Motivos não me faltam para falar de um dos
discos mais cultuados de CAETANO VELOSO, pois foi através deste álbum que pude
mergulhar de cabeça na obra do baiano. Falo do disco “Transa”, que acaba de
completar quarenta anos e merecidamente, foi relançado em CD e Vinil, e ainda
traz o projeto gráfico original “Discobjeto”
de Álvaro Guimaraes. O disco foi
gravado em Londres, e, curiosamente, jamais foi lançado por lá. Praticamente,
todo em inglês, exceções para “Triste Bahia” e “Mora na Filosofia”, o álbum sai
do eixo da MPB e cai em uma esfera fora do convencional, pois Caetano costurou
com maestria ritmos brasileiros e internacionais para moldar belíssimas musicas
desta “bolacha”. Os arranjos e a guitarra ficaram por conta de Jards Macale, e
ainda contou com as participações especiais de Angela Ro Ro, tocando flauta e
Gal Costa fazendo alguns vocais.
Sem duvida nenhuma estamos diante de uma obra
acima da media e que ainda tem muita força entre as novas gerações. Não deixem
de conhecer esta perola da musica universal, certamente não sairão ilesos deste
golpe de arte.
Como já havia acontecido no ano anterior, as especulações
começaram a borbulhar a respeito das bandas que seriam escaladas para o PMOR de
1996. E mais uma vez, os fãs foram presenteados com grandes atrações.
Era só uma questão de tempo para que o IRON
MAIDEN fosse confirmado como atração principal deste festival, e o fato de
estarem lançando novo disco e a estreia do novo vocalista davam mais motivos
para os fãs conferirem ao vivo o substituto de Bruce Dickinson. Além da “Donzela”,
foram confirmadas as seguintes bandas: SKID ROW, MOTORHEAD, BIOHAZARD,
HELLOWEEN, KING DIAMOND, MERCYFUL FATE, RAIMUNDOS e HEROES DEL SILENCIO.
Os espanhóis do HEROES DEL SILENCIO foram os primeiros
a subirem ao palco e, encontraram o estádio do PACAEMBU bastante vazio. Na ocasião,
estavam divulgando o quinto álbum, “Avalancha” pela EMI. Mesmo assim, não tiveram
muito êxito por aqui.
As próximas atrações foram muito festejadas e, vê-los
ao vivo (no mesmo festival), não passava de um sonho para os “Metalheads” Brasileiros.
O MERCYFUL FATE fez com que a pista do estádio Paulo Machado de Carvalho
lotasse rapidamente, e a emoção era imensa. Estavam divulgando o ótimo “Into
The Unknown”. O que dizer de clássicos como “Come To The Sabbath”? Rapidamente
o mestre King Diamond correu para o camarim para recompor a maquiagem (tarefa difícil,
pois o calor estava infernal!). Em menos de meia hora KING DIAMOND já estava no
palco despejando clássicos de sua carreira e novas musicas do “The Graveyard”.
Outra banda que se apresentava pela primeira
vez no Brasil subiu ao palco para emocionar aos fãs que os aguardavam desde a época
dos “Keepers”, e mesmo não contando mais com o carismático Michael Kiske, Andi
Deris (Ex-PINK CREAM 69), deu conta do recado e empolgou a plateia com perolas
do quilate de “Dr. Stein” e “Future World”.
Uma das situações mais inusitadas desta edição foi
a escalação do RAIMUNDOS, que apesar de ter incendiado a plateia foi, no mínimo,
beneficiado por tocar depois de grandes lendas do metal mundial.
O BIOHAZARD trouxe folego extra aos que já estavam
exaustos com as apresentações anteriores e divulgando disco “MATA LEAO”
realizaram uma apresentação impecável.
Lemmy Kilmister, Mikkei Dee e Phil Campbell
foram responsáveis por uma destruição sonora poucas vezes vista ate então.
Tenho que ressaltar o desempenho de Mikkei Dee que, simplesmente massacrou a
bateria e arrancou elogios ate de Nicko McBrain (IRON MAIDEN), que assistia o desempenho
na lateral do palco.
O momento mais triste do evento ficou por conta
do episodio que envolveu um dos baluartes do Hard Rock. O SKID ROW tinha tudo
para ser uma das bandas mais festejadas do festival, mas por conta de uma
radicalidade inexplicável por parte do publico, foram praticamente expulsos do
palco devido ao grande numero de objetos atirados no palco. Infelizmente, pouco
tempo depois, essa situação lastimável culminou com a saída de Sebastian Bach,
que não aguentou a pressão dos demais integrantes.
A grande atração da noite entraria no palco
para mostrar ao publico brasileiro, que mesmo sem Bruce Dickinson, dariam
muitos motivos para seus seguidores se tornarem ainda mais fanáticos pela banda.
Mesmo sem o mesmo carisma de seu antecessor, Blaze Baley conduziu os clássicos do
MAIDEN com energia suficiente para empolgar os mais de trinta mil fãs. O disco “X-
Factor” dividiu opiniões e como todos já sabem a historia de Blaze com a banda não
durou muito, mas, no final, o saldo foi positivo.
Em breve falaremos sobre a quarta e ultima edição
do PMOR realizada em 1998.
Em tempos em
que as personalidades são praticamente instantâneas e desaparecem com a mesma
rapidez com que surgem. Ver um rosto que resiste no imaginário das pessoas
mesmo 35 anos após sua morte causa até certa estranheza. A força da imagem de
Elvis é daquelas que impressionam e inspiram os que não se conformam com
desígnios piegas, tradicionais e conservadores.
Além da
imagem, além do som...
Ao falar de
Elvis, me vem na mente ousadia, irreverência, quebrar as regras. Causar!
Considero que a importância dele consiste em sua espontaneidade, por ser
intuitivo e excêntrico. Contarei, portanto duas breves sínteses de fatos que me
impressionaram e que contribuem para a minha admiração diante deste. “Logo no
início de sua carreira, ainda não famoso, Elvis se dirigiu a uma concessionária
sendo, portanto abordado por um dos atendentes do estabelecimento que o levou
para ver os carros, Elvis apontou para um Cadilac, que hoje corresponde a uma
Ferrari; O atendente o laçou com um sorriso irônico e disse algo como: Ora,
vamos ao que interessa! Mais alguns passos à frente e lhe mostrou os carros
populares. Elvis entristecido com a arrogância do vendedor saiu da loja. No
caminho encontrou um garoto que engraxava sapatos, o abordou e o levou direto
para a concessionária, chegando lá, mandou que chamassem o gerente. Em seguida
perguntou ao garoto: se eu fosse te dar um carro, qual seria? O garoto em sua
inocência respondeu: qualquer um! Elvis então disse: quero dois Cadilacs, um
pra mim e outro para o garoto, também quero que a comissão da venda seja dada
ao garoto, que foi quem me vendeu. Tudo a vista, por favor.
Outro dia,
saindo do supermercado, uma senhora lhe pediu um autografo, achando a situação
surreal, disse que era fã dele, sempre tinha apostado no seu sucesso, também
comentou que ninguém acreditaria que o autografo que recebera fosse verdadeiro.
O astro, após ter dado o autografo percebeu que a senhora andava a pé com
sacolas de compras, ofereceu-lhe então uma carona. Ao chegar à casa da senhora,
pediu que ela abrisse a porta da garagem para facilitar a retirada das compras.
Desta forma estacionou seu Cadilac na garagem e retirou as sacolas, em seguida
se despediu da senhora que tivera ajudado e saiu a pé em direção a rua. A
mulher sem entender o chamou, e disse que ele estava esquecendo o carro na sua
garagem. Elvis por sua vez, disse: É seu! Agora todos vão acreditar que o
autógrafo é verdadeiro. E faça-me um favor, se precisar, venda-o!” Desde então
foi perdido as contas de quantos Cadilacs Elvis distribui por aí. Ele adorava
dar presentes e fazer doações. Sua generosidade lhe rendeu homenagens e prêmios.
Elvis Presley,
em verdade foi perseguido e tornou-se vitima de muitos preconceitos, por ir de
encontro a um sistema estabelecido e quiçá por ter origens humildes, um
“caipira sulista”, fato pelo qual sempre foi discriminado, mas o Rei da
Guitarra Elétrica superou as adversidades, reinventado em criatividade, vigor e
emoção. Entretanto suas apresentações televisivas quebraram todos os records de
audiência, além das inevitáveis polêmicas geradas por suas performances
explosivas. Muitos de seus admiradores postulam que somente o seu talento e
perseverança o mantiveram “vivo” até os dias atuais e que a descrição de que
ele só fez sucesso por sua aparência ‘boa pinta’, não é mais considerada
admissível pelos biógrafos e historiadores da música na época, sendo
consideradas como risíveis e recheadas de clichê.
Elvis supera sua
própria lenda...
Um colapso
fulminante, associado à disfunção cardíaca parece por um fim em uma história e
dar início a uma lenda. Contudo a morte física de Elvis passa a ser um detalhe,
posto que enquanto houver desejo e emoção, Elvis Presley viverá! (Texto: Nadini Kleaim)