Em comemoração ao mês da mulher o C.E.U. Alto Alegre vem promovendo uma série de atividades voltadas para o publico feminino e, entre as muitas novidades, a grande noticia foi a a apresentação de Maria Gadú, que esta em turnê pelas varias unidades do Centro Educacional Unificado.
O show estava marcado para ter inicio as oito horas da noite e os ingresso que já vinham sendo disputados a tapas e já estavam esgotados, eram apenas objeto de desejo entre os que ainda nutriam esperanças de assistir a apresentação da cantora.
Confesso que não sabia muito bem o que esperar dessa apresentação, pois conhecia apenas a indefectível ``Shimbalaiê``. Por isso, fui totalmente ``desarmado``, afim de conhecer melhor a carreira desta que já possui grande reconhecimento do publico e tem a benção de monstros sagrados como Caetano Veloso e Milton Nascimento. Após algumas considerações dos responsáveis pela administração do C.E.U. eis Maria Gadú acompanhada pelo percursionista Felipe Roseano que de cara, dominaram o palco e a plateia - assim que o primeiro acorde foi emitido de seus instrumentos.
O inicio se deu com ``Suspiro´´ , musica de seu ultimo disco ``Guelã´´ - daí por diante amigos, confesso que fui me deixando envolver pelas melodias ``quebradas`` e de muito bom gosto que eram despejadas de sua guitarra e da bateria precisa de Roseano. ``O bloco´´, do mesmo disco veio na sequencia e foi inflamando o publico presente. Com a platéia na mão, Maria Gadú prestou homenagem ao Legião Urbana ``Quase Sem Querer´´ e Paralamas Do Sucesso ``Lanterna Dos Afogados´´ que mescladas com suas composições fizeram a alegria dos que testemunhavam o espetáculo. Destaque absoluto para a belíssima ``Axé Acapella´´ (Dani Black e Luisa Maita), que foi executada em uma performance de tirar o folego.
Sim, as composições que fizeram Maria Gadú atingir o prestigio que possui foram tocadas com a habitual empolgação da cantora - que bastante comunicativa atendia ao clamor de seus seguidores.de forma bem descontraída e levemente encabulada. No final das contas deu pra entender o orgulho de mãe da cantora que acompanhava a apresentação da filha com os olhos marejados de orgulho por ter concebido tamanho talento. Que mais artistas como ela possam surgir para dar alegria as próximas gerações.
Em meio à festa hedonista da juventude pós- Guerra Fria, em que tudo era prazer, tudo efêmero, tudo consumo, uma banda aparece para desafinar o coro dos contentes. Nada de raves, nada de ecstasys. Nada de sexo, corrente de ouro ou carrões. Armados de protesto e revolta, o Rage Against The Machine apareceria e chegaria ao topo das paradas para mostrar que nem só de cama da Madonna, dos perigos do Michael Jackson e de indivuduais crises existenciais viveria a música dos 90. Nem todos estavam contentes com a situação. Nem todos enxergavam as benesses do
way of life capitalista como o Paraíso na Terra. Havia raiva na parada.
Trazendo na capa a célebre foto de Robert Browne,
com um monge budista ateando fogo ao próprio corpo como forma de protesto ao
governo assassino e paranóico de Ngo Dinh Diem no Vietnã do Sul, o disco de
estréia do RATM , produzido pela própria banda, transborda crítica e subversão
por todos os lados. A banda, formada em Los Angeles a partir de um encontro
entre o novaiorquino, bacharel em ciências políticas e candidato a guitar hero
Tom Morello com o rapper free style de origem xicana Zack de La Rocha, além de
letras totalmente de protesto, apresenta na sua música uma mistura de riffs
pesados à la Black Sabbath, com vocais rappeados, solos rápidos,
experimentalismo de guitarra e uma cozinha (Jim Commerford no baixo e Brad Wilk
na bateria) que ora pende para a dureza heavy metal, ora mergulha no balanço
funk. Da introdução de baixo da abertura “Bombtrack” - o single que traz Che
Guevara na capa - que culmina num refrão explosivo, ao último ruído de
“Freedom”, a banda não deixa a peteca cair e não alivia em nenhum momento para
o sistema. Todas as suas artimanhas são despudoradamente desmascaradas. Sem
gordura, nem embromação, o disco vai direto ao ponto. Une magistralmente o hip
hop com o heavy metal e mostra que enquanto a energia do rock n'roll sobreviver
nem tudo será festa e propaganda. “Killing in the name”, primeiro single
lançado pela banda, logo se transformou num hino e ganhou em cheio o coração
daqueles que sentiam que algo estava errado na festa do pensamento único.
“Ignorance has taken over, we gonna take the power back”(“A ignorância dominou,
nós vamos tomar o poder de volta”), diz De la Rocha em “Take the power back” ,
discurso contra o controle ideológico no sistema educacional americano sob um
magistral trabalho de Morello na guitarra com a banda saindo do chão num rock
de pegada ímpar. Mais um hino. Em “Wake up”, Luther King, Malcolm X e Mohammed
Ali são citados para levantar as consciências contra o racismo
institucionalizado. Em “Bullet in the head”, um dos pontos altos do disco, a
guitarra de Morello começa a demonstrar as inovações – presentes com destaque
também em “Fistful of Steel” - que se seguiriam nos discos posteriores. Em
“Know your enemy”, com introdução , riff e solo de guitarra hipnóticos e os
marcantes slaps de baixo de Commerford (que também aparecem em "Take the
power back") em mais um rock de tirar o fôlego, que conta ainda com a
participação de Stephen Perkins, o incrível baterista do Janes's Addiction, na
percussão e Maynard James Keenan nos vocais (substituindo o Jane's Addiction
Perry Farrell que não pode atender ao convite), as cartas são colocadas na
mesa: Acordo,conformidade,obediência,ignorância,hipocrisia,brutalidade,
a elite , todos os elementos do sonho americano são os inimigos da banda. A
bomba estava pronta. E seria lançada de dentro do próprio sistema que ela se
propunha a destruir - afinal a banda era contratada da Epic (Sony) - para se
tornar um clássico inconteste do rock mundial. O conteúdo desafiador do álbum levou a banda a ser
proibida de se apresentar em alguns estados norte-americanos, o que só
colaborou com a sua popularização entre jovens ansiosos por rebeldia. Depois
disso os integrantes da banda ainda se apresentaram nus e em silêncio no
Festival Lollapallooza de 93 em protesto contra os órgãos de censura da “Terra
da Liberdade” e o RATM se firmou como a banda mais antissistema do sistema,
influenciou toda uma geração e estilo e acabou se tornando trilha de filmes e
jogos de videogame(!). Se você procura beleza harmônica, metáforas bem
elaboradas ou clima de festa e descontração, fuja deste disco. Ele é todo feito
de peso e revolta. Ruído e fúria contra a máquina do sistema.
As manifestações do último dia 13 evidenciam não somente a insatisfação com o governo e a corrupção, mas também servem para mostrar uma situação que a cada dia fica mais aparente, pois o que deveria ser um marco democrático serve na maioria dos casos (e falo da grande maioria), para desfilar um misto de arrogância e alienação política.
Não meus amigos, não digo que os que empunhavam cartazes de ordem e que defendem a intervenção militar ou o tal Bolsonaro para presidente devem possuir diploma de ciências políticas ou algo que o valha, mas que possuam reais motivos para “estar lá” sem servir de instrumento para confabulações nebulosas. Definitivamente postar selfies com a camisa da C.B.F. em redes sociais não é o melhor exemplo para demonstrar que é contra o atual cenário político,que definitivamente está muito longe de ser o melhor. No entanto, temos que tomar muito cuidado com a superficialidade que nos cerca, pois ela pode ser impiedosa.
O que sinceramente me incomoda nesse circo todo, é justamente o fato da população mirar o dedo somente para Lula e Dilma, quando outros personagens com desenvoltura tão nefasta quanto à dos já citados Lula e Dilma. A lista é extensa e mostra a face desesperadora que nos espera caso seja decretado o impeachment da presidente. Imaginar Temer na presidência causa enorme temor (não poderia deixar de usar o trocadilho), nos que ainda tem um pingo de consciência política.
O que se viu no último domingo nas principais avenidas do Brasil, é relevante e deve ser considerado como um sinal de alerta ao que está acontecendo nesse país que a muito tempo já sofre com falcatruas tão ou melhor elaboradas que as de agora. O que realmente me incomoda é o fato de que essa história de que o gigante acordou e outras calhordices similares não passam de balela, pois apesar de haver pessoas sérias em meio às reivindicações, também tem os que adoram “oba oba!”, esses certamente desviariam o foco ao primeiro sinal de situação “vergonha alheia”. Bom, a discussão é praticamente infinita e sem sombra de dúvidas, está muito longe de terminar. Por isso é importante termos a consciência de que nosso destino pode estar descendo ralo a baixo enquanto os porcos andam em duas pernas..
Banda/Grupo: Relíquia Dj & Delinquência Periférica Álbum/Promo Demo :Pixadores Nacionalidade:Brasil Gênero:Rap Gravadora:Independente Ano: 2016 Nota:7,5 Track List: 1.Base 2. Pixadores (Relíquia Dj) 3.Tem de monte (T.D.M) (Relíquia Dj & Insano Mc) 4.Sai do pé (Delinquência Periférica) 5.Original Rap Nacional(Delinquência Periférica)
O que realmente define uma artista independente, sua persistência
em continuar seu trabalho, mesmo em condições adversas, mesmo sem apoio dos
familiares e dos amigos, sua garra em querer mostrar seu trabalho acima de tudo
é o que define o caráter e a caminhada honesta de um artista independente, já
tendo passado por diversos grupos de Rap tais como Correria Constant, Século 21 dentre
outros, e tendo ajudado tantos outros a construir bases e criar musicas o
Rapper Douglas mais conhecido como Relíquia
Dj se junta aos seus amigos do Delinquência Periférica e nos
mostra que garra e persistência eles tem de sobra e nos presenteiam com sua
primeira Demo Promo intitulada “Pixadores”
, este trabalho contem 4 músicas; “Pixadores” ,“tem de monte” de autoria de Relíquia Dj esta ultima em parceria
com Insano Mc que também faz parte do grupo Delinquência Periférica, e “Sai
do pé”, ”Original Rap Nacional” de autoria do grupo Delinquência Periférica , e mais uma base que compõe mais um som que será
lançado no futuro , Relíquia Dj morador do Bairro Recanto Verde Sol , mostra em
seu som que buscou abordar um tema
polemico e muito mal conhecido e muito mal compreendido, o universo da pichação, a primeiro momento você pode torcer o nariz
por não conhecer ou achar que isso é coisa de “Vagabundo” porém o que temos
aqui é a narração real de quem vive e viveu o mundo do grafite e da pichação em
sua mais verdadeira essência, o que temos aqui é um documentário musical do
que se passa na cabeça dos jovens da periferia que utilizam da pichação e do grafite
para expressar suas emoções e sua inconformidade com o mundo que os cerca,
citando diversos skatistas, grafiteiros e pichadores conhecidos e alguns
desconhecidos do cenário Hip Hop esta música serve como uma aula de arte de rua
aqueles que ainda não são familiarizados com esta expressão artística originaria
da periferia, destaco também a musica Original Rap Nacional de autoria do grupo
de Rap do Jd da Conquista, região de São Mateus o Delinquência Periférica que utiliza de seus versos para denunciar a
podridão que ocorre na sociedade na qual vivemos, os desmandos e abusos da
policia na periferia, realizando um som de protesto e conscientização,
mostrando que dos becos e vielas da favela surgem verdadeiros monstros da
contra cultura suburbana e da arte de rua, a qualidade da gravação impressiona
ao saber que tudo feito em um minie-Studio improvisado no quarto da casa do Dj Relíquia o que nos mostra mais uma vez que nada pode
parar um artista independente afim de mostrar seu trabalho para o mundo, esta promo demo é uma verdadeira celebração do
que é Gagsta Rap Marginal em sua mais pura essência, um verdadeiro brinde aos
bate cabeças e uma porta de boas vindas aqueles que ainda não conhecem o que o
Rap Nacional tem de bom a oferecer , confiram sem medo....
A primeira vez que vi a Cerberus Attack ao
vivo, fiquei impressionado. Primeiro porque não imaginava que pudéssemos ter
uma banda com tamanha personalidade e fazendo um som autoral em pleno lado
Leste da cidade, onde o histórico de bandas cover predominava em bares e casas
de “rock” da famigerada região. Segundo porque o som viceral e cheio de energia
praticado pela banda alimentava uma cena que se fez surgir e desaparecer como
um relâmpago, mas que deixou um rastro de bandas que se formaram para
redesenhar um cenário que praticamente inexistira. O tempo passou e muita coisa
mudou, mas a Cerberus Attack continua firme e se aperfeiçoando ainda mais
dentro do tal underground. Para sabermos mais sobre os os caminhos percorridos
e quais serão os próximos passos desse destemido quarteto, falaremos com Jhon
França (guitarra e vocal) da Cerberus.
S.I. – Houve um período na Zona Leste,
mais precisamente em São Mateus e proximidades, que existia um movimento muito
intenso voltado para o som pesado. Alguns “festivais” organizados de forma
totalmente independente ajudaram a divulgar muitas bandas que surgiram naquele
período, vide “Carnificina Fest” e “Buchada de Bode”. No entanto a maioria das
bandas que participaram desse movimento já não existem mais. Nos fale um pouco
sobre esse período e sobre o que motivou a Cerberus a permanecer na ativa?
Jhon França - Primeiramente boa tarde, meu amigo Robério
e obrigado pelo convite. Esse período do Carnificina Fest e Buchada de Bode que
rolou aqui na região foi de extrema importância pra cena de música pesada
continuar de fato até hoje, não com a mesma força de antes devido a várias
bandas terem se desfeito porém, com a mesma intensidade. Fizemos muitos bons
amigos nesses festivais os quais conservamos a amizade até hoje, uma boa
observação que podemos fazer dessa época foi que muitas bandas acabaram porém,
muitas outras surgiram mantendo o mesmo ideal e o espirito de coletividade do ``it yourself``. Agora, o que tem motivado o Cerberus a continuar tocando até hoje
sem dúvida nenhuma é essa realidade injusta que fazemos parte, cada vez mais
nos levando pro fundo do poço, tirando nossos bens, implantando leis, colocando
na cabeça de nossas crianças uma cultura porca e sem fundamento. Algo deve ser
feito quanto a isso, talvez se fossemos médicos ou bombeiros salvaríamos mais
vidas, porém, nascemos com o dom da música então vamos tocar! (risos).
S.I. – Depois de algumas mudanças em seu
line up, parece que agora as coisas estão estabilizadas. De qualquer forma, uma
das formações que marcou bastante a Cerberus contava com o Renato Moulin nos
vocais. Qual foi o motivo que os levou a permanecer como quarteto? Vocês
chegaram a fazer testes para encontrar um substituto para o Renato?
Jhon França - Na época em que o Renatinho saiu da banda
eu estava fora também fazia uns dias devido a umas dificuldades que tive na
época, acho que isso deve ter sobrecarregado os caras um pouco, deve ter sido um
choque dois membros saindo ao mesmo tempo. Foi feito alguns testes com
vocalistas e tínhamos um guitarrista que entrou bem rápido chamado Felipe. Na
minha opinião o Cerberus Attack tem uma identidade sonora muito forte e esse
fato impediu um pouco para achar vocalista naquela época (mais ou menos 10
pessoas fizeram teste) e na época em que pedi pra voltar pra banda os caras
aceitaram numa boa (depois é claro de um grande sermão !! hahaha) e meu vocal
encaixou legal na banda até porque o Renatinho é minha grande influência pra
varias coisas da vida desde que eu era um pequeno Padawan do metal (risos).
Então decidimos continuar como quarteto mesmo e todos que fazem parte hoje do
Cerberus estão mais compromissados e dispostos do que nunca.
S.I – “Welcome To Destruction” e o split
com o Cranial Crusher foram duas amostras de que vocês não estavam brincando e
que as pretenções da banda iam além de “tocar por tocar”. Existe previsão para
lançamento de um “full length”?
Jhon França - Existe sim, inclusive estamos gravando, um
full intitulado “From East With Hate” que contará com 7 músicas novas e uma
regravação de um som da nossa demo de 2009. A gravação, mixagem e masterização
foi confiada a nosso brother Denis Gomes guitarrista e vocal do Furia V8 e
quando eu digo “confiada” é confiada mesmo, nada melhor do que alguém que
entenda de som pesado para gravar um disco de som pesado e ele já está a anos
nesse ramo e dessa vez irei apenas fazer parte da produção mesmo. Esse disco
vai marcar uma nova fase nossa porque as 7 músicas inéditas foram feitas com
essa formação atual (no Split ainda contávamos com composições do Renatinho). From
East With Hate está previsto para o meio do ano e estamos em contato com alguns
selos para lançamento em diversas partes do Brasil. As letras estarão mais
pesadas também acompanhando nossa realidade atual abordando coisas mais sérias
e menos fantásticas, estamos com grandes expectativas para esse lançamento!
S.I. – Aparentemente a parceria com a
Genocídio Produções vem se mostrando bastante interessante e, coincidência ou
não, o nome da Cerberus Attack vem sendo mais evidenciado entre as bandas do
underground. Nos fale a respeito dessa parceria e quais os frutos dessa união?
Jhon França - Bom, conhecemos a Lívia em um show que
fomos convidados em São Carlos, ela se mostrou bastante competente e
responsável em relação a organização do festival, logo depois nos ofereceu os
serviços de sua assessoria e aceitamos logo de cara. Ficamos muito felizes com o
resultado que essa parceria está causando e a um tempo atrás contratamos a
Metal Media como assessoria também porque acreditamos na nossa mensagem e
queremos que ela vá cada vez mais longe e liberte cada vez mais pessoas dentro
e fora do Underground.
S.I. – Já faz algum tempo vocês gravaram
um vídeo clip de “From This Prison“. O resultado final ficou muito bom. No
entanto, o YouTube vem fazendo frente a TV e inclusive determinando o
sucesso de muitos artistas pela quantidade de “Likes” e visualizações. Isso
consequentemente engessou a comunicação e interação em torno de qualquer
trabalho, pois através de um “click” o acesso é imediato a informação que
desejar. Como a banda encara essa (não tão) nova realidade em detrimento da
saudosa troca de fitas cassetes “trade tapes”?
Jhon França - Falando por mim, mesmo com todas essas
tecnologias que temos hoje em dia eu sou amante dos discos de vinil, cassetes,
vhs, e também das mídias um pouco mais “novas” (cds e dvds), coleciono até hoje
como você já sabe. Mas hoje em dia infelizmente não existe mais essa saudosa
troca de informações de você ir na casa de um amigo com uma fita “virgem” e
gravar aquele LP importado que ele acabou de comprar juntando dinheiro por um
tempão, porém, aqui em casa ainda fazemos umas seções “antigueiras” onde se
junta todo mundo pra ouvir um LP, tomar uma cerveja e ``tals``. Na minha
opinião o Youtube tem revolucionado o mercado trazendo a informação a um
clique, mas como toda ferramenta, nas mãos erradas faz um estrago tremendo pois
há muita coisa ruim nas redes sociais, não só no youtube mas facebook,
whatsapp, entre outros, Mas também há muita coisa boa na internet e muitas pessoas
bem intencionadas que se propõem a levar informação só depende de nós mesmos
agregar o melhor para o nosso desenvolvimento, hoje é bem mais fácil conhecer
uma banda, é só colocar seu nome no youtube, o que muita gente erra é achar que
isso já é o bastante e o artista trabalhou meses para gravar 10 músicas em um
cd, colocou toda sua ideologia nesse disco é conhecido por causa de uma música.
A letra da ``From This Prison`` é direcionada apenas a Rede de Televisão mesmo
(paga e gratuita), uma rede qual não termos controle nenhum e vive nos
empurrando lixo cultural e uma série de informações duvidosas que nos faz
pensar que o país está falido e precisamos vender nossos recursos para o
exterior a preço de banana. Isso me revolta um pouco.
S.I. – sabemos que viver de musica é algo
praticamente impossível em nosso país. Como os integrantes da Cerberus lidam
com essa realidade, já que todos possuem família constituída e
responsabilidades fora da música?
Jhon França - Nós do Cerberus Attack desde o começo
quando entrei na banda já conversávamos sobre isso e chegamos à conclusão que
hoje em dia realmente aqui no Brasil não dá pra viver de Thrash Metal, por
tanto a intenção sempre foi espalhar nossa mensagem para o maior número de
pessoas possível até um dia quem sabe sermos reconhecidos por alguma gravadora
europeia que queira nos produzir já que lá é o mercado do Thrash, mas por
enquanto iremos seguir com nossos trabalhos do cotidiano, compor cada vez mais
e tentar tocar cada vez em mais lugares.
S.I. – conhecendo um pouco de cada
integrante podemos perceber a enorme variedades de estilos que os influência
individualmente. Podemos perceber desde o Thrash “Old School”, passando pelo
Punk e Hardcore até coisas mais descaradamente Pop. Como é conduzido o processo
de criação na banda, levando em conta essa gama de influências?
Jhon França - Caro amigo, nossas influências vão muito
além disso mesmo (risos), porém, no período em que estamos compondo procuramos
ouvir mais bandas de heavy, thrash, punk e hardcore mesmo para que a parte
musical não perca muito em essência. Já na parte de composição das letras não
paro em meu local de descanso e escrevo. No meu caso são escritas em quanto
estou viajando, pegando um ônibus ou em uma fila qualquer, porque descansando não
sinto verdade no que escrevo, tenho que estar vivendo aquilo, vivendo aquela
revolta e nessas horas sempre estou ouvindo alguma coisa diferente como grupos
de rap, discos de pop dos anos 80, bandas alternativas, em fim. Tudo aquilo que
toca meu coração musicalmente é válido, acho que isso é uma características que
divido com meus companheiros de banda, principalmente com o Maskote. Não existe
barreiras na musica.
S.I. – No próximo dia 19 vocês dividirão o
palco com Blasthrash e Comando Nuclear, duas das mais respeitadas bandas do
cenário Heavy/ Thrash de São Paulo tendo respectivamente em seus currículos a
oportunidade de ter tocado com lendas como Tankard e Possessed. Muito se fala
sobre união no Underground, mas realmente existe essa união entre as bandas?
Jhon França - Cara, entre as bandas acredito que sim,
por conta de uns e outros acabamos separados em pequenos grupos, assim como em
toda comunidade há inimizades, não digo da parte do Cerberus, tentamos nos unir
com a cena do thrash o máximo possível agregando o maior número de bandas e
fazemos sempre bons amigos por onde quer que passemos, inclusive o Diego do
Blasthrash se tornou um grande amigo nosso em um evento em que tocamos juntos e
quando ele nos convidou pra este festival nós ficamos muito gratos pelo
reconhecimento, esperamos dividir palco com essas bandas no futuro também.
S.I. – Jhon, para finalizar, gostaria
muito de agradecer em nome do Salada Itinerante sua colaboração e dizer que
temos imensa satisfação em divulgar qualquer tipo de expressão artística, seja
ela do mainstream ou underground. Mais uma vez obrigado e, por favor deixe suas
considerações finais e qualquer informação que julgar relevante sobre a
Cerberus Attack.
Jhon França - Queria agradecer em nome da banda a você
Robério pela consideração e o convite e espero que esta entrevista ajude o
leitor a entender um pouco mais por trás do som pesado e agressivo do Cerberus
Attack. Gostaria de agradecer também todo mundo que nos apoia e está presente
nos shows desde 2008 e dizer que logo estaremos com disco novo dedicado a todos
que nos ajudaram e um videoclipe também, muito obrigado!
Quando ``Juventude Transviada´´, impulsionada pela sua inclusão na trilha sonora da novela ``Pecado Capital´´, estourou no Brasil inteiro e colocou Luiz Melodia sob os holofotes da fama, ele assustou-se. Sem disposição para lidar com as imposições da vida de estrela, decidiu fugir para a Bahia para repensar seus caminhos. Lá, caiu no desbunde, conheceu Jane Reis, que tornou-se sua segunda esposa e compôs as musicas que integrariam seu terceiro disco: uma obra dedicada aos marginalizados, uma reflexão do seu papel de artista e do mundo. O baudelairiano ``Mico de Circo´´.
Posando de jeans e óculos escuros num estilo que
mistura Taj Mahal (bluesman americano, ídolo do artista cujo um dos filhos
chama-se Mahal) e a bandidagem do Morro do São Carlos e envolto numa aura (ou
sombra?) branca, a capa traz apenas "Luiz Melodia" estampado. É na
contracapa, onde o artista aparece com uma espécie de túnica branca igual ao
que o envolve na foto da capa, que aparece o título "Mico de Circo",
uma referência ao bandido Mico Sul, cria do mesmo morro que Melodia, e à
condição do cantor enquanto artista, enquanto peça de uma engrenagem. Cada qual
com seu papel e seu lugar. Cada qual marginal de um jeito. No encarte o aviso,
o disco é um tributo. E segue-se uma lista que mistura nomes de bandidos do São
Carlos (Caveirinha, Cara de Cavalo, etc.), com artistas "marginais"
(Torquato Neto, Helio Oiticica), amigos do morro e artistas (Roberto Carlos,
Jamelão, Angela Maria), esportistas (Garrincha, Roberto Dinamite) e até
políticos (Getúlio Vargas) que representavam a alegria e a esperança desse
mundo "apartheideado" da cidade. Com os metais da Orquestra Tabajara, o disco começa
cheio de ironia. "A voz do morro" de Zé Ketti - trilha sonora do
filme de Nelson Pereira dos Santos (que também está na lista de homenageados),
Rio 40 graus (cuja trama, assim como o disco em questão, girava de um Rio de
Janeiro dividido entre morro e cidade) - gravada por sugestão do seu mentor
Wally Salomão, abre o disco como uma resposta aos críticos e diretores
artísticos que não se conformavam com um negro vindo do morro não querer seguir
a regra mercadologicamente estabelecida e se profissionalizar como sambista.
"Eu sou o samba, a voz do morro sou eu mesmo, sim senhor", canta
cheio de deboche e em formato de gafieira a Melodia de um Brasil feliz. Sai a
Orquestra Tabajara e entra em cena os metais da Oberdan Magalhães e o balanço
magistral da Banda Black Rio dando formato a beleza de "Onde o Sol bate e
se firma", canção típica do compositor Melodia em que ele flana pela
cidade sem juízo, não se reconhecendo como parte dela. "Estou em torno da
cidade (...) os transeuntes me agitam, me perco sobre a multidão(...)" .
Em seguida aparece "Presente Cotidiano", que havia tido problemas com
a censura cinco anos antes, quando foi gravada por Gal Costa, e só escapou da
censura total que havia sido lhe imposta e conseguiu entrar no disco
"Índia", sob a condição de ter sua letra modificada e não ser
apresentada em público nem executada nos meios de comunicação de massa. Enfim
totalmente liberada, nessa gravação, o criador canta a sua criação como
imaginou e o "Tá tão assim", que Gal foi forçada a cantar, finalmente
é substituído pelo "Tá tão ruim" que os censores impediram de ser
dito. "Quem vai querer comprar banana? Quem vai querer comprar a
lama?", pergunta o cantor, em meio ao funk batucado da Black Rio, com a
sua divisão rítmica que confundiu inclusive o maestro Arthur Verocai. "Vou
caminhar um pouco mais atrás da rua.", conclui a letra no mesmo espírito
flaneur da faixa anterior e que permanecerá por todo o disco. "Giros de
sonho", vem no clima blueseiro, com belos vocais femininos, arranjados por
Perinho Santana, emoldurando o belo e marcante canto de Melô e uma letra que,
assim como "Pérola Negra", "Juventude Transviada" e outras,
tem sua inspiração em alguma ex-namorada do cantor. Samba funk em alta voltagem
da Back Rio é a vez de "O morro não engana", parceria do compositor
com o também parceiro de peladas Ricardo Augusto e que no mesmo ano ganhou uma
gravação no disco de estréia de Zezé Mota, aparecer, com violões, teclados,
sopros e a pulsação do baixo de Jamil Jones, para encerrar o primeiro lado do
disco cheio de suingue. "Morro do medo, morro do sono, morro do sonho,
morro no asfalto", canta a voz do morro num esperto jogo de palavras
("Pobre de mim, pobre de nada"), bem típico de suas incompreendidas
letras. O piano de João Donato, parceria que depois se repetiu em outros
discos, dá o tom e "Mulato latino", primeira de muitas músicas que
ele gravaria do compositor Papa Kid, entra em cena cheia de latinidade com um
belo trabalho percussivo, além do brilhantismo dos vocais do cantor. "Bata
com a cabeça" aparece como um recado ameaçador aos seus
detratores("Quem falar por mim/ que ao menos apareça porque vai dançar,
onde for/bata com a cabeça") num soul nervoso, que é também o
primeiro registro fonográfico da guitarra de Victor Biglione, com um arranjo
brilhante de Marcio Montarroyos. Em "Falando de pobreza" a guitarra
de Perinho Santana dá o tom para uma letra do compositor Tureko que, cheia de
angústia, soa irônica e questionadora dos valores e convenções culturais
vigentes ("Falando de pobreza sem ser triste, falando de tristeza sem ser
pobre, ah, há quanto tempo? ah, quanto custa hoje em dia?"). "Solando
no tempo" traz os belos sopros de Oberdan e a voz de veludo do cantor no
seu melhor estilo, que tanto influenciaria nossos roqueiros-blueseiros-mpbistas
como Cazuza e Cássia Eller, enquanto "Fadas", canção que anos depois
viria a se tornar um clássico no seu repertório, fecha o trabalho de forma
magistral. Com, o então "A Cor do Som", Armandinho já demonstrando o
talento para chorinhos que depois marcaria sua carreira, Melodia passeia por
uma letra cheia da dubiedade característica da sua forma de se expressar.A voz
poética de "Onde o Sol bate se firma" com um toque de sonhar sozinho
sai em qualquer direção. "De passo-a-passo passo", conclui de forma
magistral seu passeio pela cidade dividida. A voz marginalizada agora é poeta.
Como num passe de mágica. Num conto de fadas. Mas continua cego e sem direção.
Sem juízo. A capa e a contracapa. Produzido por Guto Graça Mello e lançado pela Som
Livre, "Mico de Circo" teve um lançamento inusitado nas ruas de
Salvador, com Melodia e Wally Salomão desfilando pelas ruas da cidade numa
charrete até o Mercado Sete Portas onde foi distribuído um grande almoço. O
artista justificou o lançamento nas ruas dizendo que são nelas que os
marginais, os homenageados do disco, se encontram. O disco teve críticas
positivas, mas não teve o mesmo trabalho de divulgação nem o mesmo exito
comercial dos anteriores (embora mantenha o mesmo padrão de qualidade). As
dificuldades de relacionamento de Melodia com os esquemas da gravadora e o show
business começavam a tomar maiores proporções. Começava aí a fama de maldito
que acabaria virando uma marca. Depois desse trabalho, sairia da Som Livre e
entraria num troca-troca de gravadoras que marcaria sua difícil década de 80
até um retorno triunfal nos anos 90. "Mico de circo" é o fim de um
ciclo. Um fechamento que conclui em alto nível a trilogia que marca a genial primeira
fase da carreira de um dos mais completos artistas da música brasileira da
geração pós tropicália.
Em se tratando de grandes realizadores da sétima arte, podemos dizer que o Brasil possui ótimos nomes e, sem medo de errar, pelo menos uma dezena deles não faria feio em qualquer outra parte do mundo em que ousassem desbravar. Um caso em especial chama a atenção, pois apesar de ser argentino de nascimento, escolheu o Brasil como sua pátria, e vem desde o seu primeiro trabalho enriquecendo ainda mais o acervo cinematográfico de nosso país.
Falo de Hector Babenco, que produziu desde trabalhos grandiosos como “Carandiru” e “Brincando nos Campos Do Senhor” a outros de cunho mais intimistas como “Coração Iluminado” e “O Beijo da Mulher Aranha”.
Entre os trabalhos de Babenco, um que possui enorme destaque, inclusive internacional é “Pixote – A Lei Do Mais Fraco”, que aborda uma realidade tida como crônica em nosso país até os dias de hoje. O filme é cheio de cenas antológicas e não poupa o espectador de momentos fortes - e muitos desses momentos são vividos de forma peculiar por Fernando Ramos da Silva, que dá vida ao personagem do título. Curiosidade que vale frisar é que Babenco se utilizou de vários atores não profissionais (Fernando é um deles), misturados a outros já com muito prestígio e reconhecimento na TV, cinema e teatro(Jardel Filho, Marilia Pera e Toni Tornado).
O diretor já evidência de início o que nos espera em uma espécie de “prefácio realista e contestador”, onde faz um rápido discurso utilizando de pano de fundo a própria realidade (nua e crua), onde vivem os personagens retratados no filme.
Naquela época ainda vivíamos em regime autoritário em que as expressões artísticas eram pautadas por uma censura escancarada. Mas Podemos afirmar com toda certeza que hoje a maioria das cenas apresentadas no filme, seriam sumariamente “limadas” em nome de uma moral sustentada por uma hipocrisia sem precedentes(mesmo não havendo uma censura declarada). E são exatamente essas cenas, contidas em abundância na Pelicula, que enriquecem a fita e dão o tom poético necessário para se atingir o “status” de obra de arte. A “liberdade” nesse processo é tida como o grande condutor, pois uma das mais emblemáticas cenas, onde Sueli (Marilia Pera), amamenta Pixote e depois o rejeita, é uma das mais fortes e belas expressões artísticas já vista no cinema.
Na realidade o que o diretor fez, foi pegar a difícil realidade vivida por aqueles garotos e dar cores cinematográficas, não com o intuito de deixá-la mais aceitável, mas para evidenciar ainda mais a sensação de impotência/ indiferença por parte de nossa sociedade.
O sonho de muitos é colocar uma mochila nas costas,sair por ai pelas rodovias e br's do país e do continente pedindo carona e viajando com seus instrumentos nas costas, parece brincadeira ou a realização de algum poeta ou músico sonhador, porém eis aqui uma prova viva de que isso é realmente possível e esta ao nosso alcance.Fundada no final de 2013 a Duo Band, Blatta Knup composta por Helo Lolx (Bateria e Voz) que participava de um projeto musical chamado Uterus Libres e Gustavo "Merdinha" (Baixo e Vocais) Ex-Vocalista da banda de Hardcore/D-beat paulista Dischaos, o Blatta Knup pratica exatamente este tipo de filosofia, pedindo carona de rodovia em rodovia e se hospedando e até mesmo morando em algumas ocupações do pais os dois provam que é possível construir sua autonomia aos poucos e ainda realizar diversos shows em cada uma das cidades que passam, a banda foi montada com iniciativa de praticar o estilo de vida nômade e conviver e resistir em ocupações e Squats pelo brasil e pela América do sul afora, praticando um som totalmente voltado ao Anarcopunk com uma musicalidade Hardcore/Punk e influencia direta de diversos Subgêneros que integram o punk tais como D-beat/Crust/Noise, a sonoridade da banda se assemelha e é bastante influenciada por bandas de Hardcore do inicio dos anos 80 tais como Crass,Doom,Discharge,Anti-cimex , dentre outras porém pelo fato de mesclar vocais rasgados,gritados com linhas de vocais mais limpas e intercalar com guturais a bandas rompe em diversas formas com suas influencias e consegue fazer um som com características e identidade própria fungindo de eventuais comparações e mostrando ao mundo a que veio,após alguns shows por diversas cidades dos pais em 2015 eles lançaram seu primeiro Cd demo que leva o nome da banda, no mesmo ano lançaram também um Split Cd ao lado da banda Punk Argentina Progrecidio.
Atualmente a Blatta Knup se prepara para uma turnê por que passará por São Paulo,Rio de Janeiro e Minas Gerais durante os messes de Abril e Maio,a seguir vemos um pouco das ideias e experiencias desta banda.
1-(Salada
Itinerante) O Blatta Knup Recentemente realizou uma Mini-Tour pela Argentina,
passando por algumas cidades e locais do pais, como foi esta mini tour e como vocês
viram a cenário Punk e Anarco-Punk Argentino? Quais as bandas mais apoiaram vocês
durante esta Mini-Turne?
1-(Blatta Knup) A mini tour foi incrível,primeira experiencia
do Blatta fora do território dominado pelo estado brasileiro.A galera de la que
esta ativa, na movida anarco punk é muito massa,altas
correrias,feiras,tocadas,okupas...
Em Córdoba tem uma movida queer punx muito forte,que
nos identificamos "afuuu"... recebemos apoio principalmente de indivíduos,mas vale
a pena destacar essas bandas que compartilhamos momentos,espaços e ideias:
Progrecidio(que temos um split),Desobediência Civil,Anti-social club(que
convidamos para lançar algo juntos no futuro!)
2-(Salada
Itinerante) A banda foca bastante na questão Squatter punk , muitos punks
apenas superficialmente carregam esta bandeira de ocupação e resistência , já vocês vivem em squatts e produzem matérias,ideias e eventos em squatts como vocês veem esta galera que apenas
vive de aparecias usando o punk e a ocupação apenas pra se promover musicalmente?
2-(Blatta Knup)Então,sei la,cada um tem seu corre e fala o
que fala,sente...
Botamos fé que tem uma galera que não vive em
okupa mas se identifica "afuu" com o role...cada um tem suas limitações também e a
questão okupa não é muito forte aqui no brasil enquanto outros lugares. Ninguém é
melhor por estar nessa vivencia okupa,como que cada um vive como pode...nos
colocamos nas canções o que vivemos e sentimos,a gente fala sobre a nossa
realidade e nossa luta!Sem hierarquias y méritos!
3-(Salada
Itinerante) Como surgiu o nome e a ideia para a banda e por que Blatta Knup?
3-(Helo) Blatta é barata em latim(uma brincadeira com
esse idioma usado muito pela igreja que serve de referencia para a linguá e
tals...) knup é punk ao contrario(porque somos punx`s)..barata porque elas são
fodas,cosmopolitas,estão em todas os lugares,vivem dos restos e resistem de
muitas maneiras..nos identificamos com isso..digamos esse modo de sobreviver!
Gustavo fazia parte da Dischaos y eu (helo)
tinha um projeto Uterus Libres,começamos a dar role juntxs e penamos em criar
algo sobre nos,sobre o que vivemos y sentimos...foi isso...
4-(Salada
Itinerante) Como foi gravado o cd de vocês , qual foi o espaço utilizado como
estúdio e quais os selos que lançaram
este primeiro material? Como esta sendo a recepção do publico durante os shows quanto ao cd de estreia de vocês ?
4-(Blatta Knup) Fizemos a gravação ao vivo no Estúdio Bokada
em Pelotas/RS, é nosso primeiro material lançado(selos: Mangueio Distro/PB,
Ediciones Piratas/Buenos Aires, Gritos de Revolta/SP, Crust or Die/BA e Anarco
punk distro/Peru), com esta mesma gravação lançamos um SPLIT com
Progrecidio(Argentina).....a galera tem nos fortalecido muito já que somos D.IY.
e toda a grana é pra produzir mais material do Blatta e de difusão anarquista)
5-(Salada
Itinerante) Vocês praticam um som muito direto,bem cru e sem muitas firulas procurando passar
assim as ideias anarquistas,anti-propriedade e anti-machistas , quais as
principais influencias de vocês tanto musicalmente falando quanto
ideologicamente? Quais as bandas e músicos que ultimamente vocês vem ouvindo e
quais os autores que vocês tem lido ultimamente ?
5-(Blatta Knup)Todas nossas influencias são tanto musicais
quanto politicas vou citar algumas e provavelmente esquecer muitas (Ódio,
Homomilitia, Amor Protesto y Ódio, Abuso Sonoro, Operação 81, Bulimia,
Warvictimis, Warcry, Crass(claro), Rape Revenge, Enlamados Enkardidos, entre
outras mil bandas).
5-(Gustavo) Pra dizer a verdade ultimamente tenho
escuta muito mais gothic music, do que musica Punk e isso tem me influenciado
nas novas musicas do Blatta também, na leitura vou só citar o ultimo livro e o
ultimo zine que li (Dias de Guerra, Noites de Amor e o zine Semeando a Revolta)
5-(Helo) Eu tenho
escutado muito G.L.O.S.S,Slouch,le tigre,Bikini Kill,Behing Enemy lies,Aus Rotten,Sookee,Anti-Corpos,Tribe 8,Antiproduct.....enfim.. leitura? Beatriz Preciado,dentre vários zines queer`s da galera!
6-(Salada
Itinerante) Atualmente vocês estão residindo em uma ocupa no Rio Grande do Sul, historicamente o Sul do País já possui alguns casos de repressão a ocupações e
espaços anarquistas promovidos por Skinheads e por forças do Estado , como vocês veem estes episódios e já ocorreu algum ato
contra este espaço ? Como é o convívio dos punks com a comunidade local ?
6-(Blatta Knup) Ocupação sempre é um problema, mas normalmente
nossos problemas são com os longos braços armados do estado(policia). Estes
atos ocorridos tanto por alguns “Punks”(Oi, Nihil etc.) quanto pelos nazis é de
se esperar em qualquer local que se auto proclame anarquista ou anarco punk,
isto nos da mais gana de resistir e continuar....No local onde vivemos temos um
bom contato tanto com a comunidade da favela onde periodicamente construímos
vivencias e eventos, quanto com outras ocupas que nos solidarizamos e criamos
uma vivencia onde o espaço não nos limita, nos somos com as pessoas que temos
afinidades de okupas.
7-(Salada
Itinerante) Muitos punks tem a visão de que não existe de fato um movimento
punk encaram apenas como um "Role passageiro" como vocês veem estas
ideias e como encaram este tipo de "Pseudo Punks" ?
7-(Gustavo)Pouco a pouco a estética do punk foi sendo cooptada pela mídia e pela moda , hoje podemos ver jaquetas cheias de patch sendo vendidas em galerias do rock da vida , tirando toda ideia do punk que seria o faça você mesmo , tanto no visu quando na ideologia como vocês veem esta apropriação das ideias punks sendo feita pelas lojas. Temos que continuar a fazer nós mesmos e sempre criar coisas novas, pois o capital sempre vai se apropriar das nossas criações.
7-(Helo) meu ,isso é
o que o capitalismo faz com tudo,se apropria e coisifica!foda c o que eles
vendem,a gente faz pra nos e por nos! boikote da pra fazer,mas igual eu to
cagando pra essa merda toda,a gente sabe quem corre do nosso lado!
8-(Salada
Itinerante) Quais os próximos objetivos do Baltta Knup?
8-(Blatta Knup) Bom,se "pah" fazer uns sons novos,mais
barulhentos,não sei,gravar um vídeo clip..
9-(Salada
Itinerante) Deixem uma mensagem pra galera que curte o som de vocês , e também para quem não conhece o Blatta Knup , como fariam para achar o som de vocês enfim entrarem em contato ?
9-(Blatta Knup)"Meeeuuu",valeu todos que curtem nosso som,é tudo
pra nos! Bom saber que tem uma galera que se identifica com o que a gente
canta/vive! Bora compartilhar!!!
A gente tem a page no facelixo Blatta Knup
E tem também o bandcamp,onde ta a demo disponível
pra download!
(Obs) Nota do editor , algumas gírias e linguajares da contra cultura anarco punk foram mantidas para preservar a autenticidade da entrevista , abaixo elaboramos um sumario com os significados das respectivas gírias.
Sumario de gírias
afuuu = afundo Ex , conhecer ou compreender "afuu" conhecer ou compreender afundo.
hierarquias y méritos = em diversos países é utilizado o y no lugar do e quando junta-se duas palavras, principalmente quando se fala em espanhol ou castelhano, como diversos punks convivem diariamente com outros punks latino americanos existiu-se a necessidade de utilizar o y no lugar do e para aproximar as culturas e romper com as barreiras que as diferentes línguas impõem
Okupação = diversas palavras com sonoridade de k porém que pela norma culta do português usam c são substitutivas por k dentro da contra cultura punk com o intuito de romper com as barreiras da norma de escrita padrão.
Punx = plural de punk criado pelos próprios punks para denominar quando se refere aos punks em geral ao invés de utilizar o s utiliza-se o x.
Em meio a repressão imposta pela ditadura militar no Brasil, restou aos jovens rebeldes duas formas de expressão: ou embarcar na aventura salvacionista de esquerda e tentar combater frontalmente, com desigualdade brutal de forças, o aparato repressor do Estado ou desafia-lo de forma individual e anárquica (à maneira como vinha procedendo uma boa parte dos rebeldes do mundo inteiro ao estabelishment tecnológico), colocando-se pessoalmente contra os valores e a
tradição da velha sociedade, derrubando tabus, reavaliando a importância da
família consanguínea, questionando o trabalhismo vigente, fazendo uso de
cannabis e LSD (se o sistema conseguia se impor no controle da realidade, não
conseguiria controlar as mentes individualmente), se aproximando da filosofia
oriental e mantendo uma vida totalmente oposta à que pregava o sistema. E os
Novos Baianos foram os grandes porta-vozes musicais da galera que optou pelo
segundo caminho. Unidos pelo tropicalista Tom Zé, o trio formado
pela dupla de compositores Luiz Galvão (letrista e coordenador artístico da
banda. Foi para ele que o tradicional empresário Marcos Lázaro, sem conseguir
compreender seu papel na banda, lançou o famoso: “mas nem um pandeirinho?”) e
Moraes Moreira e o talentoso vocalista Paulinho Boca de Cantor, logo se juntou
à niteroiense, então aspirante à atriz, Baby Consuelo e ao grupo baiano Leif’s
(composto pelos irmãos Pepeu e Jorginho Gomes e pelo baixista Dadi), para
montar o anárquico espetáculo “O Desembarque dos Bichos no Dia do Juízo”, que
causou frisson e admiração em Salvador, e com a cuca cheia de músicas e ideias
partir para o centro São Paulo/Rio de Janeiro. Logo caíram nas graças do
produtor João Araújo e entraram nos estúdios da RGE para gravar seu primeiro
disco, o histórico “É ferro na boneca!”. Mostrando logo a que veio, o disco
abre com a poderosa faixa-título, um sucesso imediato que apresenta ao Brasil a
poderosa guitarra de Pepeu Gomes numa genial letra de Galvão que mistura
linguagem de quadrinhos com o concretismo de Pignatari e até bordão de
radialista esportivo. Sucesso imediato! Ganhando as rádios e levando a banda
tanto para programas populares como os de Hebe Camargo e Chacrinha quanto para
programas “cabeça” como o de Fernando Faro, a música proporcionou o desembarque
musical dos “Os Novos Bahianos” (nessa época era esta a grafia que usavam) na
mainstream nacional. De saída para o exílio, Caetano Veloso deu sua aprovação
em forma de dica cheia de sentidos: “Enquanto nós cantarmos, ferro na boneca.
Ferro na boneca. Mesmo que não dê em nada, eu quero seus lábios abertos numa
sugesta geral.” “Eu de adjetivos” vem em seguida, num clima de psicodelia
total, fazendo a ponte direta entre Haight-Ashbury com Arembepe e Ipanema.
“Outro mambo, outro mundo” aparece na “velocidade fuga, na velocidade da pulga”
e com um delicioso portunhol de Paulinho Boca. “Colégio de Aplicação”, música
nascida durante um ensaio do “Desembarque dos Bichos...” e conduzida pelo
marcante violão de Moraes, é uma típica canção do final dos anos 60,
homenageando um colégio de Salvador, famoso por ter as melhores cabeças jovens
e as moças mais bonitas (“No céu, azul,azul fumaça, uma nova raça/Saindo dos
prédios para as praças, uma nova raça).”A casca de banana que eu pisei” é um
xote estradeiro com clima de "viagem" de ônibus pela Rio/Bahia e
citações ao prestigiado maestro baiano Carlos Lacerda, o governador dos
teclados e ao sambista Riachão. “Dona Nita e Dona Helena” é um rock cantado por
Moraes, que tem como título o nome de sua mãe e da de Galvão, e ganha força com
a orquestração do maestro Chiquinho de Moraes. Som de caixinha de música e
entra em cena “Se eu quiser compro flores”, música que integrou a trilha do
clássico filme marginal/desbunde brasileiro “Meteorango Kid” (estrelado por
Lula Martins que anos depois faria a capa do estonteante “Acabou Chorare”), com
mais psicodelia tropicalista e referências a viagens espaciais de todos os
tipos recheadas com teclados e guitarras. “E o samba me traiu” mostra que o
samba já estava no radar da banda mesmo antes de serem “convertidos” por João
Gilberto. Aqui o destaque é mais uma vez os arranjos de Chiquinho de Moraes
(orquestrações essas que foram ideia do atuante produtor João Araújo que
praticamente criou oi disco junto com a banda). “Baby Consuelo” , mostra mais
uma vez a influência do tropicalismo nesse momento do grupo e homenageia a
futura grande estrela da banda que mal aparece neste Lp de estreia. Aliás, se
este álbum tem uma grande falha, essa é o pequeno espaço dado para a voz de
Baby. “Tangolete”, que mais tarde seria regravada pela banda em outra roupagem
no também fantástico “Vamos pro mundo”, é um tango com mais uma divertida letra
de Galvão (“E os bêbados calem a boca, não quero rimas de amor.”) e uma
interpretação impecável de Paulinho Boca que nos remete aos cabarés baianos. No
início uma homenagem ao amigo Gastão e ao maestro Hector Lenha Fietta. Que faz
da sua maravilhosa orquestração um dos destaques dessa bela gravação. “Curto de
véu e grinalda” é rock n’roll com Baby Consuelo mostrando a força de seus vocais,
a beleza de sua voz e questionando os valores do casamento religioso. Uma das
grandes sacadas dessa letra é o uso do termo “senhoros e senhoras” (que
foneticamente resulta em “sem ouros e sem horas”). Mais um golaço! Em
“Juventude sexta e sábado”,além do talento fora do comum de Galvão como
letrista, o baixo de Dadi aparece exuberante, como em “Ferro na Boneca”,
mostrando para os ouvidos mais espertos que um dos grandes baixistas do país
estava despontando. “De vera” (vera anagrama de erva), mais um sucesso desse
início de carreira, encerra o Lp com o “Leif’s” brilhando mais uma vez. Em
versão diferente da apresentada no decadente V Festival de Música Brasileira da
Record (1969), onde foram proibidas as guitarras elétricas (!), essa gravação
traz o swing da bateria de Jorginho e a guitarra de Pepeu colorindo esse rock
malandro com cara de Brasil bem característico do grupo. “Salve-se quem puder. O negócio é música. A Bahia
não pode parar”, dizia o texto de Augusto de Campos na contracapa do disco. E
não pararam. Depois dessa estreia retumbante, mudaram a grafia do nome,
anexaram oficialmente os "Leif's" Pepeu, Jorginho e Dadi como membros
do grupo, colecionaram prisões, aprenderam o silêncio com João Gilberto,
gravaram mais quatro estupendos Lps - três deles obrigatórios em qualquer
antologia/coleção de respeito que inclua música brasileira - e caíram nas
armadilhas mercadológicas, terminando desfalcados e como uma caricatura do que
um dia foram. Mas foi com esse Lp de estréia que a geração baseada descobriu
sua trilha sonora. E a música brasileira viu nascer uma de suas mais geniais e
criativas bandas. (Texto: Leandro L. Rodrigues)
Normalmente a programação oferecida pela TV aberta é sofrível. Muito assistencialismo, exploração da miséria alheia e babação de ovo sem precedente – normalmente maquiada de homenagem ou reconhecimento de um talento que na maioria das vezes é inexistente.
Inebriado pelo tédio e sem nada melhor para fazer, resolvi assistir ao tal “The Voice Brasil Kids”- motivo de alvoroço e comoção por parte de uma audiência já acostumada a esse tipo de “produto”.
O esquema é quase o mesmo da pavorosa versão adulta, que conta com o apresentador Tiago Leifert e um grupo de jurados tão questionável quanto o da versão para marmanjos. Formada por Carlinhos Brown (responsável pelos já famosos momentos “presepada”), Ivete Sangalo (no lugar da sua eterna imitadora – Claudia Leite) e Victor e Léo (curiosamente as escolhas da dupla compreendem somente um voto. Porque será?!). Junte tudo isso e terá o que há de pior entre os ditos programas de auditório e que hoje são conhecidos como “reality”- piadas sem graça, avaliações altamente superficiais e uma preocupação excessiva em mostrar empatia com o que os participantes (calouros!), apresentam no palco.
E realmente dá vontade de chorar quando os jurados fazem “caras e bocas”, tão em voga para afirmar que estão entre os politicamente corretos. O esquema é dos mais lamentáveis e o “Reality” é mais um amontoado de baboseiras e gente sem o menor fragmento de personalidade. Por fim, nesse jogo de cartas marcadas, imperam somente as figurinhas que vencem o programa (por algumas semanas), e depois inevitavelmente submergem na total indiferença de um público boçal já ocupado em digerir qualquer outra “novidade”.
Banda:Old Funereal Álbum:Velho,Frio e Mal Nacionalidade:Brasil Gênero:Black Metal Gravadora:Independente Ano: 2015 Nota:8.0 Track List: 1.Maldito Deus Hebreu 2.O Puro Gelo,A pura Escuridão 3.Deuses 4.Belial Príncipe da Morte 5.Tormento 6.Anjo Caído
Old Funereal é uma banda de Black Metal Old School da cidade de Boa Vista-Roraima,fundada em meados de 2008.No final de 2015 a banda lançou seu segundo trabalho de estúdio a Demo Ep intitulado,"Velho,Frio e Mal" ,o grupo é Formado por Belilith San (Vocals),Lusbel(Guitarra),Sephiroth (Baixo),Taylork (Bateria).O quarteto nos apresenta em seu primeiro trabalho uma sonoridade totalmente Old School, gélida e morbida nos remetendo aos primórdios anos do metal das trevas, com claras influencias de bandas como Bathory,Sodom (Antigo),Possesed ,Venom,Slayer (Antigo),Celtic Frost e Hellhammer; tudo neste trabalho soa Old School, sendo sincero de coração, não como uma simples copia do passado soando forçado,aqui tudo é verdadeiramente anos 80, desde a capa com um desenho de um demônio isolado em um caverna congelada, até os riffs,a levada da bateria,o vocais rasgados e cantados em português o que da uma autenticidade a mais no trabalho, o que temos aqui é uma banda que se propõe a fazer black metal em português em sua forma mais crua e nefasta, agradará os fãs do estilo logo de cara desde os mais radicais até os mais flexíveis,dentre as músicas que destaco neste trabalho estão "Belial Príncipe da Morte" com uma levada mais cadenciada,riffs pesados e solo de guitarra mórbido e contagiante dificilmente um Banger que se preze ouvira este som sem balançar a cuca ao menos algumas vezes; outra musica que me chamou bastante atenção foi "Tormento" com uma pegada abusurbamente pesada e rápida, bateria em uma velocidade incrível conduzindo em ritmo frenético os demais instrumentos, riffs gélidos,rápidos e frios marcam esta musica que faz um ode aos Stage dives e Mosh Pits.
Se você curte Metal em sua essência mais rustica,direta e verdadeira, eis aqui um belo banquete para seus ouvidos,recomendadíssimo para todos aqueles que querem ouvir algo dentro do Black Metal que foge dos moldes atuais que o gênero prega.
Formação atual Belilith San (Vocals) Lusbel(Guitarra) Sephiroth (Baixo) Taylork (Bateria)
Cartola é uma das maiores lendas da MPB. Sambista de talento, na ativa desde 1928, participando inclusive dos primórdios do que depois se tornou a Estação Primeira de Mangueira, da qual ele foi membro fundador e compositor, só teve a oportunidade de gravar um disco em 1974 aos 66 anos, e mesmo assim por uma gravadora independente, a Discos Marcus Pereira .Até então, passara a
vida alternando momentos de relativo respeito e notoriedade como compositor -
integrou, ao lado de Pixinguinha e Donga, entre outros, o famoso grupo
convocado por Villa-Lobos para gravar música brasileira a bordo do navio
Uruguai, teve sambas de enredo campeões no carnaval, vendeu músicas a troco de
nada para artistas que subiam o morro para comprar composições e apresentou
programas na rádio - com tempos difíceis de biscates e subempregos - foi
aprendiz de tipógrafo, pedreiro (profissão onde ganhou o apelido que o
acompanhou por toda vida), zelador, guardador de carros, etc. Redescoberto por
Stanislaw Ponte Preta, no final dos anos 50, dizia a lenda (uma das tantas!)
que havia morrido, virou dono de restaurante, o tão falado “Zicartola” (que
segundo consta, foi à falência devido à falta de talento do generoso artista
como comerciante), foi regravado por Elizeth Cardoso e Nara Leão, reconquistou
o prestígio e passou a ser objeto de culto dos estudantes politizados dos anos
60. Só por conter seus dois maiores clássicos, “O mundo é um moinho” e “As
rosas não falam”, seu segundo álbum, gravado em 1976, já poderia ser
considerado um marco na música brasileira. Mas ele tinha ainda mais. Muito
mais... Com a famosa capa do cantor com sua esposa Dona
Zica na janela de casa no Morro da Mangueira (casa essa que se tornou lendária
por atrair a visita de artistas, jornalistas e intelectuais que partiam em
peregrinação ao morro a procura do artista, o que o levou a se mudar da
Mangueira anos mais tarde), um conjunto de músicos que reunia Garoto, Altamiro
Carrilho, Guinga, Elton Medeiros, entre outros e arranjos de Dino 7 cordas,
Cartola 1976 (ou Cartola II, como preferem alguns, ou simplesmente Cartola da
janela, como chamam outros) traz o compositor no auge da forma. “O mundo é um
moinho” abre o disco com a flauta de Altamiro e o violão de Guinga emoldurando
uma das mais tristes e desesperançadas letras do cancioneiro nacional (“De cada
amor tu herdarás só o cinismo, quando notares estás à beira de um abismo...”)
cantada na divina voz de seu criador e transformando-se em clássico absoluto. O
motivo da canção, que depois receberia regravações marcantes de Ney Matogrosso
e Cazuza, também é cercado de lendas, a única coisa certa é que foi composta
para a filha de criação do compositor. Na sequencia vem “Minha”, com cuíca,
reco-reco, tamborim, trombone, surdo, tamborim e violão de sete cordas mandando
brasa num samba típico de Cartola, com suas letras poéticas e reveladoras de
seu tempo e espaço ("Como mentiram as cartomantes, como eram falsas as
bolas de cristal...”), em seguida, o mestre grava um samba feito nos anos 40,
mais uma declaração de amor ao Morro da Mangueira e sua gente: Sala de
Recepção. “Habitada por gente simples e tão pobre que só tem o Sol que a todos
cobre, como podes, Mangueira ,cantar?” , pergunta o compositor em dueto com a
filha Creusa, a musa de “O mundo é um moinho”, que também aparece em “Ensaboa”
(“Ensaboa, mulata, ensaboa”), um samba meio toada, uma letra típica das canções
de trabalho que remete às lavadeiras com um bela viola de 10 cordas tocada por
Zé Menezes. "Ensaboa" receberia anos mais tarde uma interessante releitura
de Marisa Monte colando-a com "Lamento de lavadeira" de Monsueto
Menezes e "Sorrow, tears and blood" do revolucionário compositor
nigeriano Fela Kuti. “Não posso viver sem ela”, outro samba dos anos 40
presente no álbum, é mais um samba embolado no melhor estilo do poeta
mangueirense e abre alas para “Preciso me encontrar”, música do portelense
Candeia, gravada de forma sublime neste álbum com destaque para a belíssima
introdução com o fagote de Aírton Barbosa. Essa gravação ganharia grande
destaque mais de vinte anos depois de seu lançamento ao colaborar de maneira
sublime como trilha de uma bela cena do premiado filme “Cidade de Deus”. O
mestre ainda traria para o álbum, outro compositor da velha guarda: Silas de
Oliveira, o mestre do Império Serrano que morrera anos antes numa roda de
samba, e sua “Senhora tentação”. "Aconteceu" e "Sei chorar"
são dois deliciosos sambas embolados do mangueirense com destaque para o
trombone de Nelson Martins dos Santos e Elton Medeiros na caixa de fósforos.
“As rosas não falam”, que se consagrou com a gravação no mesmo ano de Beth
Carvalho, dispensa apresentações e comentários. Com o belo trabalho da flauta
de Altamiro Carrilho e o cavaquinho de Garoto, a bela melodia casa de forma
perfeita com uma das letras mais poéticas de um dos letristas mais brilhantes e
sem instrução da nossa vasta galeria. O disco ainda traz outras composições que
se tornaram clássicos de Cartola como a belíssima “Peito vazio”, que ganhou
destaque ao integra a trilha de uma novela na voz de Lucinha Araújo (ela mesmo!
A mãe de Cazuza) e “Cordas de aço”, uma canção que retrata de forma
magistralmente poética a relação do compositor com seu violão e encerra de
forma sublime um álbum que já nasceu clássico. Cartola viveria mais alguns anos após esse disco. Voltaria
a desfilar na Mangueira, após quase trinta anos de ausência, faria shows por
todo o Brasil, realizaria o sonho da casa própria, morrendo de câncer aos 72
anos. Saiu da vida para entrar para história. E esse disco é a prova inconteste
de sua genialidade. Pois, como disse seu amigo Nelson Sargento: "o Cartola
não existiu, foi um sonho que a gente teve".