Quando estreou no cinema, "Azul é A
Cor Mais Quente" (La Vie D' Adele), teve grande repercussão pelas cenas
quase explícitas de sexo entre duas garotas. Agora, já tendo se passado algum
tempo, é possível constatar que as cenas mais "quentes", não são a
melhor parte do filme. Aliás, o que existe de mais belo na película não foi
encenado. Ou seja, a beleza está nas entrelinhas de cada cena.
Em pouco mais de três horas, o diretor franco-tunisino Abdellatif Kechiche, desconstrói uma relação entre duas pessoas e exalta a evolução de sentimentos contidos na personagem do titulo original. Alias, Adèle reproduz o personagem com excelência, e nos convence do que esta sendo mostrado na tela, a ponto de termos a sensação de se tratar de um documentário, tamanho o teor de realismo contido nas cenas. Não há uma uma definição muito obvia sobre a questão homo afetiva, até porque o filme poderia ser tranquilamente retratado por um casal hétero, mas acredito que o ´´grande barato´´ do filme ficaria diluído à uma trama boba, e sem a captação da mesma delicadeza transmitida pela áurea feminina.
Para alguns o filme em si, será uma grande decepção, pois as ´´máximas do amor`` são dissecadas sem fantasia ou final previsível. Afinal, estamos falando de um retrato amargo dos que insistem no ``final feliz``.
(Texto: Robério Lima)
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