``Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida´´ é, na verdade, o último disco da formação clássica dos Mutantes, ainda com Rita Lee, Arnaldo Baptista, Sergio Dias e Liminha. Como em 1972 a banda já havia lançado o ``Mutantes e seus cometas no pais dos baurets´´ e o contrato com a gravadora dava direito a apenas um Lp por ano, a banda decidiu lançar o novo álbum apenas com o nome da Rita Lee.
Sem clássicos, mas cheio de pontos altos, "Hoje é o primeiro dia..." é uma despedida à altura de uma das (se não a mais!) importantes bandas do rock brasileiro. A guitarra de Sergio Dias brilha intensamente e dá um show à parte na faixa de abertura (Vamos tratar da saúde), com talk box no tango "Beija-me amor" (com letra inspirada de Élcio Decário) e em "Amor branco e preto" (em homenagem ao Corinthians), enquanto a cozinha formada pelo poderoso baixo de Liminha e a bateria de Dinho Leme fazem uma marcação certeira de ponta a ponta. Arnaldo Baptista - marido de Rita na época e também produtor do disco - deixa sua marca individual em "Superfície do planeta", além de dividir os vocais em três outras faixas, participar da composição de todas as músicas e botar sua piano pra ferver. Rita Lee (que também desenhou a capa) destaca-se no álbum inteiro com seu deboche, sua voz e as sacadas de suas letras ("Que tal um chá chá chá pra gente se achar?"). A velha pegada tropicalista dos Mutantes se evidencia na faixa-título (inspirada num provérbio hippie), "Tiroleite", "Frique comigo", "Teimosia" e "De novo aqui meu bom José" - com os vocais multiplicados de Rita formando um coral. Como todos os discos da banda, "Hoje é o primeiro dia..." é rock sem deixar de ser brasileiro e brasileiro sem deixar de ser rock.
"Entendeu?", a pergunta de Arnaldo Baptista encerra o álbum e a fase clássica da banda que quatro anos antes, ao lado de Gilberto Gil, do maestro Rogerio Duprat,de Caetano Veloso e de Tom Zé, virara a música popular do Brasil de pernas pro ar com o tropicalismo. O rock dos Mutantes aproximou a música brasileira da psicodelia e do rock inglês. Décadas depois, artistas estrangeiros renderiam reverências à banda e iniciariam um culto internacional ao grupo. Arnaldo encerrava esse ciclo sentindo que boa parte do público ainda não tinha captado seu som e mensagens.
O resto da vida foi assim: Rita partiu para uma vitoriosa carreira ao lado do Tutti-Frutti - com quem gravou os antológicos "Fruto Proibido" e "Entradas e Bandeiras" - e depois mergulhou no pop ao lado do futuro marido Roberto de Carvalho; Arnaldo gravou o seminal "Lóki?"e depois formou o "Patrulha do Espaço", até sua carreira ser interrompida por crises e internações o que o levou a produzir erraticamente; Liminha se transformou num dos grandes produtores dos anos 80/90 e Sergio Dias tentou levar a banda adiante com um som mais voltado ao progressivo...
As confusões para o lançamento, além do tumulto interno pelo qual poassava a banda fizeram de"Hoje é o primeiro dia..." um disco negligenciado na carreira da banda. Uma joia esquecida na história da nossa música.
Pode ouvir sem medo...Você só terá a ganhar...
Sem clássicos, mas cheio de pontos altos, "Hoje é o primeiro dia..." é uma despedida à altura de uma das (se não a mais!) importantes bandas do rock brasileiro. A guitarra de Sergio Dias brilha intensamente e dá um show à parte na faixa de abertura (Vamos tratar da saúde), com talk box no tango "Beija-me amor" (com letra inspirada de Élcio Decário) e em "Amor branco e preto" (em homenagem ao Corinthians), enquanto a cozinha formada pelo poderoso baixo de Liminha e a bateria de Dinho Leme fazem uma marcação certeira de ponta a ponta. Arnaldo Baptista - marido de Rita na época e também produtor do disco - deixa sua marca individual em "Superfície do planeta", além de dividir os vocais em três outras faixas, participar da composição de todas as músicas e botar sua piano pra ferver. Rita Lee (que também desenhou a capa) destaca-se no álbum inteiro com seu deboche, sua voz e as sacadas de suas letras ("Que tal um chá chá chá pra gente se achar?"). A velha pegada tropicalista dos Mutantes se evidencia na faixa-título (inspirada num provérbio hippie), "Tiroleite", "Frique comigo", "Teimosia" e "De novo aqui meu bom José" - com os vocais multiplicados de Rita formando um coral. Como todos os discos da banda, "Hoje é o primeiro dia..." é rock sem deixar de ser brasileiro e brasileiro sem deixar de ser rock.
"Entendeu?", a pergunta de Arnaldo Baptista encerra o álbum e a fase clássica da banda que quatro anos antes, ao lado de Gilberto Gil, do maestro Rogerio Duprat,de Caetano Veloso e de Tom Zé, virara a música popular do Brasil de pernas pro ar com o tropicalismo. O rock dos Mutantes aproximou a música brasileira da psicodelia e do rock inglês. Décadas depois, artistas estrangeiros renderiam reverências à banda e iniciariam um culto internacional ao grupo. Arnaldo encerrava esse ciclo sentindo que boa parte do público ainda não tinha captado seu som e mensagens.
O resto da vida foi assim: Rita partiu para uma vitoriosa carreira ao lado do Tutti-Frutti - com quem gravou os antológicos "Fruto Proibido" e "Entradas e Bandeiras" - e depois mergulhou no pop ao lado do futuro marido Roberto de Carvalho; Arnaldo gravou o seminal "Lóki?"e depois formou o "Patrulha do Espaço", até sua carreira ser interrompida por crises e internações o que o levou a produzir erraticamente; Liminha se transformou num dos grandes produtores dos anos 80/90 e Sergio Dias tentou levar a banda adiante com um som mais voltado ao progressivo...
As confusões para o lançamento, além do tumulto interno pelo qual poassava a banda fizeram de"Hoje é o primeiro dia..." um disco negligenciado na carreira da banda. Uma joia esquecida na história da nossa música.
Pode ouvir sem medo...Você só terá a ganhar...
(Texto:Leandro L.Rodrigues)
Um marco da cultura pop tupiniquim.
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