Destaques

sábado, 27 de outubro de 2012

Saudades Da Nuvem Nove







A saudosa Nuvem Nove, que além de um ótimo ponto de encontro, foi uma das lojas de discos mais simpáticas que já conheci. Infelizmente encerrou suas atividades em 2008 e desde de então, deixou órfãos vários apaixonados por boa musica que procuravam por preço justo e por atendimento diferenciado. Basta dizer que já passaram por lá vendedores do gabarito de Sergio Alpendre (critico de cinema) e Bento Araujo (editor da revista Poeira Zine).
Felizmente os últimos dias da loja foram registrados em vídeo, o que deu origem ao documentário SAUDADES DA  NUVEM NOVE, dirigido de forma bem particular por Paulo Beto, o P.B. e contando em sua maior parte com depoimento e memorias de seu fundador, Jose Damiani e ainda relatos de funcionários que ajudaram a enriquecer a historia da loja.
Este documentário me traz a mente o privilégio de ter vivido essa historia tão particular, pois foi na Nuvem Nove que comprei muitos discos de Caetano, Gil, Zappa e uma infinidade de artistas mais obscuros, por preços bastante acessíveis.
Alguns irão dizer que hoje podemos baixar qualquer disco sem pagarmos um centavo, no conforto de nosso lar. Mas jamais sentiremos o prazer de conhecer um ``novo ´´Artista como antes.  De qualquer forma, temos a certeza de que ela se foi para nunca mais voltar e sem chegar a maioridade, nos deixou. Com seus dezessete anos de vida bem vividos, foi o recanto onde muitos deixavam o tempo passar em meio a tantos discos e ``causos da musica´´.
Ao fechar as portas pela ultima vez , Jose Damiani foi as lagrimas, certamente pela dor de findar um sonho, mas também pela morte de um formato que mudará o jeito de fazer musica.

Veja este documentário e entendam o quão importante e necessária é a musica em nossas vidas.



(texto: Robério Lima)

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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Eric Johnson – Live From Austin Texas.






Lançado em 2006 esse DVD já circulava não oficialmente entre os fãs xiitas de Eric Johnson. O show foi gravado em 1988 no programa Austin City Limits (programa esse responsável por deixar a cidade de Austin conhecida como a cidade da música). Eric Johnson é considerado um guitarrista completo e um semideus em Austin. Ele também é conhecido por sua obsessão por timbres e tonalidades. Reza a lenda que Eric é capaz de adivinhar se o plugue da guitarra é dourado ou prateado sem olhar para o cabo e distinguir a marca da bateria de seus pedais apenas pela tonalidade. É o que chamam de ouvido absoluto, ouvido esse que ficou seriamente comprometido em razão de Eric ter desenvolvido tinitus (zumbido incessante), mas hoje ele se encontra praticamente curado.
Voltando ao show, é impressionante o domínio que Eric exerce na guitarra, além de controlar toda a parafernália no palco (pedais e amplificadores). Engana-se quem acha que seu foco é apenas o timbre. Eric possui uma técnica elevadíssima, haja vista as pentatônicas tocadas com extrema velocidade, os bends violentos e os acordes com aberturas exóticas. Além disso, um fato curioso é que Eric Johnson consegue com técnica e com os recursos sonoros praticamente anular o som do ataque da palheta nas cordas, somando a isso tem também o fato de Eric não ser adepto a sons distorcidos da guitarra rock, isso colabora para que ele pesquise timbres um pouco mais suaves e aveludados. Esses dois fatores fazem com que seu timbre lembre o som de um violino. O repertório do show consiste nos dois primeiros álbuns: Tones (1986) e Ah Via Musicom (1990 – gravado dois anos após esse show). Eric também aproveita para homenagear um de seus ídolos, tocando Love Or Confusion e Are You Experienced? de Jimi Hendrix. Agora o que Eric faz em Cliffs of Dover é para deixar qualquer ouvinte boquiaberto, é simplesmente assombroso. Não é atoa que essa música lhe rendeu o Grammy Awards em 1991, na categoria de melhor interpretação de rock instrumental.
Se você procura por um guitarrista acima da média e que além de tudo possui um timbre celestial, Eric Johnson é o cara.   

(Texto: Sergio Silva)
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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Eric Clapton – From the Cradle.





From the Cradle é o décimo segundo álbum de estúdio gravado por Eric Clapton em 1994. Reza a lenda que esse disco foi resultado de uma queda de braço entre Clapton e a Warner, pois essa preferia que Clapton dedicasse apenas a discos mais voltados ao pop. Com o estrondoso sucesso de seu álbum unplugged gravado anteriormente, cujo qual continha algumas covers de grandes mestres do blues, a Warner obrigou-se a ceder aos apelos do Deus da Guitarra o deixando encarregado de escalar a dedo a banda para a gravação do disco. Colaboram no disco nomes como: Andy Fairweather-Low nas guitarras bases, parceiro de longa data de Clapton, Jerry Portnoy na gaita, cujo qual fez parte da lendária banda de Muddy Waters, Chris Stainton nos teclados, outro grande parceiro de Eric e outros grandes músicos.  Form the Cradle (Desde o berço), faz menção as músicas que Clapton ouvia em sua infância e adolescência e está repleto de clássicos do blues como: Blues Before Sunrise, canção essa imortalizada por Elmore James, nela Clapton mostra-se estar em dia com a técnica de slide, marca registrada de Elmore. Third Degree, é de autoria de outro homenageado, Eddie Boyd. Nela Clapton usa todo o poder de sua voz, ou seja, ele canta demais nesse blues lento. Reconsider Baby, foi composta pelo guitarrista Lowell Fulson (para se ter ideia da importância desse cara, o filme Ray mostra  Ray Charles pertencendo a sua banda). Clapton toca religiosamente igual a versão original. Não poderia faltar evidentemente um dos maiores clássicos bluseiros de todos os tempos, Hoochie Coochie Man imortalizada pelo pai do blues elétrico, Muddy Waters. Five Long Years é outra canção de Eddie Boyd e nela Clapton descarrega toda a sua fúria em um solo com uma pegada ferrosíssima. I'm Tore Down é de autoria de Sonny Thompson, mas Clapton a toca homenageando outra lenda que gravou uma versão dela, Freddie King. Com uma linha de baixo contagiante, Clapton faz seu solo bem dançante ao estilo do homenageado. Motherless Child é uma tradicional canção gravada em 1927 e Clapton a canta maravilhosamente bem essa canção acústica. Em se tratando de clássicos do blues, também não poderia ficar de fora It Hurts Me Too, outra de Elmore James e outra vez Clapton põe em prática sua técnica de slide (aliás, falou em Elmore James, falou em slide). Someday After a While é mais uma homenagem a Freddie King, mas sem ritmos dançantes aqui o “couro come”, grande performance de Clapton num solo memorável. Para não me estender muito, pois são 16 faixas fantásticas, Groaning the Blues que encerra o disco, é uma bela homenagem a outro ídolo de Clapton, Otis Rush. Essa música me faz pensar se ao seu término Clapton não correu até um balão de oxigênio. Haja fôlego! Fechou realmente com chave de ouro.
Sabe quando nos perguntam qual disco levaríamos para uma ilha deserta. Minha resposta desde o lançamento desse disco foi sempre FROM THE CRADLE. 


(Texto: Sergio Silva)
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sábado, 13 de outubro de 2012

Chico Cesar - C.E.U. Jardim Alto Alegre 05/10/2012.





O C.E.U. (Centro Educacional Unificado) do Jardim Alto Alegre, cedeu espaço para mais um grande artista nacional. Depois da improvável apresentação de LUIZ MELODIA, agora tivemos a honra de prestigiar um dos artistas mais criativos da musica popular brasileira. Falo do cantor Paraibano CHICO CESAR, que vem promovendo com uma serie de shows o lançamento do DVD “Aos Vivos Agora”, pelo selo Biscoito Fino.
O inicio da apresentação estava marcado para as vinte horas e, mesmo com o tempo frio e chuvoso, muitos deixaram de ver a novela para testemunhar o desempenho de mais um símbolo de persistência artística.
Logo que o publico se acomodou nas poltronas do teatro, não demorou muito para que, de forma tímida, o grupo GARAN, formado por funcionários de CEU, adentrasse ao palco para executar algumas canções de apelo popular como “Chega de Saudade” (Tom Jobim) e “Morena Tropicana” (Alceu Valença). Apesar das semitonadas e de cantar “Ainda Lembro” (Marisa Monte) lendo a letra da musica, não posso deixar de destacar o esforço dos envolvidos. De qualquer forma, acredito que ensaiar mais, certamente trará segurança ao grupo.
Depois de alguns minutos CHICO CESAR entra em cena declamando “Beradero” e na sequencia, um de seus maiores sucesso “Mama África”. Ainda sob muitos aplauso tocou “A Primeira Vista” depois seguiu praticamente a mesma ordem em que as musicas foram tocadas no DVD. Sempre muito comunicativo, conduziu a plateia magistralmente, publico este, formado por todas as idades e gostos, com toda certeza a maioria dos presentes não estavam familiarizados com certos experimentalismos, mas ninguém arredou o pé do teatro.
Devemos fazer menção, mais que honrosa a presença do jovem artista Dani Black, que apesar da pouco idade, tem um talento impressionante, acompanhando CHICO ou em números solo (foram dois) agradou bastante a todos. Filho de TETE SPINDOLA, certamente carrega no gene o talento da mãe, que em minha opinião tem uma carreira que vai além de “Escrito nas Estrelas”. 
Quase no final da apresentação CHICO ainda atendeu ao pedido da plateia, que queria ouvir “Pensar em Você” que não esta no DVD, mas que e uma de suas canções mais bonitas.  Já eram mais de vinte e três horas quando findou a apresentação e todos que ali estiveram, saíram do C.E.U bem melhor do que entraram.


(Texto: Robério Lima)
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John Frusciante - Shadows Collide with People.





Estupefato, atônito, estarrecido e assombrado, foi como fiquei ao ouvir Shadows Collide with People. Talvez pelo fato de Frusciante ter pertencido ao Red Hot Chili Peppers, eu esperava que o mesmo seguisse essa linhagem. Mas não foi bem o que aconteceu, pois a sonoridade de Shadows Collide with People, pouco tem a ver com os Peppers. Gravado em 2004  Shadows Collide with People foi composto durante as gravações de By the Way dos Peppers. Vale ressaltar também o fato de John Frusciante estar neste período completamente livre da dependência das drogas. Ao ouvir Shadows Collide with People já sabendo dessa informação, me veio à cabeça uma frase do Nelson Motta onde ele diz: ”drogas não dá talento a ninguém”. De fato, pois esse álbum é considerado dos quatro primeiros, o melhor de Frusciante.
Shadows Collide with People tem belas melodias com harmonias simples, porem envolventes. Frusciante canta de forma bem versátil suas composições, aliás, outra faceta dele que eu até então desconhecia, pois o mesmo tem uma voz bem marcante. Os destaques ficam por conta das faixas Carvel, Omission, Second Walk, Every Person (linda balada), Wednesday’s song e Song to Sing When I’m Lonely (a minha predileta).
Esta aí um disco bem legal de se curtir.

(Texto: Sergio Silva)
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domingo, 7 de outubro de 2012

Cadillac Records






Cadillac Records é um filme norte americano lançado em 2008. Pertence ao seu elenco nomes como: Adrien Brody que interpreta Leonard Chess. Jeffrey Wright que interpreta Muddy Waters. Columbus Short que interpreta Little Walter e Beyoncé Knowles que interpreta Etta James, além de  grande elenco.
O filme é narrado por Willie Dixon (interpretado por Cedric the Entertainer), lendário baixista e compositor de inúmeros clássicos do blues, além ter feito parte da banda de Muddy Waters. Dixon começa o filme com a seguinte frase: “A primeira vez que uma garota tirou a calcinha e a jogou no palco, foi por causa de um cara cantando blues. Quando as meninas brancas começaram, chamaram isso de Rock and Roll”. Daí para frente, ele começa a narrar a saga de dois caras que se cruzam. Leonard Chess, um judeu filho de polonês que reside em Chicago e que depois de ter sido proprietário de um ferro velho, arrisca-se em comprar uma boate para músicos negros tocarem. O outro, Muddy Walters, um meeiro que também se arrisca em ir para Chicago, passando então a se apresentar nas ruas. É nas ruas também que Muddy encontra sua alma gêmea musical, Little Walter, um garoto de 17 anos que domina arte de tocar gaita como ninguém. Após ambos se apresentarem na boate de Chess, esse tem a ideia de montar sua gravadora, a Chess Records. Ideia essa motivada também pelo fato de sua boate ter sido incendiada.
É na Chess Records que nasce um dos mais famosos blues, Hoochie Coochie Man composta por Dixon, sob medida para Muddy. Também passam pela gravadora futuros nomes de peso como Etta James interpretada magistralmente pela Beyoncé, que gravou cinco canções para a trilha incluindo uma cover de Etta chamada At Last, que lhe rendou o Grammy Awards na categoria Best Traditional R&B Vocal Performance em 2010. Howlin Wolf a temperamental lenda do blues interpretado por Eamonn Walker e Chuck Berry, interpretado por Mos Def.
Cadillac Records foi bem recebido tanto pela crítica, como pelo público. A New York Magazine nomeou Cadillac Records como o quarto melhor filme de 2008.
Fica aí a dica de uma bela biografia musical.

(Texto: Sergio Silva)
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sábado, 6 de outubro de 2012

The John Scofield Band - Up All Night.





Up All Night é o nome do álbum gravado pela The John Scofield Band, banda essa liderada pelo guitarrista e compositor de jazz fusion John Scofield. John tornou-se uma ilustre figura no meio jazzístico, tendo trabalhado com inúmeros músicos consagrados, dentre eles o gênio Herbie Hancock e o mito Miles Davis.
 Up All Night foi gravado em Maio de 2003 nos Estados Unidos. Pode-se notar nele várias vertentes musicais como: Jazz Fusion, Jazz Funk e o Free Funk, sendo algumas músicas com uma roupagem bem eletrônica. Aliás, o uso de samples e loops é bem dosado, tornando-se apenas mais um ingrediente na fórmula mágica de Scofiled.  Vale ressaltar também a arte gráfica, sendo as ilustrações feitas por Mark Hess.
Os destaques ficam por conta de: Philiopiety, uma bela trilha sonora para se passear a noite de carro. Watch Out For Po-Po tem as guitarras de John com efeitos e timbres pra lá de interessantes. Whatcha See Is Whatcha Get é sem dúvida a mais agradável de se ouvir. Não há como afirmar se existe perfeição, mas há de se presumir que está canção está bem próxima desse grau.  Four On The Floor é outra delícia sonora, onde John Scofield brinca com as oitavas, técnica essa tão difundida pelo eterno mestre Wes Montgomery. Like The Moon é a mais misteriosa de todas. Agora, a introdução lembra demais a música nordestina daqui do Brasil. É bem Luiz Gonzaga mesmo. É a melancólica do disco.
Fica aqui a dica para quem não está familiarizado com o gênero Jazz Fusion, pois Up All Night pode ser uma boa porta de entrada.

(Texto: Sergio Silva)
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