O Wishbone Ash foi uma das bandas mais criativas
da década de 70 e com sua formação clássica concebeu ao mundo álbuns que se
tornaram verdadeiras perolas do rock. Prova disso foi o álbum ao vivo “Live
Dates”, gravado durante a explosiva tour britânica em Junho de 1973, e lançado no
mesmo ano, deixou boquiaberto os que ainda tinham alguma duvida sobre o poder
de fogo dos rapazes.
São clássicos e mais clássicos executados de
forma esplendorosa, basta ouvir os duelos de guitarra entre Andy Powell e Ted Turner,
que são de arrepiar (ouça “Phoenix” e tente não se emocionar) e, que juntamente
com o baixo de Martin Turner e a bateria de Steve Upton formavam uma massa
sonora poucas vezes vista na historia do rock. Para deleite dos apreciadores de
arte pura, ainda estão contidas neste trabalho obras do quilate de “Warrior” e “Throw
Down Sword” do grande disco “Argus” e Lady Whiskey do álbum homônimo, enfim,
obra prima.
Este disco fecha com chave de ouro a primeira
fase deste mito chamado Wishbone Ash, pois infelizmente, logo depois da gravação da
bolacha, Ted Turner decide sair da banda por divergências musicais com os
demais membros, mas o legado criado ate então, já esta entre as grandes obras já
registradas na historia do rock. “Live Dates”, e, no mínimo, obrigatório para
todos os amantes do bom e velho rock n’ roll.
Vindo de Exu, uma
cidadezinha do interior de Pernambuco, bem na pontinha do sertão, “o rei do
baião pode ser também considerado o primeiro rei do pop no Brasil. Pop aqui
empregado em seu sentido original: o de popular”. Uma vez que foi o artista que
mais vendeu discos no país, somando cerca de 200 gravados.
Ele desenhava as
próprias roupas e inventava os passos que fazia no palco com os músicos. Foi o
primeiro cantor e músico a fazer uma turnê pelo Brasil. Antes dele, os artistas
não saíam do eixo Rio-SP. Muito embora, ele gostasse mais de fazer shows e
tocar para o público interiorano.Cantava acompanhado de suasanfona,zabumbaetriângulo. E com essa bagagem levou a alegria das festas
juninase dosforrós
pé-de-serra, bem como a pobreza,
as tristezas e as injustiças da nossa árida terra, osertãonordestino, ao resto do país, numa época em que a maioria das
pessoas desconhecia obaião, o xotee o xaxado. O primeiro chapéu que o admirável Luiz Gonzaga pôs em sua
cabeça, foi um de cangaceiro, junto com um gibão, já que nas suas músicas o
tema da coragem era recorrente.
Não estarei presente em
Exu, nessa linda comemoração, a qual, foram reunidos os mais singelos
sanfoneiros do Brasil, entre outros grandes nomes da MPB, como a Elba Ramalho e
o Gilberto Gil, para comemorar esse memorável Centenário, mas meu coração
estará xoteando cheio da admiração que sempre tive por esse grande homem que
saiu do seu pé-de-serra onde deixou ficar seu coração, para ganhar o mundo com
sua música e poesia embebida de histórias do nosso sertão nordestino e nos
deixou um legado inenarrável. Este ano, em especial, estou mais orgulhosa do
que nunca da minha pernambucanidade.
Comecei a escrever este
texto, quando me lembrei que ainda não tive a oportunidade de ver o filme “Gonzaga,
de pai pra filho”... Então, sugeri ao meu amigo Nilton uma parceria. Ele que é
de origem cearense e com um amor incondicional pelo Pernambuco, se prontificou.
Temos
bastantes semelhanças, que muito nos ajudam. Nossas diferenças ajudam ainda
mais! Em uma de nossas conversas na www, espontaneamente foi surgindo
uma breve síntese do filme, á qual vou enxertar aqui sem tirar nem pôr. Creio
que o Nilton não fará objeção!
O filme está focado na
relação dele, Gonzagão, com o filho, Gonzaguinha, outro gênio da MPB. O
filme nos revela traços importantes e desconhecidos da vida do Rei do baião,
como o fato de ter abandonado o filho, ter lhe negado amor e carinho, embora
tenha perseguido a ideia de transformá-lo em doutor, dando-lhe estudo no melhor
colégio do Rio de Janeiro.
Porém Gonzaguinha cresceu revoltado pelo
abandono do pai, já que foi criado por um casal de amigos de Gonzagão após a
morte da mãe; fato que transtornou Gonzagão e que, segundo ele “lhe tirou o
chão”.
O convívio entre os
dois foi sempre conturbado, devido à diferença de visão política: Gonzagão ,
apesar de um gênio musical, era extremamente reacionário, enquanto o filho que
cresceu no morro carioca, tinha um espírito revolucionário e inquieto além do
seu engajamento político de esquerda, devido a sua formação cultural, afinal
ele era formado em economia e, portanto, um homem muito culto e de consciência
social e política.
Apesar dessas
diferenças sempre houve uma ligação muito forte entre o pai e o filho, um amor
que não foi abalado pelas diferenças e pelas circunstâncias que os separou. O
filme é focado no reencontro dos dois que proporcionou ao público o retorno
desse gênio a os palcos e uma das mais
belas parcerias musicais da MPB que nos presenteou com clássicos como “pense
n´eu” e “vida de viajante”.
Enfim, diante de um
cenário cultural tão decadente, nada mais relevante do que relembrar esse
grande gênio e sua obra que trouxe para o Brasil toda a riqueza cultural de um
povo sofrido e esquecido pelo resto do país, Luiz Gonzaga incluiu o
Nordeste na cena cultural brasileira e
desde então se tornou influência para várias gerações de artistas de todos os
gêneros musicais. O Brasil pode ter vários reis, mas somente Gonzagão reinará
soberano, que sua obra se mantenha viva por várias centenas de anos e que sua
imagem seja eterna na memória do povo brasileiro.
Eu já estava paquerando esse livro algum tempo. Não havia lido ele por relaxo, mas eu sabia de sua importância na literatura brasileira. O que eu não sabia, era que eu iria me divertir muito ao lê-lo. Foi uma das leituras mais prazerosas que tive. Comecei lendo-o na fila do Poupa Tempo. Havia cinquenta e oito pessoas na minha frente. A princípio pensei até em desistir do meu objetivo, que era renovar meu RG. Sentei-me num banco de madeira junto de todas essas pessoas que haviam chegado antes de mim e enquanto esperava uma resolução do que eu faria, abri o Memórias de um Sargento de Milícias e comecei a ler. Confesso que o livro já me pegou no primeiro parágrafo. Dali a diante, percebi que o atendimento era bem ágil e confesso que aquela tarde estava tão prazerosa que passei a torcer para que o atendimento fosse mais moroso. Enfim, sai de lá com a metade do livro lido. As páginas restantes li em duas noites, para me deliciar mais.
Memórias de um Sargento de Milícias foi escrito por Manuel Antônio de Almeida, entre 1852 e 1853. A princípio o livro foi publicado em capítulos no Correio Mercantil. Nessa época, Manuel Antônio de Almeida utilizou o pseudônimo de Um Brasileiro. Memórias de um Sargento de Milícias narra a saga do menino Leonardo (Que viria a se tornar o Sargento de Milícias). Além de Leonardo, há inúmeros personagens interessantes como o Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça, pais de Leonardo, o compadre e a comadre que defendem com unhas e dentes o Leonardo e a Luisinha, que aos olhos de Leonardo era completamente desengonçada, mas com passar do tempo torna-se sua grande paixão.
Essa é uma breve dica sobre essa obra que foi e ainda é uma das principais produções literárias do Brasil no Século XIX.
A saudosa Nuvem Nove, que além de um ótimo ponto de
encontro, foi uma das lojas de discos mais simpáticas que já conheci.
Infelizmente encerrou suas atividades em 2008 e desde de então, deixou órfãos vários
apaixonados por boa musica que procuravam por preço justo e por atendimento
diferenciado. Basta dizer que já passaram por lá vendedores do gabarito de Sergio
Alpendre (critico de cinema) e Bento Araujo (editor da revista Poeira Zine).
Felizmente os últimos dias da loja foram registrados em vídeo,
o que deu origem ao documentário SAUDADES DA
NUVEM NOVE, dirigido de forma bem particular por Paulo Beto, o P.B. e
contando em sua maior parte com depoimento e memorias de seu fundador, Jose
Damiani e ainda relatos de funcionários que ajudaram a enriquecer a historia da
loja.
Este documentário me traz a mente o privilégio de ter vivido
essa historia tão particular, pois foi na Nuvem Nove que comprei muitos discos
de Caetano, Gil, Zappa e uma infinidade de artistas mais obscuros, por preços
bastante acessíveis.
Alguns irão dizer que hoje podemos baixar qualquer disco sem
pagarmos um centavo, no conforto de nosso lar. Mas jamais sentiremos o prazer
de conhecer um ``novo ´´Artista como antes. De qualquer forma, temos a certeza de que ela se foi para nunca mais voltar e sem chegar a maioridade, nos deixou. Com seus dezessete
anos de vida bem vividos, foi o recanto onde muitos deixavam o
tempo passar em meio a tantos discos e ``causos da musica´´.
Ao fechar as portas pela ultima vez , Jose Damiani foi as
lagrimas, certamente pela dor de findar um sonho, mas também pela morte de um
formato que mudará o jeito de fazer musica.
Veja este documentário e entendam o quão importante e necessária
é a musica em nossas vidas.
Lançado em 2006 esse DVD já circulava não oficialmente entre os fãs xiitas de Eric Johnson. O show foi gravado em 1988 no programa Austin City Limits (programa esse responsável por deixar a cidade de Austin conhecida como a cidade da música). Eric Johnson é considerado um guitarrista completo e um semideus em Austin. Ele também é conhecido por sua obsessão por timbres e tonalidades. Reza a lenda que Eric é capaz de adivinhar se o plugue da guitarra é dourado ou prateado sem olhar para o cabo e distinguir a marca da bateria de seus pedais apenas pela tonalidade. É o que chamam de ouvido absoluto, ouvido esse que ficou seriamente comprometido em razão de Eric ter desenvolvido tinitus (zumbido incessante), mas hoje ele se encontra praticamente curado.
Voltando ao show, é impressionante o domínio que Eric exerce na guitarra, além de controlar toda a parafernália no palco (pedais e amplificadores). Engana-se quem acha que seu foco é apenas o timbre. Eric possui uma técnica elevadíssima, haja vista as pentatônicas tocadas com extrema velocidade, os bends violentos e os acordes com aberturas exóticas. Além disso, um fato curioso é que Eric Johnson consegue com técnica e com os recursos sonoros praticamente anular o som do ataque da palheta nas cordas, somando a isso tem também o fato de Eric não ser adepto a sons distorcidos da guitarra rock, isso colabora para que ele pesquise timbres um pouco mais suaves e aveludados. Esses dois fatores fazem com que seu timbre lembre o som de um violino. O repertório do show consiste nos dois primeiros álbuns: Tones (1986) e Ah Via Musicom (1990 – gravado dois anos após esse show). Eric também aproveita para homenagear um de seus ídolos, tocando Love Or Confusion e Are You Experienced? de Jimi Hendrix. Agora o que Eric faz em Cliffs of Dover é para deixar qualquer ouvinte boquiaberto, é simplesmente assombroso. Não é atoa que essa música lhe rendeu o Grammy Awards em 1991, na categoria de melhor interpretação de rock instrumental.
Se você procura por um guitarrista acima da média e que além de tudo possui um timbre celestial, Eric Johnson é o cara.
From the Cradle é o décimo segundo álbum de estúdio gravado por Eric Clapton em 1994. Reza a lenda que esse disco foi resultado de uma queda de braço entre Clapton e a Warner, pois essa preferia que Clapton dedicasse apenas a discos mais voltados ao pop. Com o estrondoso sucesso de seu álbum unplugged gravado anteriormente, cujo qual continha algumas covers de grandes mestres do blues, a Warner obrigou-se a ceder aos apelos do Deus da Guitarra o deixando encarregado de escalar a dedo a banda para a gravação do disco. Colaboram no disco nomes como: Andy Fairweather-Low nas guitarras bases, parceiro de longa data de Clapton, Jerry Portnoy na gaita, cujo qual fez parte da lendária banda de Muddy Waters, Chris Stainton nos teclados, outro grande parceiro de Eric e outros grandes músicos. Form the Cradle (Desde o berço), faz menção as músicas que Clapton ouvia em sua infância e adolescência e está repleto de clássicos do blues como: Blues Before Sunrise, canção essa imortalizada por Elmore James, nela Clapton mostra-se estar em dia com a técnica de slide, marca registrada de Elmore. Third Degree, é de autoria de outro homenageado, Eddie Boyd. Nela Clapton usa todo o poder de sua voz, ou seja, ele canta demais nesse blues lento. Reconsider Baby, foi composta pelo guitarrista Lowell Fulson (para se ter ideia da importância desse cara, o filme Ray mostra Ray Charles pertencendo a sua banda). Clapton toca religiosamente igual a versão original. Não poderia faltar evidentemente um dos maiores clássicos bluseiros de todos os tempos, Hoochie Coochie Man imortalizada pelo pai do blues elétrico, Muddy Waters. Five Long Years é outra canção de Eddie Boyd e nela Clapton descarrega toda a sua fúria em um solo com uma pegada ferrosíssima. I'm Tore Down é de autoria de Sonny Thompson, mas Clapton a toca homenageando outra lenda que gravou uma versão dela, Freddie King. Com uma linha de baixo contagiante, Clapton faz seu solo bem dançante ao estilo do homenageado. Motherless Child é uma tradicional canção gravada em 1927 e Clapton a canta maravilhosamente bem essa canção acústica. Em se tratando de clássicos do blues, também não poderia ficar de fora It Hurts Me Too, outra de Elmore James e outra vez Clapton põe em prática sua técnica de slide (aliás, falou em Elmore James, falou em slide). Someday After a While é mais uma homenagem a Freddie King, mas sem ritmos dançantes aqui o “couro come”, grande performance de Clapton num solo memorável. Para não me estender muito, pois são 16 faixas fantásticas, Groaning the Blues que encerra o disco, é uma bela homenagem a outro ídolo de Clapton, Otis Rush. Essa música me faz pensar se ao seu término Clapton não correu até um balão de oxigênio. Haja fôlego! Fechou realmente com chave de ouro.
Sabe quando nos perguntam qual disco levaríamos para uma ilha deserta. Minha resposta desde o lançamento desse disco foi sempre FROM THE CRADLE.
O C.E.U. (Centro Educacional Unificado) do
Jardim Alto Alegre, cedeu espaço para mais um grande artista nacional. Depois
da improvável apresentação de LUIZ MELODIA, agora tivemos a honra de prestigiar
um dos artistas mais criativos da musica popular brasileira. Falo do cantor
Paraibano CHICO CESAR, que vem promovendo com uma serie de shows o lançamento
do DVD “Aos Vivos Agora”, pelo selo Biscoito Fino.
O inicio da apresentação estava marcado para as
vinte horas e, mesmo com o tempo frio e chuvoso, muitos deixaram de ver a novela
para testemunhar o desempenho de mais um símbolo de persistência artística.
Logo que o publico se acomodou nas poltronas do
teatro, não demorou muito para que, de forma tímida, o grupo GARAN, formado por
funcionários de CEU, adentrasse ao palco para executar algumas canções de apelo
popular como “Chega de Saudade” (Tom Jobim) e “Morena Tropicana” (Alceu Valença).
Apesar das semitonadas e de cantar “Ainda Lembro” (Marisa Monte) lendo a letra
da musica, não posso deixar de destacar o esforço dos envolvidos. De qualquer
forma, acredito que ensaiar mais, certamente trará segurança ao grupo.
Depois de alguns minutos CHICO CESAR entra em
cena declamando “Beradero” e na sequencia, um de seus maiores sucesso “Mama África”.
Ainda sob muitos aplauso tocou “A Primeira Vista” depois seguiu praticamente a
mesma ordem em que as musicas foram tocadas no DVD. Sempre muito comunicativo,
conduziu a plateia magistralmente, publico este, formado por todas as idades e
gostos, com toda certeza a maioria dos presentes não estavam familiarizados com
certos experimentalismos, mas ninguém arredou o pé do teatro.
Devemos fazer menção, mais que honrosa a presença
do jovem artista Dani Black, que apesar da pouco idade, tem um talento impressionante,
acompanhando CHICO ou em números solo (foram dois) agradou bastante a todos.
Filho de TETE SPINDOLA, certamente carrega no gene o talento da mãe, que em
minha opinião tem uma carreira que vai além de “Escrito nas Estrelas”.
Quase no final da apresentação CHICO ainda atendeu
ao pedido da plateia, que queria ouvir “Pensar em Você” que não esta no DVD,
mas que e uma de suas canções mais bonitas. Já eram mais de vinte e três horas quando
findou a apresentação e todos que ali estiveram, saíram do C.E.U bem melhor do
que entraram.
Estupefato, atônito, estarrecido e assombrado, foi como fiquei ao ouvir Shadows Collide with People. Talvez pelo fato de Frusciante ter pertencido ao Red Hot Chili Peppers, eu esperava que o mesmo seguisse essa linhagem. Mas não foi bem o que aconteceu, pois a sonoridade de Shadows Collide with People, pouco tem a ver com os Peppers. Gravado em 2004 Shadows Collide with People foi composto durante as gravações de By the Way dos Peppers. Vale ressaltar também o fato de John Frusciante estar neste período completamente livre da dependência das drogas. Ao ouvir Shadows Collide with People já sabendo dessa informação, me veio à cabeça uma frase do Nelson Motta onde ele diz: ”drogas não dá talento a ninguém”. De fato, pois esse álbum é considerado dos quatro primeiros, o melhor de Frusciante.
Shadows Collide with People tem belas melodias com harmonias simples, porem envolventes. Frusciante canta de forma bem versátil suas composições, aliás, outra faceta dele que eu até então desconhecia, pois o mesmo tem uma voz bem marcante. Os destaques ficam por conta das faixas Carvel, Omission, Second Walk, Every Person (linda balada), Wednesday’s song e Song to Sing When I’m Lonely (a minha predileta).
Cadillac Records é um filme norte americano lançado em 2008. Pertence ao seu elenco nomes como: Adrien Brody que interpreta Leonard Chess. Jeffrey Wright que interpreta Muddy Waters. Columbus Short que interpreta Little Walter e Beyoncé Knowles que interpreta Etta James, além degrande elenco.
O filme é narrado por Willie Dixon (interpretado por Cedric the Entertainer), lendário baixista e compositor de inúmeros clássicos do blues, além ter feito parte da banda de Muddy Waters. Dixon começa o filme com a seguinte frase: “A primeira vez que uma garota tirou a calcinha e a jogou no palco, foi por causa de um cara cantando blues. Quando as meninas brancas começaram, chamaram isso de Rock and Roll”. Daí para frente, ele começa a narrar a saga de dois caras que se cruzam. Leonard Chess, um judeu filho de polonês que reside em Chicago e que depois de ter sido proprietário de um ferro velho, arrisca-se em comprar uma boate para músicos negros tocarem. O outro, Muddy Walters, um meeiro que também se arrisca em ir para Chicago, passando então a se apresentar nas ruas. É nas ruas também que Muddy encontra sua alma gêmea musical, Little Walter, um garoto de 17 anos que domina arte de tocar gaita como ninguém. Após ambos se apresentarem na boate de Chess, esse tem a ideia de montar sua gravadora, a Chess Records. Ideia essa motivada também pelo fato de sua boate ter sido incendiada.
É na Chess Records que nasce um dos mais famosos blues, Hoochie Coochie Man composta por Dixon, sob medida para Muddy. Também passam pela gravadora futuros nomes de peso como Etta James interpretada magistralmente pela Beyoncé, que gravou cinco canções para a trilha incluindo uma cover de Etta chamada At Last, que lhe rendou o Grammy Awards na categoria Best Traditional R&B Vocal Performance em 2010. Howlin Wolf a temperamental lenda do blues interpretado por Eamonn Walker e Chuck Berry, interpretado por Mos Def.
Cadillac Records foi bem recebido tanto pela crítica, como pelo público. A New York Magazine nomeou Cadillac Records como o quarto melhor filme de 2008.
Up All Night é o nome do álbum gravado pela The John Scofield Band, banda essa liderada pelo guitarrista e compositor de jazz fusion John Scofield. John tornou-se uma ilustre figura no meio jazzístico, tendo trabalhado com inúmeros músicos consagrados, dentre eles o gênio Herbie Hancock e o mito Miles Davis.
Up All Night foi gravado em Maio de 2003 nos Estados Unidos. Pode-se notar nele várias vertentes musicais como: Jazz Fusion, Jazz Funk e o Free Funk, sendo algumas músicas com uma roupagem bem eletrônica. Aliás, o uso de samples e loops é bem dosado, tornando-se apenas mais um ingrediente na fórmula mágica de Scofiled. Vale ressaltar também a arte gráfica, sendo as ilustrações feitas por Mark Hess.
Os destaques ficam por conta de: Philiopiety, uma bela trilha sonora para se passear a noite de carro. Watch Out For Po-Po tem as guitarras de John com efeitos e timbres pra lá de interessantes. Whatcha See Is Whatcha Get é sem dúvida a mais agradável de se ouvir. Não há como afirmar se existe perfeição, mas há de se presumir que está canção está bem próxima desse grau. Four On The Floor é outra delícia sonora, onde John Scofield brinca com as oitavas, técnica essa tão difundida pelo eterno mestre Wes Montgomery. Like The Moon é a mais misteriosa de todas. Agora, a introdução lembra demais a música nordestina daqui do Brasil. É bem Luiz Gonzaga mesmo. É a melancólica do disco.
Fica aqui a dica para quem não está familiarizado com o gênero Jazz Fusion, pois Up All Night pode ser uma boa porta de entrada.
“Heleno”, filme baseado no livro “Nunca Houve
Um Homem Como Heleno’‘ do jornalista Marcos Eduardo Novaes, retrata a vida de
Heleno de Freitas, ídolo do Botafogo (RJ), e também com passagens por clubes
como Boca Juniors (Argentina), Vasco (RJ) e América (RJ), neste ultimo jogou
somente uma partida, realizada no recém-inaugurado Maracanã.
Considerado o primeiro ídolo brasileiro e
principal esperança de gols do time carioca e da seleção brasileira nos anos 40,
sua trajetória foi marcada por excessos e por seu temperamento autodestrutivo
que culminou em sua morte prematura aos 39 anos de idade.
O Filme foi lançado em 2011 e tem direção de
Jose Henrique Fonseca, que ainda conta em seu currículo “O Homem do Ano (2003)”,
e alguns trabalhos para TV. Outro destaque fica para o renomado diretor de
fotografia Walter Carvalho, que novamente realiza um excelente trabalho. Todo o
filme foi filmado em preto e branco.
A missão de interpretar o mítico jogador ficou
a cargo do ator Rodrigo Santoro que, mais uma vez, se destaca com um belo desempenho
e cenas permeadas de realismo, basta conferir sua atuação em passagens filmadas
no sanatório, quando o personagem já esta totalmente debilitado, vitima da sífilis.
Nos tempos de hoje não há lugar para
personagens com Heleno de Freitas, pois os “craques” de nosso tempo são
programados para servir a uma indústria de consumo que tem por fim banalizar
qualquer vestígio de personalidade. Veja o filme e tire suas próprias conclusões.
Atendendo a um pedido do Robério (idealizador desse blog), venho através desse espaço, expor meu ponto de vista sobre o álbum Still Got The Blues de Gary Moore.
Still Got The Blues foi lançado em 1990. Nesse mesmo ano a faixa que dá nome ao disco emergiu instantaneamente em algumas rádios fm’s de São Paulo. Eu do alto dos meus quinze anos foi atingido de forma avassaladora por essa música. Mas eu ainda não tinha a “maturidade musical” e infelizmente só fui ter contato com a obra de Gary Moore, alguns anos mais tarde.
Esse contato se deu ao visitar uma loja chamada Museu do Disco no Shopping Ibirapuera. Na época não se ouvia falar em cd, era apenas vinil ou cassete. Ao debruçar-me sobre uma pilha de discos, eis que encontro Still Got The Blues novinho em folha, esperando por mim. Mas eu vivenciava a época das “vacas magras”, portanto, estava pra lá de duro. O que me restou era tentar esconder esse disco de forma que ninguém o encontrasse. E foi o que fiz. O enfiei atrás de uma volumosa pilha e rezei para que ninguém o descobrisse. Deu certo, pois ao receber um “cascalho”, corri até a loja e adquiri esse que irrefutavelmente é um dos meus discos preferidos.
Geralmente ao comentar sobre um disco, gosto de escrever ouvindo o mesmo concomitantemente. Mas com Still Got The Blues é quase impossível proceder dessa forma, por esse ser tão contagiante tenho dificuldades em concatenar as ideias haja vista a emoção que me trás. (Eis a razão da demora viu Robério!).
Segue então o meu crivo em relação a algumas faixas:
Moving On é uma espécie de hard rock onde Gary Moore nos mostra que tem absoluto domínio na técnica de slide. Oh, Pretty Woman é uma cover do notável bluesman, Albert King, cujo mesmo participa de forma fantástica criando um contraponto, pois enquanto King sola com sua finesse peculiar, Gary estremece tudo com seu timbre gritante. Walking by Myself é outra cover, agora de Jimmy Rogers guitarrista consagrado, conhecido por fazer parte da banda do lendário Muddy Waters. Nem preciso dizer o estrago que Gary Morre faz nela. Chegamos então a magnus opus que projetou Gary Moore mundialmente, Still Got the Blues é uma prova de fogo para qualquer guitarrista que se prese, pois Gary Moore imprimi técnica e paixão num solo visceral, além é claro de uma voz sublime que dá todo um tom de tristeza na música. Too Tired tem a participação do “Ice Man”, Albert Collins, outro monstro do blues. Albert com sua eterna telecaster também dialoga com Gary deixando a música bem envolvente. As the Years Go Passing By é um lindo, mas lindo lamento, onde um tecladinho de fundo dá aquele tom enquanto Gary Moore canta sua lamúria. Destaco também um virtuoso solo de piano que ocorre quase no fim da música. Bom, para finalizar Midnight Blues tem uma linha de baixo simples, não obstante maravilhosa. “Baladona” de primeira.
Para minha tristeza, Gary Moore nos deixou em 06 de Fevereiro de 2011 em Estepona na Espanha, vítima de uma parada cardíaca.
É sempre um prazer falar sobre esse que é um dos maiores expoentes do fusion, ou seja, Al Di Meola. Esse ilustre músico fez parte da antológica banda Return to Forever, liderada por ninguém menos que Chick Corea. Al Di Meola ficou na banda de 1974 à 1976 (ano em que a banda encerrou suas atividades)
Al Di Meola tem como característica o ecletismo, que o permite flertar com diversos gêneros como o Jazz, o Rock, o Flamenco e a música latina.
This is Jazz é uma coleção voltada para os renomados músicos de Jazz. Al Di Meola é claro, não poderia ficar fora dela. Esse cd abrange o que há de melhor sobre Al De Meola, como:
Race with the Devil on Spanish Highwayque começa com um ar de suspense para em seguida, baixo, guitarra e teclado tocarem em uníssono, sextinas na velocidade da luz e quando menos se espera, a suavidade tem sua vez, com direito ao som de congas na percussão. Já Ritmo de la Noche é uma espécie de Carlos Santana turbinado. Em Short Tales of the Black Forest há um duelo incrível entre o violão de Al Di Meola e o teclado de Chick Corea. Nena lembra Bossa Nova. Fantasia Suite for Two Guitars é um tipo de Flamenco com várias nuances. Spanish Eyes é para se ouvir deitado em uma rede contemplando o por do sol. Ainda por cima tem o lendário Les Paul dividindo as guitarras com Al Di Meola. Passion, Grace & Fire é a mais densa e nervosa do disco e não é para menos, pois a cargo dos violões estão Paco de Lucia e John McLaughlin ajudando Al Di Meola a engrossar o caldo desse flamenco lírico e furioso. Para finalizar Sarabande from Violin Sonata in B Major é uma versão de J.S. Bach tocada ao violão.
O Brasil, já faz muito tempo, virou rota obrigatória para bandas
importantes dos quatro cantos do mundo e, a cada ano que passa mais bandas
clássicas nos contemplam com apresentações históricas.
Desta vez foi o ASSASSIN que resolveu acabar
com uma longa espera e, na bagagem trouxe um arsenal bélico invejável para
deleite dos afoitos headbangers brasileiros. Temos que creditar este feito a
OPEN THE ROAD, que na ocasião, comemorava seis anos de vida e que já promoveu
turnês de bandas do porte de ONSLAUGHT e BLAZE BALEY. Se já não bastasse a atração principal, ainda
teríamos ANTHARES, BLASTHRASH e VULCANO. Definitivamente o dia 19 de agosto
ficará na memoria dos que tiveram o privilegio de comparecer ao MANIFESTO BAR.
Perto das 20 horas o ANTHARES subiu ao palco para despejar fúria em uma
ótima apresentação que teve como base o clássico disco “No Limite da Força” e
em novas musicas, que os caras estão prometendo para um segundo disco. Ver o
ANTHARES na ativa é motivo de orgulho nacional.
Em seguida o BLASTHRASH subiu ao palco e, com uma formação que conta com
Dario Viola (vocal), Diego Nogueira (Baixo), que teve jornada dupla, pois
também leva os vocais no ANTHARES, Henrique Perestrelo (Guitarra), Rafael Sampaio
(bateria) e o estreante Hugo (SIDE EFFECTS e INFECTED) na guitarra. O Thrash
metal comeu solto e foi um petardo atrás do outro. Destaques para ``Possessed
By Beer´´ e ``Freedom Lies Dead´´.
O que veríamos a seguir, esta entre os maiores representantes do metal
nacional, e ao lado de SEPULTURA e SARCOFAGO tem enorme reconhecimento fora do
Brasil e mesmo não contando com o guitarrista e fundador Zhema, que não pode
comparecer a esta apresentação, fizeram a pista do MANIFESTO pegar fogo e,
certamente muitos pescoços ficaram bastante doloridos depois desse massacre. Ao
ouvir ``Witche’s Sabbath”, “Total Destruição” e “Guerreiros de Satã” me senti
como porco na lama . VULCANO RULES!!
Depois de um intervalo, o palco já estava pronto para a atração
principal e o publico que naquele momento já estava extasiado, transformou a
pista do MANIFESTO em um verdadeiro pandemônio, pois Robert Gonnella e sua
trupe, que ainda contava com a presença, mais que ilustre de Michael Hoffmann
(Ex-SODOM), que interagia a todo momentocom a plateia, inclusive falando um português
bastante compreensível. E dá-lhe pedradas na orelha, transformadas
impiedosamente em massa sonora. As clássicas,``Assassin´´, ``Bullets´´ e até um
trecho de ``Mosca Na Sopa´´ (RAUL SEIXAS), foi parcialmente executada e esta no
disco ``The Club´´. Indescritível a felicidade de presenciar mais uma lenda do
Thrash Metal Germânico em nossa ``terrinha´´.
No fim das contas, o único fato negativo que precisa ficar registrado,
foi o enorme atraso para a abertura da casa, o que ocasionou brusca alteração
no set-list de todas as bandas e ainda prejudicou muitos fãs que vieram das
mais distantes regiões de São Paulo (inclusive este que vos escreve), e tiveram
dificuldade para pegar ônibus de volta e encarar a tediosa segunda-feira.
Now é o nome do disco gravado por Peter Framptom em 2003. Ele é seu 12° disco em estúdio. Now já começou me conquistando pela capa, pois a foto de Frampton sentado em uma cadeira de frente a uma janela, com sua guitarra no colo e olhando para o chão completamente absorto é de uma melancolia extrema. Bom, sem mais delongas, vamos às faixas:
Em Verge of a Thing, só pela contagem do baterista já dá pra se ter ideia do que virá pela frente. Sabe aqueles riffs simplesinhos, mas poderosos? Pois é, eles não desgrudam dos ouvidos. Flying Without Wings é a alto astral do disco, com direito a um solo faiscante de Frampton. Love Stands Alone tem um começo bucólico, mas depois descamba para um refrão apoteótico. Not Forgotten é uma balada daquelas de fazer sucumbir o mais duro dos corações. Em Hour of Need, Fampton canta de forma doentia. Mia Rose, essa é para pensar na pessoa amada. I'm Back é um pop com alto nível de testosterona. Para finalizar, While My Guitar Gently Weeps é uma das versões de George Harrinson que eu mais gosto. Só a introdução que Frampton faz, já faz jus à bela homenagem. Além da voz desolada de Frampton e um solo de guitarra de cortar o coração.
``Coverdale and Page´´ é o nome dado ao disco que foi resultado da parceira entre David Coverdale (ex membro do Deep Purple e lider do Whitesnake) eJimmy Page (ex membro do Led Zeppelin) e foi lançado em 1993. Esse disco alcançou o 4° lugar no Reino Unido e o 5° nos Estados Unidos e foram vendidas 500.000 cópias.
Como de costume, farei comentários acerca de alguns destaques:
Shake my Tree começa com Page ao violão tocando um riff bem elaborado na introdução (riff esse que perdura em boa parte da música). Em seguida entra Coverdale trabalhando os graves de sua bela voz, para mais adiante elevar drasticamente o tom da mesma, acompanhando a banda em um vigoroso Rock and Roll, com direito a um belo solo de gaita feito por Page. Não tinha melhor forma de abrir o disco! Waiting on You é um daqueles “Rockão” para se ouvir com o volume no talo. Absolutamente contagiante. Em Take Me for a Little WhilePage me fez pensar como ele consegue criar no violão, acordes dedilhados como esse? Sem dúvida uma bela canção. Em Pride and Joy, ambos estão completamente endiabrados. Feeling Hot é a “pauleira” do disco. Já Easy Does It é meio indiana, meia psicodélica, ou seja, “viageira”. Take a Look at Yourself é uma balada com a marca Coverdale. Don't Leave Me This Way é minha predileta à começar pelos acordes de Page. Como Coverdale imprime peso em músicas que tem formatos calmos! Agora, o feeling de Page durante o solo de guitarra é de arrepiar as unhas. Grande momento! Whisper a Prayer for the Dying tem acordes pra lá de soturnos em consonância com o vozerão de Coverdale.
Ou seja, audição obrigatória a todos que tem como gênero preferido o Rock and Roll. Afinal de contas são duas sumidades que nos brinda. (Texto: Sergio Silva)
Esses dias, ocorreu-me de ter percebido que eu ainda não havia postado nesse espaço, nada relacionado à poesia. Embora eu escreva às vezes alguns versos, o desafio de comentar um poema é pra lá de arriscado. Ainda mais se tratando desse gênio que foi Fernando Pessoa. Sabe-se que Fernando Pessoa possuía inúmeros heterônimos. O que eu mais me identifico é o Álvaro de Campos que era Engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa e que se sentia um estrangeiro em qualquer parte do mundo. Um de seus poemas que é um dos meus preferidos é Adiamento. Nesse poema Álvaro de Campos expressa todo o seu desalento em relação ao presente, se entregando de corpo e alma às expectativas (incertas) do futuro.
Essa negação do presente, também o faz voltar ao passado e recordar sua infância, quando diz:(...) Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana. Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância (...). Em um trecho do poema, Álvaro de Campos ainda consegue mesclar o passado com o futuro, sempre deixando o presente à deriva: (...) Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria à infância? Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã. Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo. Antes não...(...).
Por fim ele diz: (...) Tenho sono como o frio de um cão vadio. Tenho muito sono. (...). Ele opta pela palavra sono que na verdade não quer dizer mais que um total desânimo e uma incapacidade de agir. http://www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/adiamento.php