Temos no poema psicologia de um vencido um eu - lírico que se descreve como monstro e que desde sua origem sofre uma má influência. Através de imagens negativas como “monstro de escuridão e rutilância” e “profundíssimamente hipocondríaco” temos os suportes expressivos de subjetividade que correspondem à individualidade do sujeito lírico, de acordo com a descrição hegeliana de poema lírico. Porém em Augusto dos Anjos não temos uma poesia harmônica e sim uma tensão constante com um ambiente repulsivo a os olhos do eu - lírico.
Essa visão negativa do ambiente está também presente no poema versos íntimos em que uma vez inserido no meio degradante o indivíduo sente a necessidade de adaptar-se a ele. Há na poesia de Augusto dos Anjos heranças de Baudelaire à medida que tenta restabelecer os mistérios inerentes à experiência humana em contraposição a pretensa objetividade científica através do uso de uma linguagem em que termos científicos são inseridos no texto poético. A visão negativa do eu lírico está também presente no poema vítima do dualismo no qual o eu – lírico se considera “um ser miserável entre os miseráveis” logo no primeiro verso, além de revelar, já a partir do título, os antagonismos presentes na obra do autor que, de acordo com o pensamento de Adorno são reflexos dos antagonismos da sociedade contemporânea na qual o poeta está inserido e que se refletem na sua poesia.
(Texto: Nilton Aquino)
Já li alguns poemas do poeta.
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