O Clash Club recebeu no último sábado mais um
evento produzido pela Cospe Fogo Gravações em parceria com a Loja 255. E como
já é de praxe, as bandas escaladas para abrilhantar a festa não decepcionaram,
como veremos a seguir; O V.M.R (Vanguarda Metal Revolucionaria), como o próprio
nome já sugere, possui um discurso político bastante enfático, inclusive
durante toda a apresentação as imagens de Carlos Marighella, Karl Marx e outros
ícones comunistas, foram projetadas no telão dando o tom da performance dos
caras. Vale acrescentar que o vocal é representado por Marcelo Mosh Rat, figura
bastante conhecida na cena por integrar o Criminal Mosh. Infelizmente a
apresentação foi testemunhada por um público ainda pequeno, mas isso não
desmotivou a banda que mandou sons do EP ``Comunismophobia``, que será lançado
logo mais. Na sequência tivemos o Sem Hastro, que conta em sua formação com
membros de São Paulo e Washington D.C. e que praticam um hardcore
violentíssimo. Sem tempo para respirar, passaram pelo palco do Clash, dando seu
recado e danificando alguns tímpanos. E quem pensou que o clima ficaria mais
ameno com atração seguinte, se enganou redondamente. O power trio feminino
Santa Muerte não conseguia conter a euforia entre uma ´´paulada`` e outra do
recém lançado EP ``Psychollic`` e conforme as meninas aumentavam a velocidade,
os primeiros ``mosh pits´´ começavam a surgir. Ainda tiveram tempo de prestar
tributo ao Sepultura com ``Troops Of Doom´´, que nas palavras da vocal/guitarra
Marília, foi a principal influência no início da banda. Já havia uma grande
quantidade de afoitos na pista aguardando a próxima atração e, posso afirmar
que não se decepcionaram. Acompanho a Cerberus Attack a muitos anos, e dizer
que evoluíram, pode soar redundante, tamanho o esforço dos caras em atingir o
patamar que se encontram atualmente. Prestes a lançar o aguardado primeiro
``full lenght`` - ``From East With Hate´´, os caras dominaram o palco desde o
primeiro acorde. A energia emanada do palco foi correspondida a altura com um
``mosh pit´´ insano. A clássica ``Welcome To Destruction´´ e sons do play que
será lançado, foram a senha do caos. Apresentação impecável, prova de que a
persistência é a principal arma dos que almejam ``voar mais alto. No final, ainda deu tempo de fazer um tributo ao Lobotomia - e contaram com o parceiro Renan do Cranial Crusher no vocais. O CrotchRot do Paraná, veio a seguir e com
uma proposta mais ousada e manteve o público envolvido. Com um som altamente
agressivo e brutal, mas com algumas inserções de sons, digamos, mais dançantes.
Nada que pudesse atrapalhar a performance. Me lembrou em certos momentos a
ousadia do saudoso De Falla. Não havia tempo para ``esfriar o sangue´´ e com os Santistas do Surra as coisas ficaram definitivamente caóticas. Muitos foram ao
Clash para vê-los, a quantidade de camisetas do Surra rivalizava facilmente com
os que vestiam as do D.F.C.. Uma avalanche hardcore tomou conta da pista. E se
ainda havia alguém resistindo em permanecer parado, não aguentou muito tempo.
Os caras ``mataram a pau´´ e mostraram que os anos de estrada só fizeram bem
para o trio santista. A apresentação inteira foi pautada por discursos de
indignação com a política e o sistema que conduz o país. ``Merenda´´ e ``Tamo
Na Merda`` não poderiam ser mais atuais. A última atração dispensa
apresentações. O D.F.C. vem desbravando o underground a aproximadamente 30 anos
e sempre com a mesma energia. Mesmo os que já estavam exaustos não arredaram o
pé do Clash Club para ouvir clássicos que sempre animam os ``bailinhos`` por
onde passam ``Vai Se Fuder No Inferno´´, ``Pau No Cú do Capitalismo Em Posições
Obscenas`` e a ``Molecada 666``, são alguns dos propulsores de adrenalina orquestradas
por Tulio e Cia. Sempre que o D.F.C.
toca em São Paulo, a festa é garantida. Não por acaso, os caras escolheram gravar
o primeiro DVD aqui em Sampa no lendário Hangar 110 em 2012. Além disso, tiveram que
disputar o público com atrações como Amon Amarth e Sepultura que também se
apresentaram na cidade na mesma data. Isso
não é pouca coisa! O que nos resta agora é torcer para que não demore para
rolar outras ´´gigs´´ como essa...
(Texto: Robério Lima)