Destaques

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Masterchef - Entretenimento A La Carte.





Os programas de culinária se alastraram por praticamente todas as emissoras e um dos responsáveis por esse fenômeno é, sem duvida nenhuma, o sucesso do Masterchef (transmitido às terças feira na Band). Com uma dinâmica envolvente, jurados carismáticos e a condução equilibrada de Ana Paula Padrão foi um tiro certeiro para alcançar uma audiência que até então era apenas um sonho distante para a emissora paulista. Prova disso é que nesse ano, além da terceira temporada com os cozinheiros amadores, foi ao ar a primeira edição com chefes profissionais. O esquema é o mesmo de qualquer outro reality e o decorrer da competição prova isso, pois sempre traz à tona as personalidades de cada participante e o público acaba tomando partido por um ou outro concorrente. Na final exibida nessa madrugada de terça para quarta todos os ingredientes já vivenciados nas edições anteriores se fizeram presentes e mostraram que o programa tem muita lenha para queimar, pois mesmo nāo sendo diretamente decidido pelo público,  fica claro que a audiência tem peso importante no desdobramento da atração.
A certa altura da competição um dos participantes polemizou quando afirmou que o Masterchef é na verdade entretenimento puro e não um programa de culinária, mas o que não dá pra negar é que o grande sucesso do programa credenciou a marca Masterchef a ser sinônimo de comida boa por todo o país. Vamos torcer para que esse tipo de programa se mantenha firme e que "contamine" outras atrações do gênero com boas doses de bom gosto e com temperos surpreendentes.



(Texto: Robério Lima)
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Faustão E O Mallandro Trapalhão - A Missão (Primeira e Única)







Ao raro leitor ou a qualquer desavisado que ler esse texto, é importante informar que existem pessoas com gosto absolutamente fora de qualquer padrão aceitável de sanidade e esse nicho talvez seja pouco explorado. Por isso, a partir de agora e de forma esporádica daremos espaço à algumas produções mais toscas já produzidas em variados segmentos artísticos (?!). Como peça inaugural de tal façanha escolhi o terrível "Inspetor Faustão E O Mallandro - A Missão (Primeira e Única)``. Imagine o folclórico apresentador Fausto Silva com seus bordões nauseantes e o insuportável Sérgio Mallandro com seu "ié, ié, glu, glú" infestando uma produção recheada de interpretações (quanta heresia!) rasas e um elenco de dar medo. Pois é, com uma trama absurda que gira em torno do desaparecimento de  uma especie rara de codornas, cujos ovos são afrodisíacos(?!). O limite de tosquice é superado a cada "corte". Se duvida, tente suportar o detetive Faustão fazendo aqueles trocadilhos que irritam até defunto ou uma música incidental (o ovo!) que não para de atormentar os corajosos que desbravam essa abominação em forma de filme....Se não bastasse, e até para atestar essa bizarrice - o filme foi produzido pela Xuxa Produções (poderia ser pior?) e tem aquele padrão questionável de ´´qualidade`` dos filmes da loira... Bom, não dá pra dissecar muito essa ``obra`` (do verbo "obrar" mesmo) pois você corre o risco de comprometer sua sanidade... vale ressaltar que entre algumas aparições musicais (totalmente desnecessárias) , eis que Sandra de Sá aparece cantando ``Slogan´´ do mestre Cassiano - em meio a tanta porcaria, um lampejo de qualidade.
A quem possa interessar, o filme foi lançado em 1991 e foi dirigido por Mario Marcio Bandarra, mais conhecido por dirigir novelas da Globo.



(Texto: Robério Lima)







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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Kool Of Metal Fest 27/11/2016 Teatro Mars







O Festival Kool Of Metal Fest, mesmo não sendo realizado regularmente, mantém seus princípios intactos, pois permanece com a filosofia do D.I.Y. (Faça você mesmo). Sempre prestigiando bandas com trajetória semelhante a sua - e com um trabalho muito bem feito para os que gostam de um som mais agressivo. Essa edição foi realizada no Teatro Mars, que possui disposição de espaços bem particular. Logo de cara, ao adentrar ao recinto - bateria, microfone e os caras do Test no meio da pista. Como de costume chegam de fininho para desestabilizar qualquer possibilidade de calmaria. Mesmo com pouca gente para assistir à apresentação do Duo, a insanidade jorrava pelos auto falantes...alguns podem questionar o fato dos caras não estarem no cast oficial, mas quem se importa?! Afinal desde sua primeira apresentação "não oficial" na porta do Carioca Club,  essas aparições surpresa são praticamente obrigatórias - e isso certamente enriquece ainda mais o Fest e a cena.
A essa altura, uma fita de isolamento já permanecia devidamente esticada no palco, e os caras do Criminal Mosh já estavam se aquecendo para dar continuidade aos trabalhos - E tenho que confessar que possuo um carinho especial por esses caras, pois reúnem elementos presentes em pouquíssimas formações . Com "pegada" e "visu" na linha Body Count e Suicidal, mesclam letras e atitude com temática explícita  sobre a periferia e a violência cotidiana. Para comprovar o que estou falando - a apresentação começou com uma introdução dos Racionais. Merecida a escalação dos caras para o evento! Moshes e circle Pits insanos deram o tom da apresentação. Marcelo Mosh Rat levou as últimas consequências sua performance, com uma voz mais limpa e com alguns agudos não perdeu um milímetro em violência. Acompanhado de uma "cozinha" nervosa, sons como "Violência Explicita" e "Despertar dos mortos" deram a tônica do que foi mais essa performance. Saíram do palco muito aplaudidos.
Na sequência mais um "duo" - com um som mais obscuro e denso - o Paranoia Oeste  que possui uma pegada muito violenta, fez o público assistir sua apresentação com mais atenção, pois não estamos falando de um som fácil. Abusando de afinações variadas e vocais insanos - me fez lembrar uma mistura de Ministry e Celtic Frost. Pois é, o som dos caras tem que ser degustado em doses homeopáticas.
O Urutu só pelo nome já chama a atenção, pois trata-se de uma cobra muito venenosa. Contando nos vocais com Tiago Nascimento do D.E.R. O som do Urutu foge totalmente da pegada grind. Os caras fazem um som com elementos metal/punk. Veneno perfeito para atacar aos que os assistiram. Mais uma apresentação bem legal.
O variedade de estilos continuou dando as cartas e agora com o Black Coffins no palco o Death Metal brutal foi a bola da vez. Com uma postura bastante agressiva e um som pesadíssimo agitou os mais afoitos e tiveram uma resposta muito positiva por parte do público.
Com o sol já se pondo o Flicts e seu punk energético contagiou a todos. As rodas voltaram a se abrir e todos cantavam os refrões de cada música a plenos pulmões. Vinte anos de história muito bem contados!
Bom, confesso que inclusive por parte desse que vos escreve havia uma certa ansiedade já que teríamos a oportunidade de presenciar a única apresentação do Possuídos Pelo Cão em Sampa. Desde de muito cedo Túlio (D.F.C.) e Pedro Poney (Violator) circulavam entre a galera "trocando ideia"  e "tomando umas"... voltando a apresentação...insanidade é o termo mais próximo para definirmos o que se passou no Teatro Mars a partir de então - stage dives insanos e circle pits foram realizados das formas mais malucas que se possa imaginar, inclusive com muitos utilizando pranchas bodyboard para realizar os mergulhos. Musicas do disco "Possessed To The Circle Pit" e até uma versão para "Prowler" (clássico de vocês sabem quem!),foram apresentadas. O encerramento com "Semen Churchs"(referencia mais que óbvia ao clássico do Possessed), foi o tiro de misericórdia. Apresentação memorável!
Era a vez dos suecos do Dr. Living Dead fazer com que a pista do teatro Mars permanecesse em altas temperaturas. Já se passaram quase oito anos, desse de sua última passagem pelo Brasil (quando tocou no saudoso Fest "Night Of Living Thrashers"), e os caras ficaram ainda melhores e conduziram o show com domínio que só possui quem vive na estrada. Divulgando seu Mais recente álbum "Crush The Sublime Gods", não ficou pedra sobre pedra, e com um enorme carisma os suecos mantiveram o publico na mão. Houve tempo até para uma homenagem ao Sepultura com o Clássico "Inner Self". "U.F.O Attack" já o classico dos caras, e foi o encerramento perfeito para mais essa apresentação dos suecos. Apresentação perfeita!
Acham que acabou?! Claro que não! João Gordo, Jão, Juninho e Boca estão em plena forma e dessa vez tocariam o disco "Anarkophobia" na integra! Com clássicos como "Sofrer", "Mad Society" e "Igreja Universal" - impossível não ser bom. Ainda deu tempo para rolar outros clássicos como "Aids POP e Repressão", "Amazônia Nunca Mais" e "Crucificado Pelo Sistema". E da-lhe Mosh e circle Pits - parecia que a galera estava realmente possuída.
A interação entre público e bandas foi exemplar e o empenho dos organizadores para que nada desse errado é digno de nota. Agora é esperar que o pescoço e as dores no corpo passem logo e que não demore por uma próxima edição do Festival. Vida longa Kool Of Metal Fest!



(Texto:Roberio Lima)
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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Odair José - Odair José (1973)







Odair José, cantor que sempre priorizou o popular e injustamente foi classificado como brega teve uma produção intensa e atingiu patamar significativo de admiradores. Injustamente dizem que ele é o Pablo de sua época – o que pode ser encarado como uma tremenda falta de conhecimento, pois suas musicas vão  muito além da dor de corno e suas melodias são de ótimo gosto.
Em uma época onde o regime militar tinha como prioridade não deixar chegar ao grande público mensagens ditas subversivas, Odair José também sofreu as consequências dessa paranoia militar. Suas composições enveredavam pelo pouco visitado mundo das empregadas domésticas, garotas de programa e personagens menos assistidos e admirados pelo grande público. Talvez essa tenha sido a grande sacada de seu disco lançado em 1973, pois Odair José não se utilizou de grandes recursos linguísticos e priorizou o estritamente popular – o que de forma alguma pode ser encarado como demérito, até porque um dos maiores hits desse disco e da carreira de Odair José “Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula)” juntamente com “Deixe Essa Vergonha de Lado” e “Revista Proibida” foram o fio condutor de um discurso que elevou ao status de protagonista persongens até então sem “voz”.
Odair José vendeu muitos discos nos anos 70 e dizem que chegou a superar Roberto Carlos em certo momento. Seu prestígio foi enorme, e esse disco foi um dos principais responsáveis por essa façanha.
Aos descolados de plantão e até mesmo aos que querem apenas reviver uma época, revisitar esse disco é uma grande oportunidade de apreciar uma obra popular de muito bom gosto.



(Texto: Robério Lima)


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domingo, 9 de outubro de 2016

Richard Wright - Wet Dream








Wet Dream é o primeiro álbum solo de Richard Wright. Lançado em 1978, foi produzido pelo próprio Wright . O disco contou com a colaboração de: Snowy White (ex Thin Lizzy) na guitarra, Larry Steele no baixo, Reg Isidore ( ex Robin Trower) na bateria e Mel Collins (ex King Crimson) no saxofone e na flauta.
Vale lembrar que durante o processo de gravação do álbum, Richard estava passando por momentos turbulentos, como crise em seu casamento e desentendimentos entre membros de sua banda, o Pink Floyd.
A maioria das dez músicas é instrumental e vão aqui alguns destaques:
Mediterranean C contém uma bela introdução de piano de Wright e um solo de guitarra que a meu ver, devido ao excesso de efeitos como reverb e deley, tiraram a pagada do ótimo Snowy White.
Against the Odds nos brinda com a voz profunda e melancólica de Wright. Nessa música, ao contrário da anterior, notamos a pegada de White, agora ao violão.
Cat Cruise é a Floydiana do álbum, com tudo que se tem direito: introduções ao piano, viradas de bateria e solo de sax, mas a guitarra Snowy White surpreende ao se afastar contundentemente do estilo de David Gilmour, fazendo uso do eco e dando uma “cara” bem original ao solo.   
Summer Elegy é uma música bem suave e agradável que serve de música de fundo, enquanto se degusta um bom vinho ou enquanto se dirige por uma estrada.   
Drop in from the Top é a mais animadinha do disco. Lembra vagamente um reggae e contém uma destacada de baixo.
Pink's Song tem um lindo solo de flauta executado por Mel Collins.
Funky Deux é a mais legal e virtuosa do disco. Um fusion fankeado pra ninguém botar defeito.
Infelizmente Richard Wright nos deixou em Setembro de 2008, vítima de câncer, mas sem dúvida alguma seu legado para a música será eterno.


(Texto: Sergio Silva)
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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Erasmo Carlos - Erasmo Carlos E Os Tremendões (1970)








Em 1968 sufocada pela repetição e posta em xeque pelas inovações tropicalistas, a Jovem Guarda chegava ao fim. Roberto Carlos, quando percebeu que a fórmula havia se esgotado e os dias de glória do programa/movimento havia ficado para trás, saiu em busca de novos rumos: deixou o programa, aproximou seu som do soul e das baladonas italianas,se consagrou em San Remo e seguiu para uma nova etapa; Erasmo Carlos e Wanderléa ainda tentaram, sem sucesso, tocar o barco por mais alguns meses, mas acabaram sucumbindo. E, diferente do parceiro, o Tremendão não enxergou o fim com naturalidade. Perdido com o fim da festa de arromba, que ele pensava que iria durar pra sempre, ficou na beira do caminho durante algum tempo, amargando a mudança dos ventos, até que, renovado pelas novas influências que começava a assimilar e disposto a se entregar a diferentes experiências musicais, o roqueiro disse adeus aos tempos de iê iê iê, voltou para o Rio de Janeiro (encorajado por “Aquele Abraço” de Gilberto Gil) e deu a volta por cima. Foi assim que surgiu o subestimado álbum “Erasmo Carlos e os Tremendões”.
Logo na abertura é possível antever o clima de mudança: “Desconfio que eu estou detendo o progresso, estou dez anos atrasado”, diz o compositor no samba rock,“Estou Dez Anos Atrasado”, parceria com Roberto, faixa que abre o disco, admirada pelo pessoal do "O Pasquim" (a sua letra traz críticas ao conservadorismo comportamental na qual estava alicerçada a ditadura vigente) e que foi incluída em 2015 no show/DVD “Meus Lados B”, onde comemorando seus 50 anos de carreira fonográfica, Erasmo apresentou músicas desconhecidas de seu repertório, mas que figuravam entre as suas preferidas . Em seguida, o groove do rock funk “Gloriosa”, com letra do então iniciante Vitor Martins, joga o clima para o alto. A triste “Espuma Congelada”, do obscuro baiano Piti, que também ganharia uma gravação de Clara Nunes, chega cheia de lirismo e psicodelia tropicalista, com mudanças de andamento e um belo arranjo de Chiquinho de Moraes. “Ficou no vento a minha cor, ficou por dentro a minha dor”, canta o quase baiano roqueiro carioca. O clima de despedida segue em “Teletema”, uma das muitas pérolas do pianista Antonio Adolfo em parceria com Tibério Gaspar (a primeira canção composta para uma terlenovela – “Véu de Noiva”), lançada em 1969 pela cantora Regininha. “Em cada curva, sem ter você vou mais só”, canta gilbertinianamente aquele que, anos antes em suas correspondências para o amigo Tim Maia, assinava Erasmo Gilberto. Destaque também para o belo piano e as harmonias vocais (pena que a falta de informações sobre a ficha técnica não esclareça quem está participando). Licks funk de guitarra e grooves de baixo fazem o soul, estilo que o cantor já havia flertado no disco anterior, rolar solto, enquanto Erasmo troca os carrões da boa vida de playboy da Jovem Guarda por um “Jeep”(mais uma letra de Vitor Martins) sem capota dos bichos-grilos cariocas. O hammond de Lafayette - instrumento cujo som tornou-se símbolo da Jovem Guarda depois que o Tremendão e o organista mais famoso do país se depararam com ele no estúdio na gravação do primeiro compacto de EC- ataca e entra em cena uma das canções mais bem sucedidas da parceria Roberto/Erasmo: “Sentado à Beira do Caminho”. Com uma estrutura simples, que se repete por toda canção, inspirada em “Honey”, de Bobby Russell, e com metais executando fraseados de bolero, a música, que foi gravada também com retumbante sucesso em espanhol e italiano, narra de forma metafórica o fim da Jovem Guarda e a desilusão do cantor perante o fim do sonho. O refrão da canção (Preciso acabar logo com isso, preciso lembrar que eu existo), inclusive, foi concebido por Roberto Carlos durante um cochilo, enquanto eles a compunham. Golaço! A música, lançada em compacto meses antes do álbum, logo se tornou um enorme hit, entrou para a trilha da novela “Beto Rockfeller”, entre outras trilhas (inclusive do blockbuster “Doze homens e outro segredo”) e colocou Erasmo de volta ao topo das paradas, tornando-se presença obrigatória em suas apresentações. Violão á lá Jorge Bem, com quem o músico havia morado junto anos antes, cuíca, tamborim e o Lado B inicia-se com “Coqueiro Verde”, um samba-rock de arrasar (embora creditado a dupla Roberto/Erasmo foi composto somente por Erasmo), que marca a volta do compositor ao Rio de Janeiro e homenageia sua noiva Narinha e símbolos da cidade maravilhosa da época ( a atriz Leila Diniz, o tabloide “O Pasquim” e a boate “Le Beateau”). Mais um sucesso. Mais uma canção emblemática da sua carreira. Nota dez! “Saudosismo”, de Caetano Veloso, aparece a seguir, firmando de vez o casamento do jovem-guardista com o tropicalismo e a MPB. “Eu, você, João, girando na vitrola sem parar”, canta Erasmo, sob mais um belo arranjo de Chiquinho de Moraes, a letra cheia de referências a clássicos da bossa, àquela altura nem tão nova assim, em homenagem a João Gilberto (“Melhor que ele, pra mim, só o Elvis”, escreveu Erasmo, em sua autobiografia “Minha fama de mau”, sobre o pai da bossa-nova) e terminando com a expressão "Chega de Saudade!". Surpreendendo ainda mais, uma insuspeitada “Aquarela do Brasil” surge no disco transformada em samba-rock. A instrumental “A bronca da Galinha (Porque viu o galo com outra) “ é mais um soul arrasa quarteirão, no melhor estilo Tim Maia, cheia de metais, palmas e “Hey!”. “Menina”, de Carlos Imperial em parceria com o falecido ator Ângelo Antonio, é uma balada, no clima das gravadas por Simonal, mas que fica abaixo das outras canções do disco, que se encerra com a balada “Vou Ficar Nú Pra Chamar Sua Atenção”, feita às pressas com o amigo para ser um clipe no filme “Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa” (que seria o filme mais assistido no Brasil em 1970), gravada, inclusive, com o Tremendão gripado. Mais um sucesso nas paradas, motivado pela aparição no filme, a canção gerou algumas críticas dos conservadores pelo seu título. Alguns anos depois, na sua fase de aspirante a Julio Iglesias, um comportado Roberto Carlos a regravaria com o título de “Preciso Chamar Sua Atenção” e trocaria a última frase (“Vou acabar ficando nú pra chamar sua atenção”) por um tímido “Só me falta ficar nú pra chamar sua atenção”. Além de chamar a atenção, Erasmo, produtor artístico do álbum, encerraria com essa música, um disco de reflexões, despedidas e mudanças, que mostraria seu amadurecimento artístico.
Último disco gravado pela RGE e com uma capa que traz certa semelhança com o estupendo disco que o parceiro Roberto havia acabado de lançar, “Erasmo Carlos e Os Tremendões” marca a virada do artista de popstar do iê iê iê para um dos grandes compositores da música brasileira. No ano seguinte, assinaria contrato com a Phillips e, com liberdade total para gravar o que quisesse, faria o lendário “Carlos, Erasmo” e iniciaria a sua chamada “fase hippie”, em que faria uma série de álbuns espetaculares e entraria para sempre entre os grandes nomes da nossa música popular. O gentil e indestrutível Gigante do rock brasileiro.



(Texto:Leandro L.Rodrigues)
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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Renato Russo – The Stonewall Celebration Concert








Como a maioria das pessoas que eram jovens entre os anos 80 e 90, eu também era fã da Legião Urbana. Desde a morte de Renato Russo, até os dias de hoje, ouvir as músicas da banda se tornou algo involuntário devido à onipresença das canções em todas as mídias, incontáveis regravações por artistas de diversos estilos diferentes e mais um punhado de tributos e reuniões da banda. Com essa notoriedade infinita, escrever sobre a banda brasiliense pode ser, para muitos, “chover no molhado”.
Eu mesmo devo admitir que não ouço os discos da banda há muito tempo. E faz muito tempo que prefiro ouvir os álbuns em idiomas diferentes que Russo gravou entre 94 e 96: The Stonewall Celebration Concert, em inglês e Equilíbrio Distante em italiano. O primeiro eu considero ainda mais importante.
Em 1994 me lembro do trio no programa Jô Soares Onze e meia. Eles ainda estavam divulgando O Descobrimento do Brasil. Mas o Renato deu uma cópia do CD solo que estava lançando. Meses depois, uma novela da Globo tinha uma música dele na trilha sonora. Achei estranho o som. Uma amiga nossa que era a mais fanática pelo grupo comprou o CD. Peguei emprestado, tentei ouvir e falei: “não dá”. Aquilo não descia pra quem ouvia Legião, Alice in Chains, Guns n´Roses...
Quase dois anos depois, um grande amigo insistiu para que eu ouvisse com mais atenção e ainda umas recomendações de algumas faixas. A partir daí minha opinião começou a mudar.
A grande prioridade do projeto solo de Renato Russo era homenagear clássicos da canção popular norte americana, famosas pelos seus compositores como Stephen Sondheim e Irving Berlin. Mas também há algumas exceções, de artistas mais contemporâneos, como Garth Brooks.No caso de algumas mais clássicas, o som se resume à voz e piano. É o caso de “If I loved You”, curta, mas poderosa; “Say It Isn’t  So”, voz dramática, piano dramático.
“Paper of Pins” é uma canção tradicional americana, bobinha, parece infantil. “Close the door lightly when you go” acredito que seja uma canção Country bem antiga, bem acústica, Renato chega a forçar um sotaque caipira. “When You Wish Upon a Star” é a famosa canção do Pinocchio da Dysney. “Miss Celie’s Blues” é um Jazz em que Russo mete um vozeirão de negro. Uma composição de Quincy Jones e Lionel Richie. “Lets Face the Music and Dance”, de Irving Berlin é a voz de Russo por cima do arranjo original da época. Ou reproduziram um som semelhante. Me lembro que o cantor falou sobre essa música na entrevista para o Jô.
“I Get Along Without You Very Well” é uma balada acústica  com sua voz mais doce e serena. Parece Legião Urbana, uma das poucas. “Somewhere In my Broken Heart” é uma balada Country melosa, daquelas que você ouve duas vezes e parece que ouviu a vida toda. “Cherish” é aquele clássico da Madonna que, então, era recente. Aqui, completamente acústica. Meu amigo disse “ele matou o pop da música”. E ele estava elogiando. ”Cathedral Song”, de Tanita Tikaram foi gravada por ele antes da versão em português da Zélia Duncan explodir no Brasil inteiro. “And So It Goes” é de Billy Joel, um artista que aprecio muito, mas não conheço essa canção dele. É bem dramática, com sintetizadores. “Old Friend” é uma bela canção sobre amizade e os anos que passam muito rápido. “If You See Him Say Hello” é de Bob Dylan, o artista que está em todos os discos de regravações. Simplesmente perfeita, com piano e violão, uma das mais alegres  e roqueiras do disco.
“Clothes of Sand”, de Nick Drake, acrescenta mistério à canção de forma que tinha um formato bem simples. A cobriram com um arranjo sofisticado, mas ainda assim é curtinha, mas um grande momento. “The Ballad of the Sad Young Man” é o momento mais gay do disco. Mais uma que parece ter saído de um musical, deve ser. Uma canção boêmia, ele parece cantar como um bêbado. O piano, o sintetizador, a voz...simplesmente de arrepiar. “Love is” é uma letra bem simples, repetitiva, tolinha até. Mas os ricos arranjos que imitam acordeom enriquecem a canção.  “If Tomorrow Never Comes”, do Rei do Country Garth Brooks, é uma balada épica que na época havia se tornado minha segunda favorita. Com o passar dos anos passei a acha-la um pouco melosa. Mas é uma grande performance.
“Send In the Clouds” abre o disco. É a tal canção da novela. Que voz. Ora potente, ora suave. Acompanhada do belíssimo piano. “Somewhere”, assim como “Send In The Clouds” é de Stephen Sondheim. Canção do filme “Amor Sublime Amor” que atravessará gerações.  Uma performance magnifica do Sr. Carlos Trilha no piano e programações. E o que dizer do vocal de Russo nessa canção? Emoção a flor da pele. Chegamos a “The Heart of the Matter” da carreira solo de  Don Henley, lenda do Eagles. Não sei se ele ouviu a versão do Renato. Se sim, deveria reconhecer que essa é superior. Tornou-se uma balada épica arranjada no sintetizador, que vai crescendo até chegar num clímax intenso. Uma interpretação muito emocionante que vai da melancolia ao sofrimento, do inconformismo à esperança.
Para aqueles que conhecem o álbum e não entenderam a ordem que apresentei das canções, estão na minha ordem de preferencia.
O título do disco se refere a protestos homossexuais que ocorreram  em Nova Iorque no ano de 1969. Parte dos lucros obtidos foram destinados a entidades sociais.

Carlos Trilha toca piano e é responsável pelas programações eletrônicas. Ele acompanhou Russo também em Equilibrio Distante.


(Texto: Francisco oliveira)

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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Thina Curtis Arte Educadora,Poetisa, Escritora e Militante Dos Fanzines e Publicações Independentes.





Você Já leu um fanzine ? Você já fez um fanzine? 
Se a resposta for não ,tudo bem não se incomode pois muitas pessoas ainda não conhecem o que é um fanzine.
Para quem frequenta ou frequentou shows de punk rock/Hardcore ou Gigs  contra-culturais e eventos de poesia marginal provavelmente já conhece e pode certamente ter produzido ou produzir algum fanzine.
Fanzines são publicações independentes feitas de forma artesanal de  diversos formatos,alguns abordam historias , poemas, versos e tudo mais que o autor quiser transmitir artisticamente, bastante popularizado durante os anos 80,90 e até hoje dentro do movimento punk, os fanzines funcionavam como uma espécie de correio,informativo e material de expressão máxima da arte produzida por toda uma geração, para falar um pouco sobre a contra cultura do fanzine convidamos uma das  mais importantes militantes  dos fanzines, Thina Curtis  Arte educadora,Mãe,poetisa,escritora que nos conta um pouco de sua trajetória de dedicação aos fanzines a arte e a cultura, além de falar sobre seu coletivo fanzinada que promove o evento fanzinada uma feira totalmente dedicada aos fanzines e publicações independentes, confiram.







1-(Salada Itinerante) Praticamente sua historia se confunde com a historia do punk rock no ABC paulista uma vez que você viveu o inicio da cena punk por lá tanto acompanhando shows gigs quanto publicando editando e lançando fanzines gostaria que fizesse um paralelo de sua história com a historia do punk rock no ABC ?

1-(Thina Curtis) Verdade, sempre tive grande influência não só do estilo musical, mas da atitude punk, a ideia do faça você mesmo, o de correr atrás e fazer.
Vivenciei de perto a época das greves, as lutas sociais tudo era muito próximo devido a relação do meu pai com movimentos de esquerda então cresci com isso já enraizado.
E fanzines e movimento punk tem uma conexão muito forte.
Tenho grandes amigos de bandas, professores, ativistas sociais e culturais, faz parte de mim.



2-(Salada Itinerante ) Como você consegue conciliar sua vida pessoal uma vez que você é mãe e dona de casa com os trabalhos de Arte educadora , poetisa e editora de fanzines e jornais ?

2-(Thina Curtis)Creio que tudo que fazemos com alma, amor, tudo que é verdadeiro flui.
Da pra conciliar, ser presente, da pra ser mulher, mãe, poetisa fanzineira rs, da trabalho, mais vale a pena, creio que não me sentiria feliz se tivesse que abrir mão de algo que gosto e acredito. Tenho 2 famílias rs, a minha que construí e a das artes.






3-(salada Itinerante) Atualmente você vem trabalhando como arte educadora em uma escola no extremo leste da cidade de São Paulo no Bairro do Jd São Rafael , explique-nos um pouco sobre este trabalho ?


3-(Thina Curtis) É gratificante poder fazer algo dentro de uma escola, embora a maré sempre tende a ser contra.

As periferias precisam muito de projetos assim, e de pessoas que acreditem nisso também. Não adianta ter projetos culturais se não houver parceria, apoio.

Eu adoro trabalhar com a molecada, é um trabalho de formiguinha, mas tem suas compensações!

A inclusão de atividades na área de comunicação popular(fanzines, jornais,publicações independentes) é mais um passo significativo no sentido de possibilitar aos jovens novas oportunidades de formação cultural e social.

Estou também em outro projeto de Arte Educação em uma escola na zona norte de SP, junto com a Fabi Menassi(que também é minha parceira nas hqs) e Carlos Rogério Amorim( Central Zine/AfroEscola) tocamos o Projeto Arte Moderna E Contemporânea.






4-(Salada Itinerante ) Você faz parte do Coletivo Fanzinada , coletivo que realiza diversos eventos dedicado aos fanzines tanto na cidade de São Paulo quanto fora da cidade , conte-nos um pouco sobre a historia do Fanzinada e suas edições . Como funcionam e qual a periodicidade dos eventos que vocês realizam ?

4-(Thina Curtis)Sim, sou responsável e faz tudo também rs.
Surgiu mesmo de várias necessidades ligadas aos fanzines.
Surgiu a princípio para fanzineiros lançarem/divulgarem seus trabalhos, trocarem ideias, comemorar o dia internacional do fanzine.
E depois o Dia Nacional do Fanzine que acabamos de certa forma sendo responsáveis.
A  Fanzinada é uma mistura de várias linguagens artísticas e culturais. Acabou se tornando um evento de referência no circuito dos fanzines, por ser um evento envolvente, itinerante e criativo. É uma ação simbólica pela preservação da memória dos fanzines no Brasil.



Sempre estamos fazendo exposições com zines antigos, clássicos, raros e ao mesmo tempo tendo lançamentos de zines novos. Independente se a pessoa que esta lançando já é uma veterana ou é o primeiro zine.
Pessoas de todas idades já lançaram zines conosco!
E assim sigo dando continuidade na história zineira DIY.
E aí também não temos uma periodicidade.
Fanzine para mim é mais que uma paixão é missão mesmo!






5-Salada Itinerante) Recentemente tivemos a extinção do ministério da cultura , apesar disso os eventos artísticos e culturais continuam resistindo , tanto na periferia quanto em todas as imediações da cidade .Qual sua opinião frente a o fim deste ministério e como você vê os eventos artísticos e culturais atualmente?


5-(Thina Curtis) Tempos difíceis esses.
Tempos que me fazem pensar na ditadura.
A arte ela vai resistir sempre isso é fato, somos guerreiros, espírito livre! Vivemos a Utopia!
Saímos perdendo em relação a tantas coisas que eram realizadas devido ao Ministério.
Projetos, editais, verbas, intercâmbios...
Um país que não valoriza sua cultura é um país que só pode ter o resultado que estamos tendo agora nesse momento.
Violência,caos, um povo que não lê, não é politizado, logo não conhecem seus direitos, isso porque estamos numa suposta democracia.
A cultura ela tem que ser ensinada desde o ventre.




6-(Salada Itinerante) Recentemente você participou do 22 º Fest Comix um festival de Hqs já tradicional , como foi a experiência de realizar uma oficina de fanzines em um dos mais tradicionais eventos de HQs do Brasil ?
6-(Thina Curtis) Gratificante!
Primeiro tenho que agradecer a “Gabriela Franco” do Minas Nerds que tem aí um trabalho muito bacana de empoderamento feminino nas Hqs e Cultura GEEK E Pop, e levar o fanzine a locais assim sempre é muito bacana, muita gente ainda hoje em dia e ainda nesses eventos não conhecem fanzine e não sabem as possibilidades incríveis através dele.
Curti bastante o evento!











7-(Salada Itinerante) O universo dos quadrinhos e dos fanzines sempre foi composto em sua maioria por homens , como você analisa a participação feminina no mundo das artes sequencias e no mundo dos fanzines ?


7-(Thina Curtis) Realmente o universo dos quadrinhos é bem complicado quando pensamos na participação feminina.
É muito conservador, machista, embora isso esteja mudando, e para isso muita discussão e muita luta.
Mais também existe muita mulher que produz e as pessoas não conhecem, as meninas se sentem inseguras de participar de eventos que praticamente sempre foi frequentado por homens.
Isso é incomodo pra mim, porque pra mim a arte não tem sexo! Ela é única, igualitária.
Homens e mulheres podem ser bons quadrinistas, roteiristas, ilustradores etc...
Em relação aos fanzines creio que ele por si só já traz algo mais libertário e não seja tão restrito quanto os quadrinhos.
Sempre vi bem mais mulheres produzindo fanzines do que hqs.
Até porque os zines podem ser de qualquer assunto.


8-(Salada Itinerante) Atualmente estamos passando por um conturbado momento na historia política nacional , como você enxerga isso . qual o posicionamento que você busca ter referente a isso e de que forma você aborda isso tanto nos fanzines quanto com as crianças que você trabalha ?

8-(Thina Curtis) Que elas leiam, pensem, questionem.

Produzam, criem, não fiquem na inércia ,sendo marionetes sendo manipulados.

Vivemos um fogo cruzado atualmente.

Porem com tanta coisa ruim é hora também de repensar a escola,a política, os conceitos.

A necessidade de revisão do sistema educacional brasileiro é evidente. 











9-(Salada Itinerante) Durante um tempo você trabalhou como arte educadora na fundação casa , como isso marcou sua carreira e quais as experiências marcantes você viveu por lá que possam ser citadas ?

9-(Thina Curtis) Deixou marcas, o quanto precisamos urgente de cuidar de nossos jovens.
O quanto a família faz a diferença.
O quanto o descaso de toda uma sociedade para nossas periferias estão cada vez mais levando adolescentes talentosos, sonhadores, crianças ainda para o crime, para as drogas.
Com certeza o que mais me marcou foi ter trabalhado na Casa das Mães, lá me vi sem chão,ao mesmo tempo foi um desafio, ministrava oficinas para mães e bebês.
Foi uma experiencia única que vou carregar pra sempre em minhas lembranças, sempre me emociono quando lembro do tempo que passei lá, ali você ve o quanto é importante a arte, a educação, o quanto coisas simples como um sorriso e um abraço podem fazer a diferença na vida dessas meninas e bebês.
Através dos fanzines tivemos um vínculo materno, fraterno, enquanto produzíamos.
creio que a arte tem essa característica. O olhar para o outro, se colocar no lugar do outro romper pré-conceitos.


10- (Salada Itinerante ) Quais as principais dificuldades que impedem os artistas independes de publicarem hqs e fanzines no Brasil . O que você acha que mais impede a produção artística independente neste pais?

10-(Thina Curtis) Creio que desde sempre é a grana para bancar o trabalho autoral.

Pq hoje em dia temos muita coisa a favor em questão de divulgação, espaços, mídias.

A falta de verba para fazer os projetos acontecerem acaba sendo o fim dos projetos.

Nas hq's sinto falta da identidade cultural. Parece que as pessoas tem medo de falar sobre o que vive, sobre nossos problemas, sobre nossas riquezas.

Valorizar o que temos a nosso favor e de melhor.

Ainda vivemos em tempos de cultura de massa, só vende hq se for super-herói e gringo.

Nada contra heróis gringos, curto, coleciono e tal, porém sinto falta de representatividade.

Estamos avançando mais ainda em câmera lenta.






11-(Salada Itinerante) Para finalizarmos deixe um recado a todos que admiram seu trabalho , deixe uma previa sobre os seus próximos projetos o que esta por vir da mente desta ruiva militante dos fanzines ?
11(Thina Curtis) Eu agradeço a todos que me seguem, comentam, me escrevem, me enviam fanzines!
Me incentivam de alguma forma!
Agradeço você Danylo por me ceder esse espaço para falar um pouco dos fanzines.
Bom estou envolvida com várias coisas ligadas aos zines, quadrinhos, poesias.
Semana que vem dia 07/08 a Fanzinada estará participando mais uma vez do Festival de Inverno de Paranapiacaba e teremos uma programação muito bacana!
Temos alguns eventos marcados para esse ano também.
E eu estou sempre por aí em algum evento, seja prestigiando, seja ministrado oficinas, palestras, participando de debates.
Em agosto também farei umas intervenções com Fanzines em parceria da Secretaria da Juventude de Santo André.
O importante é não parar, é estar em movimento em ação!

Neozine
Eu hoje amanheci
Uma colagem de mim mesma
Um mosaico de sentimentos
Uma xerox multiplicada
Do meu interior
Colada, reescrita
Um carimbo na memória
Um impresso de emoção
Composta em diversas texturas, cravadas na alma
Em vários procedimentos e possibilidades
Um experimento ilustrado
Uma releitura em vários contextos
Meu nome é pluralidade
De uma leitura original
Atemporal
Espalhada por aí...
Thina Curtis


Próximo evento do coletivo fanzinada


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quinta-feira, 21 de julho de 2016

Vanusa - 1973








Com sua voz doce, mas nem por isso, menos letal, Vanusa nos brinda com sua obra prima auto intitulada de 1973. Um disco admirável e  que sintetiza o auge da cantora - que une o que há de mais conciso em seu repertório, pois assim como o fez no disco de 1969, mescla diversas influências que dão o toque de mestre ao conjunto da obra.
O disco abre com “Manhãs de Setembro”(Vanusa – Mario Campanha), que é uma das músicas mais bonitas da cantora, e  uma das mais belas da MPB. Em seguida “Você Não Morreu”(Antônio Marcos – Portinho),que não deixa por menos e escancara uma interpretação inspiradíssima.
Um  dos fatos mais intrigantes e que dá o tempero especial à bolacha, está contido na música “What To Do” (Papi – Alf Soares) que possui semelhança com “Sabbath Bloody Sabbath” dos ingleses do Black Sabbath. O mais curioso é que o disco do Sabbath foi lançado meses depois do disco da cantora. Polêmicas a parte – a verdade incontestável é que as duas canções são excelentes e o fato da versão dos ingleses ser infinitamente mais conhecida não é demérito para a interpretação inspirada da cantora. Absolutamente desnecessário dizer que as demais canções do disco são igualmente empolgantes e tornam o conjunto da obra indispensável.
Se você não conhece esse disco, não perca tempo, pois o tempo é implacável com os que se privam de conhecer admirável expressão artística, e Vanusa não se faz de rogada quando se fala em trabalhos de qualidade.



(Texto: Robério Lima)

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quarta-feira, 20 de julho de 2016

Sebah de Assis - O Som do Bando Rock Rural e Resgate Cultural.




Sebah de Assis musico e gestor de projetos culturais do Ceu (Centro Educacional Unificado ) São Mateus , concedeu esta entrevista para o nosso blog falando sobre sua carreira musical além do seu projeto cultural O Som do Bando que se trata de uma confraria de músicos que se reúnem  mensalmente para  celebrarem um resgate as musica autoral mesclando influencias de musica  mineira de raiz , rock and rol e mpb  o projeto vem ganhando espaço no circuito musical independente de São Paulo , confiram isto e muito mais na entrevista a seguir ,












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segunda-feira, 11 de julho de 2016

Songbook Noel Rosa - Vários (1991)








Noel Rosa foi o grande modernizador da música popular brasileira. Vivendo na época em que a indústria fonográfica começa a expandir a música para grandes públicos, o compositor oriundo da classe média e ex-estudantes de medicina foi um dos responsáveis pelo samba deixar ser um batuque relegado ao fundo do quintal da Tia Ciata e outras famílias (na sala principal tocava-se chorinho)ou aos morros e assumir o padrão de música símbolo dos sentimentos das diferentes classes de um país que precisava repensar-se enquanto nação. A música popular brasileira (não confundir com música de massas, que é outro papo) tal qual a conhecemos hoje é fruto, sobretudo, da obra do poeta da Vila. Sua linguagem coloquial, sua abordagem dos diferentes sentimentos das diferentes classes, seu humor requintado (como definiu Bernard Shaw: aquele que arrasta uma lágrima com a risada), suas melodias em consonância com as letras, suas crônicas da vida carioca dos anos 30, seu talento para
criar em vários estilos e mesmo assim se manter ligado ao samba, sua aversão -sem xenofobia - a estrangeiros, tudo em Noel era moderno. Moderno e original. Sem se prestar ao papel de compositor oficial - papel que muitos sambistas adotaram ao passar a compor, em troca de um bom apoio, letras que estivessem em sintonia com a ideologia do Estado getulista - o filósofo de Vila Isabel se manteve independente e original até o fim de sua curta vida. Foram necessários apenas 26 anos para que virasse a música brasileira de pernas pro ar, fazendo-a evoluir como nunca, e deixasse um legado de quase trezentas canções.
Almir Chediak também teve vida curta. Viveu pouco mais de quarenta anos. Assim como Noel foi vítima da doença de seu tempo. Noel morreu da incurável tuberculose. Chediak foi vítima da violência urbana. E se o filósofo do samba deixou uma vasta obra de canções populares, o professor de violão, arranjador e compositor de trilhas deixou seus preciosos songbooks, livros musicais, lançado pela sua editora "Lumiar" que decodificavam as obras dos grandes nomes da nossa música, revelando em detalhes suas partituras e conceitos a partir do ponto de vista do próprio compositor. A idéia surgiu na casa de Caetano Veloso, enquanto Almir dava aulas de violão a Moreno, filho do cantor. Quando foi a vez de criar o de Noel, o organizador pediu a vários compositores da música brasileira de então que dessem concepções mais atuais ao trabalho do compositor, falecido há mais de cinquenta anos. Foi quando Moraes Moreira sugeriu que gravassem um disco com cada um dando sua versão de cada música. Nascia assim o primeiro do extenso catálogo de songbooks gravados e lançados pela "Lumiar discos".
Lançado em 1991, "Songbook Noel Rosa", o disco, reúne uma verdadeira constelação da música brasileira. A linha evolutiva traçada pelo talento do jovem de Vila Isabel encontra ali seus resultados. O disco abre com Tom Jobim dando sua visão de "Três apitos". O compositor carioca, que tem na sua bossa-nova a continuação natural da modernização de Noel, recria, com seu natural requinte e sofisticação, o samba-crônica que trata de um Brasil que deixa de ser rural para se modernizar com fábricas de tecido, buzinas de carro, operárias e tudo mais. Tom aparecerá de novo cantando "João Ninguém", canção em que o poeta retrata os tipos que não eram nem operários nem burgueses, os marginalizados pelo sistema. "Gravei essa música porque no Brasil hoje todo mundo é João Ninguém", fuzilou o maestro na época das gravações. Os tropicalistas Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa também marcam presença. Gil com o clássico "Com que roupa?", primeiro sucesso do compositor datado de 1930, que tinha em seus compassos iniciais uma referência ao hino nacional (levemente substituídos para evitar problemas com a ditadura Vargas) e cuja letra mostra de maneira irônica como ficou a situação do país após a crise de 29; Caetano faz uma versão joãogilbertiana de "Meu barracão" desnudando o fio condutor que une Noel, Bossa-Nova e Tropicália; Gal Costa coloca sua bela voz, acompanhada pelo preciso violão de Marco Pereira, a serviço de "Último desejo", primorosa canção, exemplo inconteste da habilidade do jovem músico de combinar perfeitamente letra e melodia, cuja partitura foi ditada pelo artista em seu leito de morte como um recado para sua amada Ceci. Chico Buarque, que no início de sua carreira chegou a ser comparado ao filósofo do samba tanto pelo conteúdo quanto pela forma de suas letras, aparece com sua irmã Cristina cantando "Cem mil réis", samba feito com seu frequente parceiro, o pianista paulista, Vadico, o preferido de Sergio Buarque de Holanda. João Nogueira, sambista que cultivava a malandragem do sambista dos tempos de Noel, aparece em três momentos: sozinho em "Conversa de botequim", uma das mais bem feitas crônicas da música brasileira que estampa em seus versos hábitos, linguagens e personagens da vida carioca de então, e "Não tem tradução", obra-prima que aponta a participação do cinema falado - arma usada pelos Estados Unidos para espalhar o seu way of life pelo mundo - na descaracterização de costumes e falas nacionais (Mario de Andrade deve ter vibrado com essa!) terminando com o imortal verso, "Tudo aquilo que o malandro pronuncia com voz macia é brasileiro já passou de português", nada mais brasileiro, e o que é melhor, sem precisar ser xenófobo ou ufanista; Nogueira aparece também acompanhado de Luiz Melodia, compositor nascido e criado no bairro Estácio de Sá e que possui com o bairro a mesma identificação que Noel tinha com a sua Vila isabel, cantando "Feitio de Oração", clássico da nossa música popular que afirma o samba como uma expressão da sociedade brasileira como um todo e não exclusiva de uma ou outra classe ("O samba na realidade não vem do morro nem lá da cidade..."). Melodia volta a aparecer, dessa vez acompanhado pelo bossanovista Carlos Lyra, em "O X do problema", samba aonde o poeta enaltece o Estácio como reduto de sambistas (e, portanto, de identidade nacional) e repele a moda de estrangeirismos que invadia o país ("e não acredito que haja muamba que possa fazer eu gostar de você"). Lyra também aparece acompanhando Veronica Sabino em "O orvalho vem caindo"; Maria Bethânia, enaltecedora costumas da obra de NR e que teve em Aracy de Almeida, a grande intérprete de Noel Rosa e que ajudou a resgatar sua memória na década de 50 gravando o histórico "Aracy canta Noel", uma grande amiga na época em que chegou ao Rio, faz uma interpretação estonteante da bela "Pela décima vez". O, então, pescador de pérolas, Ney Matogrosso, acompanhado do primoroso violão de Raphael Rabello e do piano de Francis Hyme, lança seu olhar sobre "Feitiço da Vila", declaração de amor do poeta ao bairro em que sempre viveu, feita durante a famosa polêmica com Wilson Batista - o entrevero só ficou conhecido do grande público depois de ter sido lançado em 1956 pela Odeon, o 10 polegadas "Polêmica entre Wilson Batista e Noel Rosa". O disco contém outro fruto da pendenga - episódio que de certa forma contribuiu para universalização do samba, entre o branco de classe média ,malandro medroso, compositor de relativo sucesso cuja a malandragem era mais uma postura anti-sistema (preferia ser chamado de rapaz folgado) e o negro de navalha no bolso e lenço no pescoço, o tipo de malandro que o outro gostaria de ter sido: "Palpite infeliz" cantada pela sexta geração do conjunto vocal "Os Cariocas". João Bosco, que teve como parceiro constante um outro grande poeta da Vila, mostra que sua familiaridade com onomatopeias faz dele o intérprete ideal para a genial "Gago apaixonado", Moraes Moreira leva as marchinhas de Noel para o carnaval da Bahia com sua interpretação de "As pastorinhas", composta em parceria com João de Barro, companheiro dele no Grupo dos Tangarás, responsáveis pela primeira gravação de um samba com a inclusão de instrumentos de percussão - até então não usados em sambas gravados (É...ele fez mais essa!); Cassiano coloca "Pra que mentir" no universo do "Soul Brasil", Djavan só precisa da sua voz e seu violão para recriar de forma magistral "Tarzan, o filho do alfaiate", Roberto Menescal empresta seu violão bossa-nova para "Quando o samba acabou" desfilar na voz de Leila Pinheiro, Jards Macalé aparece com suas harmonias inusitadas no belo poema "Cor de cinza", o violão de Rafael Rabello reaparece acompanhando a voz barítono de Nelson Golçalves em "Pra esquecer" e o rockeiro Eduardo Dusek encerra em grande estilo dando novos tons à obra-prima "Quem dá mais?",uma irretocável crítica ao leilão de coisas tipicamente nacionais, promovido pelo "modernizador" Estado varguista para escapar da crise ao mesmo tempo em que procurava firmar a identidade do país ("Quem dá mais/ por um violão que toca em falsete/ que só não tem braço, fundo e cavalete pertenceu a Dom Pedro/morou no palácio/foi posto no prego por José Bonifácio?"). 
Faltaram músicas (Filosofia, Coisas Nossas), faltaram artistas (Martinho da Vila, Paulinho da Viola), mas não se pode ter tudo.E como concluiu o soberano maestro Jobim: "Noel deve estar contente em ver tanta gente boa tocando sua obra". Depois desse, vieram outros mais abrangentes e completos ( o de Chico Buarque tem seis volumes). Não podemos saber aonde a obra de Noel e, consequentemente, a música brasileira poderiam chegar, caso ele tivesse vivido mais. No entanto, Chediak ao produzir esse álbum duplo, inaugurador do grande resgate de importantes obras e compositores, nos dá preciosas pistas. Mais que um disco, um documento. Uma justa reverência de alguns de nossos mais importantes artistas musicais ao maior gênio da Música Popular Brasileira.



(Leandro L.Rodrigues)
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sexta-feira, 8 de julho de 2016

Roberta Sá - Brasileiro (2005)









A capa de Braseiro traz Roberta Sá de blusa verde e brincos dourados à beira de um rio com extensa vegetação na margem e um céu azul ao fundo. Em volta de seu nome e do título do álbum, um losango. Como se não bastasse, a música título de Pedro Luís (que posteriormente tornou-se marido da cantora) traz versos como ``Tão vendendo ingresso pra ver nego morrer no osso/ Vou fechar a janela pra ver se não ouço a mazela dos outros´´, além de citar Martinho, Melodia, Wando, Ataulfo e Caetano. Estava mais do que claro: o brasileiro em questão era o Brasil. E o disco tinha a proposta de canta-lo.
Produzido pelo tarimbado Rodrigo Campello, que já havia tocado com nomes como Cartola, Nelson Cavaquinho, Beth Carvalho, entre outros, o disco era dividido com metade regravações de artistas já consagrados e outra de nomes que brilhavam na, então, nova geração. A cantora potiguar que havia tentado firmar-se através do “Fama”, da Tv Globo, mas não conseguiu se encontrar no estilo “enlatado” que a produção do programa dava às músicas, saindo logo nas primeiras semanas, agora tinha a chance de mostrar ao público seu real estilo. O disco abre com “Eu sambo mesmo”, samba gravado pelo grupo vocal Anjos do Inferno na década de 40 e recriada magistralmente por João Gilberto anos depois, cuja letra fala da dificuldade de aceitação do samba por alguns setores da sociedade, e “Pelas tabelas”, samba feito por Chico Buarque - a grande referência da artista - na época das “Diretas Já”, essa com destaque para o violão de 7 cordas de Campello e a interpretação precisa da cantora. A conversa direta com o repertório de dois ícones de períodos emblemáticos da música brasileira, deixa claro que a intenção não é simplesmente fazer regravações mas, conversar com alguns momentos pontuais da nossa música, sobretudo do samba. Outros clássicos presentes são: “A vizinha do lado”, clássico de Caymmi -grande compositor da fase pré-bossa nova da nossa música e responsável por João Gilberto ter a chance de gravar seu primeiro disco - que Roberta gravou num cd demo que foi parar na mão de Gilberto Braga que decidiu incluir na trilha de uma novela que ele escrevia, o que abriu (e muito!) os caminhos da artista, com o multi-instrumentista Dirceu Leite brilhando na clarineta; “Valsa da solidão”, canção do início da carreira de Paulinho da Viola (responsável pela reformulação do samba na década de 60) e “Cicatrizes”, canção título do antológico Lp de 1972 -marco da música brasileira contra a censura ditatorial - do MPB-4, que participa inclusive dessa regravação. Da nova geração, temos a já citada canção-título “No braseiro” que conta com a participação de Pedro Luís nos vocais e que ao final continha uma citação à “Cantos das três raças” de Clara Nunes, que teve que ser retirada devido a uma reclamação de Paulo César Pinheiro , autor da música e marido de Clara, que alegou que a música fora incluída sem nenhuma autorização. Curioso é que o mesmo Paulo César é o letrista de “Cicatrizes”, que faz parte do disco; também da nova safra vem “Casa pré-fabricada”, aqui numa versão elegante conduzida por um trabalho vocal impecável, a bateria de Wilson das Neves, o baixo de Zeca Assumpção, além do cello clássico de Hugo Pilger , o piano do também-produtor Paulo Malagutti e o violão preciso de Rodrigo Campello que transforma o rock dos Los Hermanos – a grande banda brasileira de então – em cool jazz. Nota 10. A canção seria gravada por Maria Rita no seu “Segundo” disco num estilo parecido com o apresentado em “Braseiro”. “Lavoura”, de Teresa Cristina, sambista de destaque nos anos 90, mas que só ganharia a oportunidade de lançar discos nos anos 2000, conta com o auxílio luxuoso de Ney Matogrosso nos vocais, o dueto entre os dois dá ao triste samba um tom ainda mais dramático; “Ah, se eu vou”, do pernambucano Lula Queiroga, é o ponto alto do lp. Com o violão preciso de Campello, a batida inconfundível da Parede de Pedro Luís e os vocais irrepreensíveis de Roberta, a música, que fala sobre coco, a ciranda de Lia do Itamaracá e rodas de samba, levanta a poeira e prova o talento da artista em imprimir sua marca a composições alheias. “Olho de boi”, do também novato Rodrigo Maranhão, encerra o disco com beleza e delicadeza.
Com suavidade, personalidade e simpatia, Roberta Sá apresentou assim sua carta de intenções. Passeou pela história do samba, pelas realidades do braseiro Brasil e deixou sua marca tanto em sambas consagrados quanto em canções recentes. Depois disso ainda levou (junto com Pedro Luís e a Parede) o terceiro lugar no Festival de Música Brasileira da Tv Cultura, aproximou sua música de um som mais pop no premiado “Que estranho dia pra se ter alegria”, mostrou seu talento como compositora, fez do samba, reza e se firmou como uma das grandes cantoras do país. Mas foi com “Braseiro”, e sua junção de passado, presente e futuro, que o público mais atento pode perceber que o século XXI já tinha dado à música brasileira uma grande cantora.



(Texto: Leandro L. Rodrigues)




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