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sexta-feira, 1 de julho de 2016

O Nó - Rock Progressivo e Muito Mais.









Aos que procuram um ponto de segurança, onde a sustentação é determinada pelas tendências de mercado e suas armadilhas previsíveis - uma triste constatação vem à tona; bandas com ideias superficiais e sem personalidade terão sua existência abreviada, graças a um esquema frequentemente utilizado pelos que pretendem atingir o sucesso e obter reconhecimento a qualquer custo. Pois o que há de mais legítimo em qualquer expressão artística é, sem dúvida nenhuma a personalidade. Para os que fogem desse esquema e procuram trilhar caminhos mais arenosos, a recompensa pode vir á longo prazo e, talvez esteja aí o sentido em trilhar o caminho mais difícil. Como exemplo, podemos citar os paulistanos do O Nó, que já no nome procura incorporar uma estética pouco usual e até vintage para evidenciar sensações artísticas em toda sua plenitude. 
Para conhecermos melhor esse, que em minha opinião é uma ótima opção para os que fogem do óbvio, falaremos com Mateus Bentivegna responsável pela bateria do grupo.




SI – Nos fale um pouco mais sobre O Nó, dê mais detalhes ao leitor sobre a trajetória da banda até os dias de hoje.

A gente começou em 2014, mas como um trio, na verdade. Eu conhecia o Ale, que toca guitarra, e ele conhecia o Rodolfo, baixista, e a gente meio que só decidiu tocar juntos. O som era bem diferente antes, tinha até uma pegada que lembra o pós-rock, era bem menos “colorido” e “brilhante”, eu acho. A gente acabou gravando algumas músicas no celular mesmo, fizemos alguns shows, mas quando o Matheus entrou pra tocar sintetizador a gente meio que recomeçou os trabalhos, fizemos músicas novas, mudou bastante o som. Tanto que a gente nem toca mais essas músicas mais antigas.

SI – O direcionamento musical de vocês é um ponto bastante interessante a ser observado, pois transpira uma série de referencias. Quais foram os cuidados para não se tornarem apenas um pastiche dentre suas influências?

Acho que a partir do momento que você une referências distintas, e cria algo seu a partir delas, um resultado diferente vai acabar saindo disso de qualquer forma. Eu acredito que não corremos perigo de virarmos um pastiche justamente pela grande disparidade de influências e gostos de cada membro.





SI – O público da banda não é um público convencional e isso fica muito explícito - pois a música é só mais um ingrediente em um contexto onde a parte visual e sensorial também predominam. Isso foi algo que vocês previam quando criaram O NÓ?

Eu pelo menos fico feliz que temos uma quantidade razoável de seguidores que gostam da gente pelas bizarrices que a gente faz. É sempre bom saber que as pessoas tão curtindo, e até agora, só recebemos amorzinho <3 dos internautas hahahah
Acho que desde o começo a gente pensou em fazer um projeto que não fosse só música, só ter uma banda e gravar umas musiquinhas e pronto. Minhas bandas favoritas, e muitas grandes bandas e artistas, conciliam o visual e o sensorial com a música. Os Flaming Lips fazem muito isso, o gigante ancião Pink Floyd, a própria Beyoncé, até. O grande negócio da música popular atualmente é o casamento dessas coisas. Casar a capa do seu disco com o som dentro dele, com o tipo espetáculo que vai ser o seu show, com seus clipes. Até a roupa que você veste, as postagens nas redes sociais, tudo isso faz parte do projeto. Isso interessa bastante a nós quatro. Gostamos de pensar n’O Nó como um projeto maior, que une audiovisual, design, moda, fotografia... Tudo.

SI – A arte do EP também é um ponto a ser destacado, pois transparece muito bom gosto, Quem foi o responsável pela concepção da capa qual foi conceito para que se chegasse no resultado final?

A banda toda se reuniu e foi jogando referências visuais, tanto de outras capas como outros trabalhos gráficos diferentes, e fomos meio que tirando uma coisa daqui, outra dali. Fomos fazendo vários testes, cada um apresentou uma coisa, e no fim, o Rodolfo acabou chegando no resultado final, que é essa brisa espacial e colorida linda.

SI - Recentemente vocês participaram de um evento para a LEVI´s, inclusive gravando uma musica para a ocasião. O quão importante são esses eventos para a banda? Quais são os próximos passos nesse sentido?

Foi na real um concurso da Levi’s, em que escolhiam oito bandas pra gravar uma música cada uma, num estúdio bancado por eles, e dessas 8, três iam passar por uma outra fase por meio de votação pra tocar na Casa Levi’s, que é um pico novo deles. Até ganhamos umas calças hahaha. A gente foi escolhido pra primeira fase, e gravamos uma música que chama “Vão”, que a gente já tocava nos shows há um tempo e ainda não tinha gravado. Foi bem legal, até chamamos um amigo pra adicionar um solo de sax nela, o que acabou mudando muito a música (pra melhor, claro).
Acabamos nem chegando na outra fase. É preciso se empenhar bastante nas mídias sociais e meio que ficar martelando sempre pra pedir votos, e acho que no fim das contas ficamos bem felizes de ganhar uma gravação maneira de graça e da divulgação no geral.
Acho que qualquer ação ou evento desse tipo ajuda bastante apresentando bandas independentes pra uma galera que não as conheceria de outra forma; qualquer incentivo desses já é bacana.

SI - Existem estilos musicas onde se constituem ``uma cena´´ onde as bandas organizam festivais, trocam materiais e fazem as coisas acontecer com a filosofia do faça você mesmo. Como isso funciona para vocês?

O pessoal da música no geral acaba todo mundo se conhecendo no fim das contas, de tocar junto, de ir nas mesmas festas, curtir bandas em comum, essas coisas.
Acho que está tudo entrelaçado mesmo, todo mundo se ajuda e se amplia. A gente já conversou sobre colaborações, tocar junto, com os caras do Raça, que já lançaram o primeiro LP, com os meninos do Retina e dos Amanticidas – inclusive gravamos nosso EP com membros de ambas – , Marulho, Goldenloki... Em suma, é bem isso mesmo. Mesmo que o som de cada um seja distinto no geral, a gente acaba formando uma cena, por assim dizer, meio que por ser todo mundo do mesmo lugar e fazer música ao mesmo tempo. Todo mundo no mesmo barco hahah.





SI - Conheço seu pai há muitos anos e lembro que ele tinha uma grande coleção de discos. Tanto para você como para os demais integrantes - houve uma formação ``caseira´´ por intermédio do gosto pessoal do pai de cada integrante e o quanto disso aparece no processo de composição?

Olha, pra ser bem sincero, uma boa parcela da coleção do meu pai acabou virando a minha própria coleção. hahahah.
Não posso falar muito pelos outros da banda, mas acho que muito do que eu ouço hoje, e ter essa coisa de gostar de estilos completamente bizarros e diferentes entre si tem a ver com o gosto pessoal de todo mundo da minha família.
A gente da banda gosta bastante do chamado “dad rock”, AOR (adult oriented rock), esse rock e pop bregas de AlphaFM que é teoricamente associado com o gosto mais “maduro” dos nossos pais e mães, mas é muito relativo. Minha mãe ouvia É o Tchan comigo, enquanto eu ouvia Ratt e Iron Maiden com meu pai, new age com meus avós... E tudo isso tem influência no som que acabamos fazendo, de um jeito ou de outro. Acredito que todos nós fomos influenciados de uma forma ou outra pelo gosto musical dos pais, tanto pra um lado quanto pro outro.

SI - Para finalizar, gostaria que você falasse sobre os próximos passos da  banda - shows, disco e qualquer informação que julgar pertinente

Atualmente estamos compondo músicas novas, gravando algumas também, e pensando em lançar uns singles soltos, e eventualmente juntar material pra um LP inteiro. Estamos fazendo menos shows por causa disso, justamente pra focar, maasssssss... Temos um show marcado no CULT Club, lá na Barra Funda, no dia 8 de Julho. Vamos abrir pro Sala Espacial, e começa às 19h00. Quem quiser ver a gente e curtir, só aparecer lá. Tomamos umas brejas, conversamos sobre música, sobre a vida hahaha. Acho que é isso! Muito obrigado ;)







(Entrevista: Robério Lima)

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