com que Roberto D’ávila conduz sua entrevista, deixando seu entrevistado
completamente a vontade, sem ser interrompido (atitude pouco comum comparado a
outros entrevistadores que sempre querem “roubar a cena”). Pois
bem, nessa noite um de seus convidados era o pianista e maestro, João Carlos
Martins. Pela primeira vez, vou me dar ao luxo de escrever não sobre a obra de
um artista, mas sim sobre o homem atrás do artista. João Carlos Martins é um
exemplo a ser seguido. Um exemplo de obstinação e coragem. O que ele foi capaz
de superar em devoção a música não é para qualquer mortal.
João
Carlos Martins venceu seu primeiro concurso tocando obras de Bach aos oito anos
de idade, aos vinte se apresentou no Carnegie Hall. Inaugurou também o Glenn
Gould Memorial em Toronto. Um dia em uma partida de futebol realizada em Nova
Iorque, rompeu um nervo da mão direita que o fez perder os movimentos e acabou
por distanciá-lo do instrumento, mas após alguns tratamentos, foi gradativamente
se recuperando. Com o passar do tempo, desenvolveu uma doença chamada Contratura
de Dupuytren, que o fez achar que nunca mais iria voltar a tocar. Em razão
disso, tornou-se treinador de boxe, mas sua paixão pela música o fez retornar ao
piano e mesmo com toda a deficiência que encontrava, criou adaptações em sua
maneira de tocar. Após um concerto em Sofia na Bulgária, foi surpreendido em um
assalto e o bandido o atingiu com um golpe na cabeça, ocasionado novamente, a
perda dos movimentos das mãos. Esse fato ocasionou uma lacuna enorme em sua
carreira, pois João Carlos Martins passou novamente por todo o processo de
tratamento e treinamento, até que conseguiu se adaptar com os movimentos dos
poucos dedos de cada mão. Em 2004 passou a reger e ainda assim encontrou
dificuldades em segurar a batuta e virar as páginas das partituras. Em virtude
disso, preferiu memorizar nota a nota das peças.
Ele ainda
continua na ativa e recentemente foi homenageado pela escola de samba Vai-Vai
que se sagrou campeã nesse mesmo ano. O enredo, não poderia ser melhor: A música
venceu.
(fonte: Wikipedia)
(Texto: Roberio Lima)
Esse é realmente um exemplo de amor à arte. Belo texto Sergio, parabéns.
ResponderExcluirCarácoles!
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