Acredito que o público que,
carinhosamente, visita este blog já percebeu que se trata de um
espaço voltado para o compartilhamento de informações sobre os mais diversos
assuntos, sem a menor intenção de impor qualquer valor estético ou pregar
qualquer posição política, e é por isso que ele é aberto a todos que tenham
algo de interessante e enriquecedor para dividir, seja sobre música, cinema,
literatura ou qualquer outro tema relevante para o enriquecimento cultural. Porém, como é de se notar, a
música é a tônica dominante do blog, música pra todos os “bons gostos”.
É em virtude
dessa característica que hoje quero usar este espaço para falar de algo que
humildemente admito não ser um grande conhecedor, apesar de um ser grande
amante da música, confesso que alguns estilos me são de difícil assimilação e
outros que definitivamente não me agradam. Sempre tive horror à música
eletrônica, pelo menos o que a maioria de nós conhecemos como tal, o famoso
putz putz trilha sonora de raves regadas a drogas sintéticas. Sempre gostei da
marca humana presente na música, da inspiração nas letras bem elaboradas, da
pulsação de vida em cada nota, do sentimento expresso em cada acorde, em cada
riff, por essas razões sempre tive certa aversão à música eletrônica, até o
momento que ouvi uma banda alemã chamada Kraftwerk (usina de energia em
alemão) que me fez mudar o meu radicalismo em relação a este estilo (embora
ainda continue odiando o putz putz).
O Kraftwerk
foi o grupo que inventou um estilo de música totalmente feita e tocada por meio
de sintetizadores e foram os responsáveis pela popularização da música
eletrônica e precursores de estilos como o techno e o electro além da
moderna dance music. Todavia o Kraftwerk vai muito além de todos
esses estilos, aliás, apesar de ser o precursor de tais estilos, o Kraftwerk
tem um som bem próprio e em nada comparável com estes. A banda foi fundada por Florian Schneider e
Ralf Hutter em 1970, mas sempre contou com a participação de outros
músicos, embora muitos deles nem tenham chegado a participar de algum disco,
porém a formação mais duradoura e bem sucedida foi aquela que durou de 1975 a
1987, que incluía a participação dos percursionistas Wolfgang Flur e Karl
Bartos, ou seja, apesar de todo o aparato tecnológico da época, pífio,
comparado à tecnologia de hoje, o elemento humano era dominante, o que fica bem
visível em suas músicas, as suas letras, apesar de mínimas, tratam da vida
urbana e da tecnologia europeia do pós-guerra e fazem uma celebração e alertam
sobre os males do mundo moderno. Além do alemão, sua língua materna, a banda
também gravou em inglês e francês, a sua discografia oficial (álbuns de
estúdio), que vai de 1970 a 2005, conta com muitos álbuns que se tornaram
clássicos da música no século XX, como Autobahn, de 1974 e Die Mensch-
Maschine, de 1978.
Porém,
na minha singela opinião, o grande clássico da banda é sem dúvida o álbum
Trans-Europa Express (ou Trans-Europe Express, em inglês), de 1977, no qual
está a música que me fez descobrir a banda, The
Hall of Mirrors, que me fisgou de imediato na primeira audição pelo seu
clima sombrio e temática introspectiva, e que possui um refrão que ficou por
dias na minha cabeça após ouvi-la pela primeira vez (Even the greatest stars find their face in the
looking glass), além de outras que
fazem desse álbum um dos mais influentes do século XX como showroom dummies e a música título do álbum, Trans-Europe Express. Enfim, mesmo para aqueles que, assim
como eu, ainda tem alguma restrição a este estilo, recomendo que conheçam o som
desta banda, pois garanto que, mesmo que não gostem, irão conhecer uma banda de
grande importância e relevância para a música moderna.
(Texto: Nilton Aquino)
(Texto: Nilton Aquino)
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