Foi a sensação que tive ao terminar a leitura da última linha de Vinhas da Ira. Livro publicado em 1939, cujo autor é o norte-americano John Steinbeck, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1962. Nesse livro, Steinbeck descreve a saga da família Joad, que em razão da grande depressão de 1929 deixa para trás as terras que ocupava em busca da sobrevivência. A mão de obra arcaica da família já não acompanha o progresso (tratores e máquinas no processo de aragem da terra para o plantio) implementado pelos donos das terras.
É durante a viagem rumo a Califórnia (destino sugerido por um panfleto onde dizia que havia muitos empregos em pomares) a bordo de um velho automóvel que ocorrem os maiores momentos de angústia e tensão. Escassez de dinheiro, saúde debilitada, humilhações, entre outras coisas, dá um tom trágico ao romance e faz com que o leitor sinta-se como um ente da família, tamanha a compaixão que essa nos inspira. Mas os Joads diante de tantos obstáculos e privações, nunca perdem a garra e a esperança e são sempre liderados pela Mãe (uma personagem brilhante), que toma o posto de chefe da família que até então era do Pai.
Não tem como ao ler essa densa obra e não sentir que pior que você imagine que sua vida esteja, ela é ainda bem melhor do que muitas por aí afora.
Para alguns, essa minha afirmação pode parecer conformismo com a desgraça alheia, mas sempre que eu fechava o livro e voltava à atenção a minha vida, me vinha uma sensação de alívio, por não ter passado por isso (haja vista que a obra foi baseada na crise de 1929, onde inúmeras pessoas suicidaram-se ao reconhecer que perderam tudo).
Será que não é aí que está o segredo?
(Texto: Sergio Silva)
(Texto: Sergio Silva)
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