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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Adiamento – Fernando Pessoa (Poema de Álvaro de Campos).




Esses dias, ocorreu-me de ter percebido que eu ainda não havia postado nesse espaço, nada relacionado à poesia. Embora eu escreva às vezes alguns versos, o desafio de comentar um poema é pra lá de arriscado. Ainda mais se tratando desse gênio que foi Fernando Pessoa. Sabe-se que Fernando Pessoa possuía inúmeros heterônimos. O que eu mais me identifico é o Álvaro de Campos que era Engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa e que se sentia um estrangeiro em qualquer parte do mundo. Um de seus poemas que é um dos meus preferidos é Adiamento. Nesse poema Álvaro de Campos expressa todo o seu desalento em relação ao presente, se entregando de corpo e alma às expectativas (incertas) do futuro.
Essa negação do presente, também o faz voltar ao passado e recordar sua infância, quando diz:(...) Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana. Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância (...). Em um trecho do poema, Álvaro de Campos ainda consegue mesclar o passado com o futuro, sempre deixando o presente à deriva: (...) Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria à infância? Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã. Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo. Antes não...(...).
Por fim ele diz: (...) Tenho sono como o frio de um cão vadio. Tenho muito sono. (...). Ele opta pela palavra sono que na verdade não quer dizer mais que um total desânimo e uma incapacidade de agir.

http://www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/adiamento.php

(Texto: Sergio Silva)


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