Em menos de uma semana a obra de
Oscar Niemayer foi pano de fundo para dois importantes festivais de música
realizados na capital paulista. Se o auditório Ibirapuera foi palco para
Samsung Best Of Blues – menos de uma semana depois, o Memorial da América
latina foi o local escolhido para sediar mais uma edição do Coala Festival, que
teria entre outras atrações Liniker e os Caramelows, tulipa Ruiz, Emicida e
Caetano Veloso. Com ingressos esgotados, e uma grande expectativa por parte do público
– foi possível testemunhar enorme interatividade entre os presentes, que
puderam aproveitar os espaços disponíveis, desde o momento em que atravessavam
a catraca de acesso - para confraternizar e fazer amigos. Afinal esse é um dos
lemas do festival e está em seu DNA desde de sua criação. Vale enfatizar a
questão da interatividade, pois o público estava ali, tendo esse objetivo como
prioridade absoluta.
Além das já mencionadas atrações do cast.
Alguns Djs foram convocados para abrilhantar ainda mais o cast do Coala.
Trazendo influencias, revisitando clássicos e tendo o espaço entre as atrações
para realizar suas performances, não deixaram a peteca cair. No final, cumpriram
seu papel com competência e tiveram a aprovação maciça do público que respondia
a cada batida transmitida pelos pick ups. Não poderia haver reclamações, pois
diversão e entretenimento foram oferecidos em abundância.
Uma das atrações mais aguardadas
do festival responde pelo nome de Liniker Barros e, acompanhado de seus Caramelows,
conquistou de cara os que ainda adentravam o Memorial - e muitos chegaram cedo
somente para vê-los em ação. Não é exagero afirmar que o público não se
decepcionou. A grande revelação da música brasileira dos últimos tempos, trouxe
ao palco do Coala músicas do seu primeiro disco – o aclamado ``Remonta´´. Bastante
performática e com músicas que já caíram nas graças do público, deixou os que
testemunharam sua apresentação em êxtase. Talvez a única queixa, fique por
conta do curto tempo da apresentação. Enfim, nem Jesus agradou a todos...
Diretamente de Belém do Para - Aíla
ocupou o palco com o seu mais recente trabalho a tira colo, o disco ``Em Cada
Verso Um Contra-Ataque``, lançado em 2016, e que traz à tona a inquietação da
artista, seja pelo seu tom de manifesto ou pelas influencias (e são muitas!),
que a artista apresenta no palco. Muitos elementos de sua terra natal e outros
mais, como o pós punk e a música eletrônica são a deixa para que Aíla desfile
seu discurso contestador. Ainda pouco conhecida pela maioria do público, ainda
teve tempo de lembrar Wally Salomão e as Mercenárias. De quebra, passou seu
recado e conquistou novos seguidores, me incluo nessa!
Já com um público bastante
numeroso, Tulipa Ruiz só teve o trabalho de executar suas músicas e conquistar
os presentes logo de cara. Com um carisma contagiante a artista escancarou para
a plateia exatamente o que todos queriam ouvir. ``Físico´´ ou ``Jogo Do
Contente´´ eram executadas com um sorriso de que não se aguenta. Para
finalizar, Tulipa Ruiz chama ao palco Liniker para cantarem ``Víbora`` e
``Sushi``. Mais uma ótima apresentação.
As duas próximas atrações foram
um capitulo a parte, pois sintetizaram inúmeros sentimentos em uma só emoção.
Rincon Sapiência, subiu ao palco com a adrenalina ``a mil´´ e mesclou seu hip
hop cheio de ``punch`` com uma pegada mais dançante. Sua escalação foi
providencial por vários motivos. Manteve o clima nas alturas e não deixou o
público descansar nenhum minuto. Entre as músicas Rincon se comunicava com a
plateia de forma bem descontraída, e não escondia a felicidade em poder mostrar
seu trabalho além das barreiras da periferia. Fato que não pode passar em
branco, foi o pedido de liberdade à Rafael Braga, e que pode ser entendido como
um pedido de liberdade aos muitos que se encontram nas mesmas condições. Enquanto
isso, o maior bandido governa o país impunimente, vai entender esse país...
E se a atração anterior
introduziu o rap nas apresentações do dia - Emicida destrinchou em partes
minúsculas o estilo, e elevou ainda mais a adrenalina injetada até então. Já
era de conhecimento do público que essa seria uma apresentação especial, pois
haveriam participações de Fioti e Rael. Emicida, todos já conhecem, e dava para
ver o quão era aguardado pela grande maioria, que naquele momento já sentiam os
sintomas do cansaço, proveniente de uma maratona de quase dez horas de música.
Emicida, Rael e Fioti revezavam suas performances, e com uma inquietação
absurda exploravam todas as dimensões do palco e puxavam de suas memórias
momentos do início de carreira e histórias dos anos de ``corre´´ que tiveram
que passar para chegar até ali. Emicida já não é mais uma promessa faz muito tempo.
Poderia tranquilamente ser a principal atração do Coala, mas tudo tem seu tempo
e não vai demorar muito para que isso aconteça.
Encerrada a apoteótica
apresentação dos músicos, a equipe técnica se apressa em retirar todos os
equipamentos e instrumentos do palco. E para desconfiança geral; o deixa
completamente vazio – vocês entenderam bem, “vazio! ”. É possível justificar
essa mudança abrupta de cenário, pois a próxima atração preencheria o palco com
50 anos de carreira e incontáveis sucessos. Para que mais? Caetano se posiciona
no palco apenas com seu violão e com sua leveza peculiar, seu número de
abertura foi “ estranho amor”. Só por ae raríssimo leitor, essa apresentação já
poderia ser considerada a melhor de todo o festival. Mas Caetano é Caetano! E
foi um clássico atrás do outro. Todos cantavam como em uma celebração as músicas
que marcaram e marcam gerações. Caetano não deixaria passar a oportunidade de
mandar um ``Fora Temer! ´´. Fora isso, o público parecia estar inerte em ondas
calmas só deixando se levar pela maré carregada por uma brisa de fim de tarde.
Por fim, a hora de ir embora chega como o despertar de um sonho. Que outros
sonhos como esse não demorem...
(Texto: Robério Lima)
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