Pegando carona no belo texto de Nilton Aquino, gostaria de expor
também minhas observações (sensações talvez seja a palavra ideal) acerca do Show
de Roger Waters realizado na última terça feira (03 de abril de
2012).
Pois bem, cheguei ao estádio às l9:30. No ingresso mencionava que o
início do show seria às 20:00, portanto, percebi que nem haveria tempo de fazer
o famoso “esquenta”. Entrei imediatamente no estádio através do portão que dava
acesso à arquibancada laranja. Ao invés de perguntar para algumas milhares de
pessoas do lado de fora a que horas que começaria o show, não, o asno aqui foi
se lembrar de perguntar isso já lá dentro. E não é que o show iniciaria só às
21:00. Então me dirigi às arquibancadas em busca de um lugar com
boa visibilidade (tonto eu, nem precisava, pois com um muro (tela) com 137
metros de largura qualquer lugar estaria bom) e aguardei pacientemente enquanto
pensava que naquela noite eu tinha um pouco de Pink (personagem do filme The
Wall) dentro de mim. Muitos não compreendem o fato de eu ir sozinho a
espetáculos como esse. Me acham ante social, sem amigos, enfim, esquisito. Na
verdade o que acontece é que ao contrário de algumas pessoas que conheço e que
se jugam fãs de carteirinha, eu enfrento essa maratona que é assistir shows
desse porte sozinho, porque em minha concepção devo prestigiar o artista que com
sua genialidade e sensibilidade faz o fardo pesado que carregamos na vida
tornar-se gramas. Portanto eu dedico esse texto não a você desprovido
financeiramente que morria de vontade de contemplar esse show, mas a você
muquirana, mesquinho, que tinha plenas condições de ir e não foi talvez também
pelo excesso de má vontade.
Eu já havia visto Roger Waters em ação em 2007 no mesmo Morumbi.
Era a turnê do Dark Side of The Moon. Pois bem, tive a sorte de não subestimar
Roger (coisas que alguns fizeram, achando que essa turnê não seria superada).
Realmente, até então havia sido o melhor show que eu tinha assistido, mas The
Wall foi sem sombra de dúvidas o melhor show da minha vida (e da maioria que se
encontravam ali). Todos sabem que Roger Waters foi uma verdadeira metralhadora
giratória em The Wall. Extremamente ácido e contundente, Roger
“desceu a lenha” no governo, na guerra (que na segunda guerra ocasionou a morte
de seu pai), na superproteção materna, nos relacionamentos e traições e no
sistema educacional que mais alienam do que educam.
Voltando ao Show The Wall: é impressionante o carisma de Roger
Waters. Para ser ter uma ideia, ele decorou um longo discurso em português,
lembrando até outro carismático chamado Bono Vox (o Robério vai ficar bravo
comigo). O Show inicia com In the flesh? Já valeu os R$ 180,00 que eu havia
pago. Eu podia ir embora tranquilo, pois os fogos de artifícios somou-se aos
bombásticos riffs criando uma adrenalina contagiante. Daí para frente, não teve
nem como respirar, a cada música era uma grande surpresa. Em Hey you o solo de
guitarra (não consegui identificar a cargo de quem, pois a banda estava atrás do
muro) fez meu coração entrar em combustão, mas a magnun opus é mesmo Confortably
Numb, que criou um verdadeiro frenesi no público.
Deixei por último o muro, talvez o grande diferencial. Como
mencionei acima, a produção do show fez com que todos ali presentes
visualizassem bem o espetáculo. Não teve lugar ruim, de qualquer posição era
possível assistir perfeitamente.
Diante de uma obra chamada The Wall sendo tocada na íntegra e com
todo aquele acervo visual, confesso, fui sozinho e me senti sozinho, pois se
quer senti a presença de qualquer indivíduo (felizardo diga-se de passagem),
pois só havia o show. Ah, eu também, nem senti minha presença.
(Texto : Sergio Silva)
Grande texto Sergio, sempre com o seu clássico toque de cronista.
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