Quando o Aerosmith entrou no estudio Record Plant pra gravar o seu terceiro álbum, depois de dois discos que, embora com qualidade, não conseguiram decolar, sabia que ela tudo ou nada. Contando de novo com o produtor Jack Douglas - parceria que se repetiu por muitos anos e com tanta sintonia que Douglas acabou recebendo o apelido de ``O sexto Aerosmith´´ - ``Toys Ins The Attic´´ é puro sexo, drogas e rock n´roll. E um dos melhores discos dos anos 70.
Um riff hipnótico, bateria e baixo a todo vapor e
um refrão que arrasta qualquer rockeiro para acompanha-lo e a faixa-título abre
o disco mostrando poder de fogo. A mistura americana de Rolling Stones com Led
Zeppelin finalmente havia chegado ao ponto e "Toys in the attic"
começa de forma magistral; "Uncle Salty", uma canção triste feita
pelo baixista Tom Hamilton (que assume a guitarra nessa faixa) serve de tapete
para Steven Tyler desfilar sua bela voz numa letra angustiante que termina com
ecos sessentistas; "Adam's apple" vem com mais riffs espertos e Tyler
demonstrando sua habilidade com trocadilhos e jogo de palavras ("Even Eve
in Eden") para contar, bem ao seu modo, o "Genesis III" da
Bíblia. Golaço! Um dos grandes momentos do disco. "Walk this way",
com seu título inspirado numa fala do filme "O jovem Frankstein" (Mel
Brooks), vem logo em seguida e é o ponto alto do álbum. Com um riff
inesquecível, um ritmo funky calcado em James Brown - uma das influências do
vocalista - e The Meters, a banda tocando como se soubesse que estava gravando
um clássico do rock e o senso de humor habitual das letras do grupo, a música é
uma demonstração da química entre Tyler e Perry, não só enquanto parceiros de
palco, mas também como compositores. Anos depois, a música foi regravada pelos
rappers do Run DMC - com a participação da dupla de compositores - e contribuiu
para o resgate do, então fora de combate, Aerosmith (muito embora a regravação
seja bem aquém da versão original); "Big ten inch record" - cover de
Bull Moose Jackson - encerra o lado A em clima de rhythm and blues anos 50, com
Steven Tyler tocando sua habitual gaita e mais um interessante duplo sentido de
conotação sexual ("Suck my big ten inch"). Na abertura do Labo B,
mais um clássico; "Sweet Emotion", primeira música da banda a entrar
no Top 40 ("Dream On" grande clássico presente no primeiro Lp só alcançaria
o Top 10 quando relançada após o sucesso de "Toys in the attic"),
chega com um riff de baixo de Tom Hamilton (parceiro de Tyler nessa), marimba e
Joe Perry na talk box. Outro destaque é o duelo de guitarras (os dois
guitarristas estavam de Stratocaster) e os riffs que servem de ponte para o
refrão; Guitarra acústica, outro riff certeiro e a stoniana "No more no
more" mantém o pique, enquanto "Round and round" , composição de
Tyler com o guitarrista Brad Whitford, traz uma aproximação com o estilo de
rock feito pelo Black Sabbath (e que não era muito a praia da banda) e não faz
feio. "You see me crying" encerra o disco de forma magistral. Com um
belo piano de Tyler, a guitarra de Whitford e uma orquestração de primeira, a
balada inicia a tradição da banda - repetida em quase todos os discos desde
então - de fechar seus álbuns com belas baladas.
"Toys in the attic" ganhou disco de ouro e botou a banda para lotar estádios. Depois disso, o Aerosmith gravou outros discos estonteantes, atingiu o estrelado, naufragou nos excessos, acabou, foi citado como influência de nove em cada dez bandas de hard rock dos anos 80, voltou mais forte que nunca, virou ídolo da geração MTV e garantiu o seu lugar como uma das maiores bandas americanas de todos os tempos. Mas seu ponto de referência será sempre os clássicos enfileirados nessa obra-prima.
"Toys in the attic" ganhou disco de ouro e botou a banda para lotar estádios. Depois disso, o Aerosmith gravou outros discos estonteantes, atingiu o estrelado, naufragou nos excessos, acabou, foi citado como influência de nove em cada dez bandas de hard rock dos anos 80, voltou mais forte que nunca, virou ídolo da geração MTV e garantiu o seu lugar como uma das maiores bandas americanas de todos os tempos. Mas seu ponto de referência será sempre os clássicos enfileirados nessa obra-prima.
(Leandro L.Rodrigues)
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