A todo
volume é o nome do documentário dirigido por Davis Guggenheim em 2008 que
descreve o encontro de três gerações de grandes guitarristas, Jimi Page (ex.
Led Zeppelin), The Edge (U2) e Jack White (The White Stripes).
O documentário inicia com Jack White criando uma guitarra pra lá de
rudimentar (a guitarra de muitos bluesman em seus primórdios), utilizando um
pedaço de madeira, um captador, uma garrafa como ponte, uma corda e um cabo. Em
menos de três minutos a guitarra já está pronta para Jack desfilar seu furioso
slide sobre a única corda, em um pasto repleto de gados , contrastado com
ambiente bucólico. Em seguida temos Jimi Page declarando seu encantamento pela
guitarra Les Paul, marca que o acompanha de longa data. Ӄ como
uma escultura, uma maravilhosa peça de madeira envernizada. O cheiro que ela tem
parece de uma mulher, sabia? Dá para acaricia-la como uma mulher.” É uma parte
integrante de quem eu sou, tocar guitarra é me fundir com ela. Já
The Edge se diz louco por equipamentos e o que ele pode contribuir para a música
a levando adiante. Ele reconhece que enlouquece seus técnicos em busca do som
que ouve em sua cabeça “É minha voz que sai pelos alto-falantes”.
Um dos
melhores momentos é ver Jimi Page tocando os acordes de Rumble On. Enquanto o
som rola Jimi vai declamando: “A dinâmica, luz e sombra sussurrando para o
trovão, é um convite inebriante”.
Agora, o
cara mais nervoso e visceral é Jack White. “Não me livro de guitarras que têm o
braço meio torto, que ficam desafinadas, pois quero lutar com aquilo, vencer e
fazê-la exprimir tudo o que sinto naquele instante.” “Quero que seja um luta.”
Mais
adiante, The Edge faz uma visita ao passado, quando toca algumas fitas cassetes
onde trechos das primeiras músicas de U2 eram gravadas em quatro canais, dá para
ouvir a voz de Bono ao fundo contando os compassos e The Edge aproveita para
mostras as várias formas de contagem. Em seguida ele faz uma visita à escola
onde estudou na sua adolescência e onde formou o U2. Ainda em viagem ao passado,
temos Page que diz “Ficávamos tão à vontade tocando juntos que podia acontecer
qualquer coisa”. “Os quatro membros da banda formavam um quinto elemento”.
“Paixão, honestidade e competência, o verdadeiro paraíso musical”. Em visita a
um asilo, Page se recorda que no hall de entrada, foi gravada a bateria da
música Levee Breaks. É aí que o lado produtor desse gênio aflora. “Nós gravamos
neste cômodo aqui.” “O Bonzo tinha comprado uma bateria nova e quando ele chegou
começou a tocar neste espaço enorme e o som da bateria refletia nas paredes,
neste ambiente maravilhoso, dá para ouvir as superfícies refletoras, têm vida e
ambiência” Disse um Page pra lá de entusiasmado. Ainda no passado, surge uma
gravação de um vídeo, onde Page ainda criança toca skiffle.
Em
relação às referências musicais, Jack White diz, enquanto passa um vídeo
pré-histórico do Bluesman Blind Gary Davis “Você começa a cavar mais fundo e
quando se cava mais fundo no rock ‘n’ Roll, pega-se um trem cargueiro para o
blues”. “O blues dos anos trinta é assustador.” “ Quem ouvir essas músicas, se
espantará que chegaram a serem gravadas em cera.” E cita: Robert Johnson e Blind
Willie Johnson.
Uma das
coisas mais legais é ver Jimi Page em sua discoteca separando e pondo pra tocar
uma música do compacto do Link Wray chamado Rumble e depois Muddy Waters. O que
vemos é um Page tiéte beirando a infantilidade.
Por fim,
temos então o encontro dessa três feras que trocam ideias e claro, tocam
divertidamente numa jam session despretensiosa, onde os bottlenecks deslizam
freneticamente nos dedos dos três. Para encerrar, tocam uma bela balada cantada
divinamente por The Edge e Jack.
Esse
documentário não é só destinado ao público guitarrístico e sim para todos que
apreciam boa música.
(Texto: Sergio Silva)
Nunca tinha ouvido falar nesse documentário, parece muito interessante. Valeu Sergio, sempre trazendo grandes novidades.
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