O Final da década de 1990 foi peculiar. O Clima por conta da virada do milênio fez com que muitos alimentassem a idéias de mudança brusca, fantasiando uma sofisticação tecnológica que beirava as histórias de ficção científica. Essa foi a geração Matrix, a mesma geração que via na música eletrônica o futuro. Por conta disso, grupos que antes formavam um gueto cyberpunk, agora comandavam a musica POP, vide o sucesso que o Prodigy atingiu. Mas ninguém foi mais bem-sucedido nisso que o DJ/produtor Fatboy Slim, que juntou um punhado de boas composições no já clássico ``You´ve Come A Long Way, Baby´´. O épico dançante ``Right here, Roght Now´´, abre o álbum com um ousado sample de James Gang, banda tradicional de Rock N´Roll que nada interessava os fãs de e-music. Em compensação, a sensacional ``Gangster Tripping´´, com seu groove pesado herdado do Hip Hop e metais Soul Music, tem samples do cultuado DJ Shadow, um guru de produção musical eletrônica. Sem pudores ou pretensão de ser respeitado pela crítica, Fatboy Slim enche sua musica de ´´fucking´´ na sensacional ´´Fucking Heaven´´. O típico peso do Big Beat aparece na eletrizante ``Build it up, Tear It Down´´, com direito a refrão rocker pegajoso. mas nada tocou mais que a irritantemente grudenta ``The Rockafeller Skank´´, faixa que ganha o ouvinte na base da insistência. Outra música que fez bastante sucesso foi a melódica ``Praise You´´.
A sonoridade do álbum é extremamente encorpada, revelando que o Norman Cook, o homem por traz do alter ego Fatboy Slim, é também um produtor talentoso. Isso fica claro nas ótimas ``You´re Not From Brighton``, ``Love Island´´ e ``Acid 8000´´.
É possível encontrar um humor paranóico no Miami Bass da ``Kalifornia´´ e na descontraída ``Soul Surfing´´, tornando a audição do disco rápida e prazerosa. ``You´ve Come A long Way, Baby``, estabeleceu de vez a música eletrônica como expressão jovem, festiva, pesada e com apelo popular, sendo secundária qualquer outra observação.
Johnny
Alf já era referência para os maiores gênios da musica brasileira quando
concebeu o seminal ´´Desbunde Total´´. Disco gravado em 1978 e que traz o
mestre um pouco mais abrangente. As composições são predominantemente de sua
autoria e possuem um toque mais eclético, em comparação ao ``Nós´´ ou ``Eu e a
Brisa´´. O piano é seu veiculo e sua voz é a luz que o guia em caminhos de
notas e arranjos tão sofisticados, que muitos morrerão sem ter a capacidade de
criar.
``Oxum´´
possui uma veia climática, e abre o disco para que as canções subsequentes
preencham os espaços, envolvendo toda a sensibilidade do ouvinte, para
evidenciar a genialidade de um artista que nunca deu bola para os holofotes.
``Que Volte a Tristeza`` é uma peça de beleza poucas vezes experimentada, e
confesso ser uma das minhas prediletas no disco. O trabalho foi produzido por
Coelho Neto e conta com arranjos de João Donato e do próprio Alf. Com essa
bagagem, o disco já nasceu predestinado a clássico. Basta ouvir a álbum poucas
vezes para entender que Johnny Alf conseguiu registrar em ``Desbunde Total´´ o
que de mais refinado já se produziu em nossa musica. Uma obra prima!