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segunda-feira, 14 de março de 2016

Pixote - A Lei Do Mais Fraco









Em se tratando de grandes realizadores da sétima arte, podemos dizer que o Brasil possui ótimos nomes e, sem medo de errar, pelo menos uma dezena deles não faria feio em qualquer outra parte do mundo em que ousassem desbravar. Um caso em especial chama a atenção, pois apesar de ser argentino de nascimento, escolheu o Brasil como sua pátria, e vem desde o seu primeiro trabalho enriquecendo ainda mais o acervo cinematográfico de nosso país.
Falo de Hector Babenco, que produziu desde trabalhos grandiosos como “Carandiru” e “Brincando nos Campos Do Senhor”  a outros de cunho mais intimistas como “Coração Iluminado” e  “O Beijo da Mulher Aranha”.
Entre os trabalhos de Babenco, um que possui enorme destaque, inclusive internacional é “Pixote – A Lei Do Mais Fraco”, que aborda uma realidade tida como crônica em nosso país até os dias de hoje. O filme é cheio de cenas antológicas e não poupa o espectador de momentos fortes -  e muitos desses momentos são vividos de forma peculiar por Fernando Ramos da Silva, que dá vida ao personagem do título. Curiosidade que vale frisar é que Babenco se utilizou de vários atores não profissionais (Fernando é um deles), misturados a outros já com muito prestígio e reconhecimento na TV, cinema e teatro(Jardel Filho, Marilia Pera e Toni Tornado).
O diretor já evidência de início o que nos espera em uma espécie de “prefácio realista e contestador”, onde faz um rápido discurso utilizando de pano de fundo a própria realidade (nua e crua), onde vivem os personagens retratados no filme.
 Naquela época ainda vivíamos em regime autoritário em que as expressões artísticas eram pautadas por uma censura escancarada. Mas Podemos afirmar com toda certeza que hoje a maioria das cenas apresentadas no filme, seriam sumariamente “limadas” em nome de uma moral sustentada por uma hipocrisia sem precedentes(mesmo não havendo uma censura declarada). E são exatamente essas cenas, contidas em abundância na Pelicula, que enriquecem a fita  e dão o tom poético necessário para se atingir o “status” de obra de arte. A “liberdade” nesse processo é tida como o grande condutor, pois uma das mais emblemáticas cenas, onde Sueli (Marilia Pera), amamenta Pixote e depois o rejeita, é uma das mais fortes e belas expressões artísticas já vista no cinema.
Na realidade o que o diretor fez, foi pegar a difícil realidade vivida por aqueles garotos e dar cores cinematográficas, não com o intuito de deixá-la mais aceitável, mas para evidenciar ainda mais a sensação de impotência/ indiferença por parte de nossa sociedade.


(Texto: Robério Lima)



Um comentário:

  1. Um belo texto sobre um belo filme,a carência afetiva explícita na cena da amamentação,hoje seria tachada de pedofilia,quer dizer,jamais haveria aquela cena,os processos correriam soltos.

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