Destaques

terça-feira, 17 de maio de 2016

Stevie Wonder - Talking Book (1972)









``Musica é para entreter ,não para fazer pensar´´, esse era o lema de Berry Gordy, dono e idealizador do som da Motown Records. Mas no inicio da década de 70, seu cunhado Marvin Gaye e Stevie Wonder, duas de suas principais estrelas, não estavam mais dispostos a seguir sua fórmula de canções simples, de três minutos no máximo, falando sobre romances pueris. Numa queda de braço com a gravadora, os dois compositores jogaram duro e venceram. Teriam toda liberdade no estúdio para criarem seus discos. Começava assim o período clássico de um dos mais talentosos músicos de todos os tempos.
"Talking book" é o segundo disco da fase clássica de Wonder, e dá sequencia às mudanças de som iniciadas em "Music of my mind" (também de 72). Livre no estúdio e auxiliado pela dupla de produtores Malcolm Cecil e Robert Margouleff, o compositor alargou o alcance de sua música e experimentou ainda mais os sintetizadores. Composto na época de sua separação da esposa e parceira Syreeta Wright e da descoberta de um novo amor, o Lp traz letras confessionais sobre amor e separação, sem esquecer os temas sociais. O clima de reflexão e desnudamento já pode ser sentido na capa, com uma rara foto do artista sem seus usuais óculos escuros vestindo uma túnica.
Sintetizadores em ebulição, congas e linha de baixo acima da média e "You're the sunshine of my life" abre o disco mostrando o poder de fogo do músico. Com alternância de vocais, uma letra pra cima - sobre o romance que iniciava com Gloria Barley (que, inclusive divide os vocais com ele na música) - e uma melodia de primeira, a música logo tornou-se um dos grandes sucessos do artista e ainda lhe rendeu um Grammy. A guitarra de Ray Parker Jr. vem na sequencia com "Maybe your baby", um funk com pitadas de rock, no melhor estilo Sly Stone, falando dos fantasmas do fim do casamento, com SW usando moog e se responsabilizando também pela bateria. Sem dúvida, uma das grandes canções do álbum.Quem conhece essa música, certamente, não se surpreendeu nem um pouco quando Macy Gray decidiu regravar "Talking Book" inteiro em 2012. Está claro que a cantora o escutou e muito. "You and I(We can conquer the world) é uma balada com altas doses de sacarose, a ponto de ter sido regravada até por Barbara Streisand, e um belo trabalho do músico no piano e sintetizador. "Tuesday heartbreak" é um soul arrasa quarteirão que alarga mais os seus caminhos musicais de Stevie e conta ainda com o sax de David Sanborn e mais um belo trabalho de harmonizações vocais . "You've got it bad girl" é uma balada cheia de suíngue com SW atacando nos vocais, bateria, moog e Fender rodes. Pra abrir o lado B, vem o ponto alto do disco: "Supersticion". Com uma inconfundível introdução de bateria e riffs de clavinete - aqui começa a estreita relação de Stevie com o instrumento - a música, feita para ser gravada por Jeff Beck (que se chateou pelo compositor tê-la gravado antes),cuja letra trata da relação das pessoas com as superstições foi direto para o primeiro lugar das paradas e rendeu dois Grammys ao artista. Sua execução perfeita, que ainda conta com trumpete e sax, aproximou os rockeiros do funk e serviu para fundir de vez os dois estilos. "Big brother" tem mais clavinete e a gaita de Wonder numa
letra inspirada no clássico livro "1984" de George Orwell. O tema agora é política: "My name is secluded, we live in a house the size of a matchbox", canta Stevie Wonder chutando de vez o descompromisso da Motown com questões sociais. "Blame it on the sun", composta em parceria com a ex-mulher, busca respostas para o fim do relacionamento com o belo piano de SW e vocais harmonizados colaborando com o clima de angustia. A guitarra do amigo Jeff Beck aparece em "Looking for another pure love", outra feita em parceria com Syreeta Wright. "I believe (When I fall in love it'll be forever)", outro clássico que tem no seu currículo dezenas de regravações, encerra o disco em clima de mágoa e esperança. Apesar de tudo, ele continua acreditando no amor."I'm so glad that i found someone to believe in again". Confessional, ousado, sincero, "Talking book" traz todos os ingredientes de uma obra de arte. "Aqui está minha música. É tudo que eu tenho pra dizer de como me sinto.", definiu o artista.
Menos de um ano depois, Stevie Wonder ainda gravaria o magistral "Innervisions" e seguiria a década de 70 gravando uma obra-prima atrás da outra. Com "Talking book" o mundo começou a perceber que SW, com 22 anos, era muito mais que o menino prodígio que ainda criança encantara o público no início dos anos 60. Era, definitivamente, um gênio!




(Leandro L.Rodrigues)
 
Continue Lendo...

sábado, 14 de maio de 2016

Odisseia das Flores, Rap de Atitude e Proceder







O grupo de Rap Odisseia das Flores é formado por Jô Maloupas, Chai e Letícia, que desde 2008 focam seu trabalho na luta pela valorização da mulher na sociedade. O grupo, que possui originalidade e protesto como postura principal, vem trazendo à tona problemas do cotidiano e mostra também as dificuldades de se trabalhar em um espaço predominantemente masculino, deixando clara principalmente a resistência feminina.

Em 2010 conheceram DJ Dog que já passou por vários grupos conceituados de SP, o mesmo com sua experiência de mais de 15 anos no Rap Nacional, chega para somar com suas idéias inovadoras deixando esse trabalho mais dinâmico e original.
O grupo já participou do já tradicional programa, especializado em Hip Hop Manos e Minas da  TV Cultura, além de terem realizado  e participado de diversas atividades culturais nas periferias de São Paulo o grupo segue divulgando seu ultimo trabalho  o álbum "As Palavras Voam"  além de realizarem um forte intercambio de ideias e atividades no espaço cultural São Mateus em Movimento participando uma vez  a cada mês do ensaio geral que lá é promovido , realizamos uma entrevista com o Odisseia das Flores que todos vocês conferem a seguir! Boa Leitura a tod@s... 









1-(Salada Itinerante) O mundo do Hip Hop sempre foi dominado por Homens, as mulheres sempre foram colocadas em segundo plano, porem com o passar dos anos e o empoderamento feminino ocorrendo em todos os setores da sociedade com o Rap e o Hip Hop não seria diferente , hoje vemos um numero muito maior de mulheres participando da cultura Hip Hop de forma geral , Grafitando,na roda de Break  e por fim temos muitos grupo de Rap formados   exclusivamente por mulheres ,  porém a cultura Hip Hop e o Rap ainda é muito machista e muito tradicional quanto a isso gostaria de saber quais as barreiras que a Odisseia das Flores já enfrentou por ser um grupo formado em sua maioria por mulheres ?


(Odisseia das Flores) Já nos deparamos com muitas situações, porem  o que incomoda mais é quando os caras falam que a gente rima como homem, os caras não conseguem fazer um elogio valorizando a capacidade que a mulher tem  / sempre querem comparar.
Tem muito que desconstruir no movimento, principalmente o "lance" da vestimenta, os "caras" pensam que se a gente está com uma roupa curta estamos disponíveis, uns padrões impostos que não representa a mulherada.
Se a mulher sem ser da cultura Hip Hop tem jornada tripla, imagina uma mulher que atua dentro da cultura Hip Hop, nosso corre é muito louco, muito mais que de vários "Caras", é a casa para cuidar, filhos, marido, família, trampo, estudo, e se sobrar um tempo para cuidar de si mesma.





2-(Salada Itinerante ) O grupo foi formado em 2008, de lá pra cá vem ganhando muito espaço dentro da cultura Hip Hop tendo inclusive participado do programa Manos e Minas da Tv Cultura , e tendo também ganhado alguns prêmios tais como Mundo de Rua como Grupo revelação de 2012, premio  de incentivo a cultura Hip Hop em 2015 , gostaria que falassem um pouco sobre estes dois prêmios e esta participação  no programa da Manos e Mina da TV Cultura ?


(Odisseia das Flores)  Nossa participação no Manos e Minas foi importante para o Brasil saber que existem Mulheres atuando no hip hop e que através da arte transformam positivamente dentro das periferias. A cultura Hip Hop é linda e muito grande somos só uma peça desse grande "Transforma Cabeças".
Prêmios como "Mundo da Rua" e "Incentivo a Cultura Hip Hop" nos faz ter a certeza que estamos no caminho certo, através da cultura Hip Hop estamos sendo referências para muitas mulheres, adolescentes e crianças.







3-(Salada Itinerante) Na formação do grupo vocês contam em sua maioria com integrantes que moram em Franco da Rocha e um integrante que mora no bairro do Brás como funciona a rotina de vocês para conseguirem reunir o grupo todo e ensaiar ,trocar ideias uma vez que Franco da Rocha faz parte do extremo Oeste da Capital e o Bairro do Brás faz parte da região central , como o Odisseia busca romper estas barreiras de locomoção que uma cidade tão grande como São Paulo nos impõe ?


(Odisseia das Flores) Cada integrante dessa Odisseia representa uma quebrada Chai é de Franco da Rocha, Jô é do Brás, Letícia vivia no Brás e hoje reside no Jardim Brasil e Dj Dog que é de Carapicuíba.
As barreiras são quebradas  com a disposição e amor que temos por esse projeto, porque fácil não é, são lugares totalmente opostos mas não nos impede de nos encontrar, o Brás acaba sendo sempre nosso ponto de encontro, e os Ensaios atualmente acontecem na Casa do Dj Dog em Carapicuíba e no Espaço São Mateus em Movimento, mas já ensaiamos por muitos anos em Francisco Morato e na Associação Cultural do Véio em Franco da Rocha.





4-(Salada Itinerante) Como funciona o processo de composição das musicas do grupo, geralmente como vocês começam a reunir as ideias para compor uma musica e grava-la ?


(Odisseia das Flores) A ideia das músicas sempre vem junto com os acontecimentos em nossas vidas, nossa inspiração está no nosso viver.  Esse processo de composição não é regrado, nós compomos juntas, compomos separadas e depois juntamos às vezes uma é interprete da outra, porque o lance é a representatividade, o que as 3 cantam, é o que as 3 acreditam...
Agora o processo de gravação é outra história, é outro processo mesmo "kkkkk", escolhemos um estúdio e começamos a trabalhar com um produtor musical para finalizar a música, nesse momento é que mapeamos a batida, deixamos as partes da música de cada uma com sua personalidade e finalizamos o som. Atualmente estamos gravando no Casa 1.





5-(Salada Itinerante) Como foi realizado o processo de gravação do Cd “As palavras Voam “ , em qual estúdio foram gravadas e mixadas as musicas que integram  este trabalho ?


(Odisseia das Flores) O álbum: "As Palavras Voam" foi gravado em 2012, foi um Cd totalmente independente. Foi um álbum com participação de vários produtores e por conta disso também teve gravações separadas. 2 músicas do álbum ( As Palavras Voam e Não Não Não) foram gravadas e mixadas no estúdio SET do Duck Jam , a Música (Desarmamento) foi gravada e mixada no Casa 1, a  música (Politicagem) foi Mixada por Theo Sarcástico. O restante das músicas foram gravadas e mixadas no Sem Grana ( Studio REC LIVRE)




6-(Salada Itinerante) Ouvindo as musicas do Odisseia  das Flores ficam evidente algumas influencias tais como Reggae,Ragga,Blues e Mpb , gostaria de saber quais são as principais influencias do grupo , e o que vocês vem ouvindo ultimamente , em termos de musica o que fez a cabeça do Odisseia e o que faz a cabeça de vocês ultimamente ?


(Odisseia das Flores) Gostamos de musica que passa uma mensagem positiva, uma mensagem que transforma e independe do gênero musical. Gostamos de swing, leveza, energia do bem é fundamental...  Escutamos de The Doors a Wu tang / De BB King a Tassia Reis / De Racionais a Tim / de Cassiano a Queen Latiii / de Dina a Janes / de Bob a James / DE Jackson A Criolo / De Elis a Caetano..... São muitas inspirações... Inclusive essa, que até musica vai virar.. rs



7-(Salada Itinerante) Tanto no ano de 2013 quanto no decorrer do ano de 2015 vocês realizaram diversas atividades culturais no espaço São Mateus em Movimento , como funciona esta conexão Franco da Rocha São Mateus que fortalece ainda mais a cultura hip hop e os movimentos sociais, conte-nos um pouco sobre esta aliança?


(Odisseia das Flores)  Em Franco da Rocha a cultura Hip Hop é muito carente de ações, o projeto "A
intercambio cultural com várias quebradas de SP". Atualmente estamos nos organizando como coletivo de Hip Hop para atuarmos com projetos que envolvem Oficinas Culturais e eventos de valorização da cultura negra e cultura de rua, continuamos trabalhando pela cultura Hip Hop aqui no fundão, nos sentimos na obrigação de dar essa atenção para nossa regional, se  a gente não se mobilizar nada acontece. Já no espaço São Mateus em Movimento fomos convidadas a cantar no evento deles em 2012 e sentimos falta da representatividade das mulheres na quebrada, a partir desse momento abraçamos a causa e nos juntamos  a esse coletivo para fortalecer. A Jo ministra oficina de rima com as crianças e junto com o Negotinho fazemos mensalmente a festa Ensaio Geral, que tem como objetivo trazer diversas atividades artísticas para se apresentar dentro da favela.




8-(Salada Itinerante) Atualmente vemos que o Rap e o Hip Hop tem tipo muito destaque dentro da sociedade em que vivemos, porém isso ainda é pouco se levarmos em consideração que a maioria dos grupos de Rap e coletivos de Hip Hop são autônomos e independentes ,fortalecidos quase que exclusivamente pela fé e luta de seus integrantes, como vocês enxergam o atual cenário de musica independente e como vocês vem que hip hop como um todo ?


(Odisseia das Flores)  A musica em destaque é o que a sociedade quer ouvir. As pessoas no geral não estão preocupadas com o social. Não querem mais ouvir falar de politica, de pobreza, de neurose. O pessoal quer musica para agradar os ouvidos, para curtir... Entendemos e respeitamos essa situação. Mas como artistas independentes e militantes seguiram outro caminho. O da contestação, a resistência, o nadar contra a maré e bater de frente contra o sistema machista, racista e patriarcal que nos é imposto.
Outro detalhe importante e que muitas pessoas não assimilam é que : "TEM QUEM CANTA RAP E NÃO É DO HIP HOP, E TEM QUE  CANTA RAP E É DO MOVIMENTO HIP HOP ". ..





9-(Salada Itinerante) O  Rap sempre formou músicos  extremamente politizados , atualmente estamos vivendo uma crise politica, econômica que só tem inflamado ainda mais o povo e a burguesia como vocês enxergam o atual cenário politico e de que forma vocês procuram se manifestar a respeito disso ?


 (Odisseia das Flores)  O momento é critico, mas para a periferia esse momento nunca deixou de estar critico. Matam a juventude preta desde sempre.. Executam através do poder de fogo, através da omissão de atendimento hospitalar, através do péssimo ensino das redes escolares e principalmente através do descaso as regiões periféricas. O Povo sempre foi esquecido. Mas esse povo está se armando de conhecimento e isto está irritando a “classe media” que sempre se sentiu superior e teve mais acesso do que nós que viemos dos lugares marginalizados.
Nossa luta e resistência é a INFORMAÇÃO!! Essa é a melhor arma. “podem tirar tudo de você, salvo seu conhecimento”.
Somos a favor da democracia e ninguém é besta, todo mundo sabe que o que está ocorrendo é golpe e golpe escancarado, na cara larga. Um pobre no poder incomoda, os pretos com dinheiro mais ainda... Vão fazer de tudo para boicotar a tão jovem e inexperiente “democracia”




10-(Salada Itinerante) Estava fazendo uma busca  rápida aqui pela internet fiquei impressionado com a agenda do Odisseia das Flores , vocês estão com a agenda lotada , gostaria de saber quais os planos para o segundo semestre deste ano  de 2016, e como todo mundo do grupo faz para conciliar a agenda do grupo que é bem extensa com a agenda pessoal uma vez que todos tem família e demais afazeres pessoais ?

(Odisseia das Flores)  O plano é trabalhar nosso segundo cd, que já está em fase de construção e também lançar mais 2 videos clipes. Quanto conciliar a agenda do grupo com a agenda da família é uma loucura, mas conseguimos porque queremos fazer essa Odisseia acontecer em nossas vidas, a gente acredita nesse trabalho, nesse sonho que virou realidade, a comunicação, a amizade e a compreensão nos ajuda nessa luta.







11-(Salada Itinerante) Para finalizarmos gostaria que deixassem uma mensagem para a galera que curte o som de vocês e para aqueles que ainda não conhecem também , assim como também deixarem as considerações finais , enfim o espaço é de vocês ?



(Odisseia das Flores)  Gratidão pra quem curte, fortalece e nos acompanha vocês nos motivam e faz SEGUIRMOS nos momentos de dificuldades que passamos, sem esse fortalecimento  ficaria mais tenso prosseguir. Pra quem não conhece nosso trabalho está aí a oportunidade "Odisseia das Flores" Rap feminino feito com amor e verdade.
Soltamos a voz porque temos necessidade de nos EXPRESSAR, comunicar com os nossos, representamos as vozes de várias irmãs que estão sendo silenciadas, é muito emocionante e motivador quando vem  uma pessoa falar com a gente agradecer aquela mensagem de incentivo que escutou em nossas músicas, a ideia é essa mesmo, fazer algo de bom na vida das pessoas através da linguagem Rap.
"Não desista, insista, vai em frente acredita
Dê valor a sua vez, muito amor a sua vida"




Clipe Oficial "Voz Que Soa"






                                                  Participação no programa Manos e Minas TV Cultura











Formação 
Chai Odisseiana
Jô Maloupas
Letícia Arruda
Dj Dog

Contatos


             Facebook

       Email
              Site
              Contato de imprensa
Telefone
11 957897179 / 
11 945069347 /
11 958754922

      


Continue Lendo...

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Xico Picadinho a junção de Grind Core, Death Metal e Black Metal na medida certa.Visceral, Destruidor e Apocalíptico.


Formada inicialmente como um projeto musical por  Rafael  "Jabu" e Henrick Dario "Churrinhos"  que também toca na banda de Grind  Core N.O.I.A (Nosso Ódio Irá Atacar) , o Xico Picadinho tinha  inicialmente a pretensão de praticar um som Grind Core com influencias e pegadas Death Metal,Black Metal dentre outras influencias musicais a banda teve diversas trocas de integrantes sempre mantendo a sua base com ''Churrinhos" e Jabu,  em 2010 os caras tiveram que dar uma parada por questões pessoais mantendo um hiato até 2013 , quando começaram a gravar as primeiras músicas do Ep  “Hecatombe  Canibal, Libdos  Prazeres,Lúgubres  Desejos”  a após alguns shows e mais algumas mudanças no line up em meados de 2014 para 2015 após a entrada rápida e saída de Mario Zumbi para os vocais , a formação se estabiliza já em 2015 com "Brunão" (N.O.IA, Agaglock) no baixo , Hugo "Taxi Grinder " (N.O.I.A ,Dischaos,Dead Cops) Vocais , Herick Dario "Churrinhos" (N.O.I.A e Xico Picadinho) Bateria ,  Rafael "Jabu" (Xico Picadinho) Guitarra , a banda começa a tocar em diversos fests undergrounds tanto em São Paulo quanto fora da cidade causando uma grande boa impressão graças as influencias que a banda sempre carregou de diferentes vertentes da musica pesado hoje o Xico Picadinho mescla Grind Core/Black Metal e Death Metal , arrancando diversos elogios tanto dos headbanngers quanto de punks quanto de grinders , os caras conseguiram um feito quase que único dentro da cena agradar gregos e troianos , dissecamos a historia da banda na entrevista que realizamos a seguir com o baterista e vocalista da primeira formação Henrick Dario o "Churrinhos" , confiram a seguir a historia desta que é uma das melhores mesclas de estilos musicais que temos no Underground atualmente o Xico Picadinho ; Boa Leitura ...









1-(Salada Itinerante) O Xico Picadinho é uma banda de Grind Core que mescla elementos musicais de diversos estilos, tais como Death Metal, Black Metal, dentre outros, ultimamente vocês tem tocado em diversos eventos e festivais junto com bandas de diversos estilos, como tem sido a aceitação do publico quanto ao som que vocês vem fazendo ultimamente, uma vez que dentro da cena identificamos um publico muito ortodoxo e pouco acostumado a misturas de estilos musicais, explique-nos um pouco sobre a aceitação do público referente ao som de vocês e o impacto que isso tem causado?



(Henrick Magalhães) Primeiramente muito obrigado pela oportunidade e espaço, cara, é uma pergunta um pouco difícil,  pois sim, realmente aqui no Brasil ainda hoje, temos uma divisão muito grande em questão de estilos no nosso underground, mas de certa forma nós vemos isso mais no metal, na cena Grindcore é mais aberta a misturas e influências, pois vemos com bastante frequência em que a maioria dos fests e shows tem uma diversidade bem grande de estilos,  sempre tocamos com bandas punk, hardcore, Crust, Death, Black Metal, e abrangemos um pouco disso tudo porque faz parte de nossas influências musicais também,  e de certa forma a aceitação está sendo ótima, a maioria da galera com quem costumamos interagir tem uma cabeça bem mais aberta a coisas diferentes,  e tem um conhecimento musical bem diversificado, oque ajuda muito.





2-(Salada Itinerante) A banda foi  Formada em 2008,de lá pra cá sofreu diversas modificações porém esta mais forte do que nunca; vocês chegaram a lançar um  5 away  junto com o  Praia de Vomito que é uma banda  muito respeitada  e admirada na cena Grind Core que infelizmente acabou , durante estes anos quais outras bandas vocês dividiram palco e que posteriormente acabou por encerrar as atividades?


(Henrick Magalhães)  sim, demos início à banda em 2008, até então a formação era comigo na guitarra ao invés da batera, e nosso atual guitarrista o Rafael "Jabu" era baterista, ou seja era tudo ao contrário "hahahahaha", e contávamos também com o Derson nos vocais, nessa época era bem diferente e levávamos apenas como um projeto até então,  mas disso gravamos algumas músicas, que  saíram nesse 5 way, chamado abra sua cabeça, que tinha o Paria de Vômito, Corpse Gory, Q.S.D. e Gorfada além do Xico Picadinho, e como era uma formação bem diferente e a proposta era muito distinta da que temos hoje, e infelizmente a maioria dessas bandas encerraram suas atividades, inclusive o xico picadinho entrou num hiato pouco depois desse lançamento, q foi em 2010 se não me engano, e voltamos em 2013, só que somente eu e o Jabu, e trocamos nossas funções,  eu na bateria e vocal, e ele na guitarra e b.vocals.










3-(Salada  Itinerante) Voces gravaram no início  de 2014 o EP “Hecatombe  Canibal, Libdos  Prazeres,Lúgubres  Desejos” que está para ser lançado ainda este semestre , este Ep  aborda em  suas músicas alguns Assassinos Seriais,   que tinham práticas  canibais , como  estas músicas foram compostas e  de onde surgiu a ideia  de falar de um  assassino canibal a cada letra ?

(Henrick Magalhães)  Exato, assim que eu e o jabu voltamos em 2013, viemos com uma proposta bem diferente, e rapidamente compomos 3 sons, e gravamos logo no início de 2014, eu gravei a bateria e as vozes, o jabu na guitarra, baixo e uns backing vocals, já a parte lírica faz parte de influências de bandas de Goregrind e Splatter que gostamos muito da temática, por serem muito misantropas, e hediondas, e como sempre lemos livros q abrangem histórias de seriais Killers, principalmente o Jabu, achamos uma boa falar sobre três serais Killers canibais, q são o Issei Sagawa, Albert Fish( o vovô que comia criancinhas) e o Jeffrey Dahmer, todos eles mataram e além de esquartejar, eviscerar, dissecar... comeram a carne humana, e tem também uma música antiga q regravamos, que fala de necrofilia, chamada "Meu Prazer Por Corpos Frios,
", essa musica saiu originalmente no 5 way, mas regravamos com maior qualidade nesse EP.



4-(Salada Itinerante) Vocês  estão preparando além  do Ep  “Hecatombe  Canibal, Libdos  Prazeres,Lúgubres  Desejos”  que será lançado este semestre , há planos para o lançamento de um Full Álbum ainda este ano ? O que já pode ser adiantado deste trabalho?

(Henrick Magalhães) Então cara, a ideia era lançar o full, e já temos umas 13 musicas no pente, mas acabou surgindo uma oportunidade muito legal, de lançar um split com nossos manos do Rio de Janeiro, do Lástima que também tem influências parecidas com as nossas e faz um Black/Grind da pesada, e com isso mudaram um pouco o rumo dos preparativos para o full, mas garanto que essas musicas novas vão ter uma pitada bem maior de misantropia e obscuridade nas letras, sem contar uma característica ainda mais forte do Xico Picadinho, e composições ainda mais brutais, se tudo der certo ainda lançamos esse split e o full também, vamos ver até o fim do ano ai.






5-(Salada Itinerante) Como têm sido realizado o processo de composição das novas musicas?
Uma vez que vocês também vêm tocando com bastante frequência em diversos locais de São Paulo?

(Henrick Magalhães) Como no final de 2014 passaram na formação da banda, o Mario Zumbi (Obitto) nos vocais e o Mutilla(Western Day) no baixo e acabou não dando certo por motivos pessoais deles, eu e o jabu ja estávamos compondo bastante musicas, e ensaiando muito, tanto antes quanto depois de suas saídas, aí q entraram o Hugo (N.O.I.A., Dead Cops e Dischaos) nos vocais, e o Brunão (N.O.I.A. e Agaglock) no baixo, e fechou em definitivo a formação da banda, e começamos a fazer bastante shows, mas os caras chegaram e incluíram de tal forma q alem de bastante coisas q ja tínhamos composto, agregaram e muito em composições novas, então a questão de termos muitos shows não atrapalhou em nada na parte de produção da banda.








6-(Salada Itinerante)  A cena Black Metal é bem ortodoxa, na realidade bem fechada até certo ponto , acredito que as demais bandas se espantam ao ouvir a sonoridade do Xico Picadinho uma vez que a sonoridade de vocês soa por muitas vezes mais Black Metal que muitas bandas que praticam só Black Metal sem mescla-lo com outros estilos ?

(Henrick Magalhães) "hahhahaha" obrigado cara, mas na verdade não vemos dessa forma, não queremos ser mais ou menos Black Metal q ninguém,  na verdade somos uma banda de Grind Core, sim são bem evidentes nossas influências de black e death metal, mas temos também bastante influência de Crust punk, e muitas outras coisas, são coisas que gostamos de ouvir e incluímos em nossas musicas, também não estamos pra disputar nada, muito pelo contrário, quem quiser chegar pra somar independente de estilo, agradecemos muito, pois isso é o que sempre fazemos. 



7-(Salada Itinerante) O Xico Picadinho acabou tocando na penúltima edição do já tradicional festival de Grind /Gore, More Gore Than Before, como foi participar deste festival tão tradicional para a cena Grind/Gore ?

(Henrick Magalhães) Foi ótimo participar de um festival tão "fodido", e agradecemos muito o convite do nosso grande amigo Thales, na verdade entramos na parada aos 45 do segundo tempo, mas foi de suma importância participar de um grande fest como esse, que ajudou e muito na divulgação e visibilidade da banda.








8-(Salada Itinerante) A banda é quase que toda formada por integrantes de outras bandas de Hardcore/Grindcore/Crust  , Brunão  toca no Xico Picadinho, no Agaglock e no N.O.I.A,  Hugo  toca no DeadCops, no N.O.I.A e no Xico, você  toca no N.O.I.A e no Xico , dentre todos os integrantes apenas o Jabu não toca em outras bandas, gostaria de saber como vocês conciliam as agendas e como conseguem  manter-se ativos nas demais bandas  sem interferir no processo criativo do Xico Picadinho?

(Henrick Magalhães) Fera, ta aí uma ótima vantagem de tocar com amigos, sem contar as outras bandas, somos todos amigos em comum, então facilita muito para conseguirmos conciliar tudo, temos bastante compreensão e de certa forma fazemos parte da mesma cena, quando não somos nós que tocamos e são as bandas paralelas, sempre estamos apoiando umas as outras, então se torna uma missão mais fácil de executar. 



9-(Salada Itinerante) Quais as principais influencias do Xico Picadinho, e quais as bandas que atualmente vocês estão ouvindo, o que tem feito a cabeça de vocês ultimamente ?

(Henrick Magalhães)  Mano, temos muitas influências,  umas que destacam como principais são, o Nasum, Gadget, Afgrund, Deathbound, Lock Up, Napalm Death, Dark Funeral, Marduk, Belphegor, Disfear, Wofbrigade/Wolfpack, Anti Cimex, Skitsystem, Exhumed, Impalled, Carcass, Fleshgrinder, Haemorrage, dentre muitas outras que sempre escutamos, se for falar todas não vai ter página que caiba "hahahhahahahaha", mas é bem isso, bebemos muitos dessas ótimas fontes.








 10-(Salada Itinerante) Para finalizarmos, gostaria que deixasse uma mensagem ai para a público em geral , pode ser um desabafo,   um convite , ou um mensagem da banda para o público...

(Henrick Magalhães) Primeiramente quero agradecer ao Salada Itinerante e ao Danylo, pelo espaço e por ter nos dado essa honra dessa entrevista, agradecer a todos os amigos, as bandas, coletivos, festivais e toda essa galera que faz o underground se permanecer vivo e cada vez mais forte, não vou citar nomes para não cometer o equívoco de esquecer de alguém,  isso aqui foi um pouco da história do Xico Picadinho, e pretensões futuras, quem quiser conhecer mais sobre a banda e ouvir nossos sons, é só curtir nossas páginas no facebook, bandcamp, youtube...
É só jogar XICO PICADINHO GRINDCORE, q acha tudo, nosso e-mail é xicopicadinhogrindcore@gmail.com , e é  isso ai galera, vamos apoiar cada vez mais nosso underground em geral, quem faz a diferença somos todos nós, juntos!!!
 \m/




Ao Vivo no festival  Ritual dos Sádicos.








EP  “Hecatombe  Canibal, Libdos  Prazeres,Lúgubres  Desejos”





Formação Atual 


Rafael (Jabu) - (Guitarra)
Henrick Marques "Churrinhos" -(Bateria  /Vocal)
Bruno Floriano "Brunão" - (Baixo)
Hugo Ribeiro "Taxi Grinder"- (Vocal)


Contatos 
Facebook
https://www.facebook.com/xicopicadinhogrindcore/?fref=ts
Bandcamp
https://xicopicadinhogrindcore.bandcamp.com
Email
xicopicadinhogrindcore@gmail.com

Continue Lendo...

Megadeth - Holy Wars... The Punishment Due – Uma das magnuns opus do Thrash metal







Após várias mudanças na formação do Megadeth, muitas vezes em razão do difícil temperamento de Dave Mustaine (compositor, vocalista, guitarrista e líder da banda), eis que surge a formação que poderíamos chamar de dream team, composta por Marty Friedman na guitarra, David Ellefson no baixo e Nick Menza na bateria. Sob a batuta de Mustaine, a banda deu a luz ao álbum Rust in Peace, gravado em 1990. Com temas variados desde guerras santas e armas nucleares até fim de relacionamento (Dave Mustaine evitou apenas letras de cunho satânico), o disco é um divisor de águas onde os dois guitarristas trabalharam com afinco na elaboração de riffs que entraram para a prosperidade. Enquanto Friedman executava seus solos com cuidado e amor, Mustaine os tocava com ódio (Palavras do próprio Mustaine). 
 Holy Wars... The Punishment Due, cuja a letra fala sobre o conflito entre Israel e Palestina é uma faixa que contem um arsenal de composições dentro da própria composição. É impressionante como a banda consegue criar variados tipos de clima, ora cortantes e velozes, ora cadenciados e soturnos. Há espaço até para um solo de violão flamenco ao estilo Paco de Lucia. Vale destacar o vocal esganiçado e doentio de Dave Mustaine. Nick Menza também imprimi seu ritmo com técnica e exuberância dando mais  peso ao som e David Ellefson dá liga a tudo isso.
Enfim, se você não é familiarizado com esse gênero musical, a faixa Holy Wars... The Punishment Due pode ser uma boa dica para se adentrar ao universo do Thrash metal.


(Texto: Sergio Silva)



Continue Lendo...

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Bob Marley And Wailers - Soul Rebels (1970)







Depois de meia década de relativo sucesso na Jamaica, ao lado do amigo de infância Bunny Wailer e de Peter Tosh, Bob Marley, sentindo que não estava sendo respeitado pelos produtores e gravadoras, desmontou o The Wailers e mudou-se para os Estados unidos, aonde sua mãe já estava residindo, pensando em lá juntar dinheiro para comprar seu próprio sound system e poder assim produzir seus álbuns de forma independente. Ficou uma curta temporada, mas quando voltou o cenário musical jamaicano já era diferente: o ska tinha diminuído o andamento e se transformado em rocksteady e uma nova batida estava começando a tomar forma, impulsionada principalmente pelo, hoje lendário, produtor Lee Perry. Fascinado pelas novas possibilidades, o músico foi bater na porta do estúdio do produtor. Estava formada aí uma das parcerias mais importantes e negligenciada da história da música popular no mundo. 
O baixo de Lloyd Parks dá o tom e o The Wailers entram cantando "I'm a rebel, soul rebel". A música título, praticamente uma parceria entre Marley e Perry, já deixava claro na abertura do disco que os skas e pastiches de rhythm and blues americanos haviam ficado para trás. O soul ainda estava na gênese do som. Mas agora era um soul rebelde. "Try me" vem em seguida, com a cozinha dos irmãos Barrett dando o contorno e as belas harmonias vocais do Wailers ganhando personalidade ao mesmo tempo em que remetem à Motown. Sem metais, apenas guitarra, baixo, bateria e teclado. A nova batida desenhada por Perry começava a tomar forma definitiva nas brilhantes melodias de Bob. Na sequência, a guitarra de Alva Lewis faz a introdução para mais uma, dentre tantas, pérola pop do álbum: "It's alright", música que fala do período de Marley nos Estados Unidos, trabalhando como operador de empilhadeira na Chrysler, e mostra que a influência do produtor Lee Perry tinha alterado também o seu canto, tornando-o mais incisivo. "No symphathy", música escolhida para ser o single (nunca lançado) na Inglaterra, traz Peter Tosh nos vocais e na autoria, numa gravação mais lenta e esparsa que a regravada no seu álbum de estréia, "Legalize it", o que torna a desilusão retratada na letra ainda mais enfática. "My cup", uma adaptação de "Guess I'm gonna cry,cry,cry", de James Brown (sempre ele), foi a primeira música que Marley apresentou ao produtor e a que convenceu um supersticioso Lee Perry, fã incondicional de Brown, decidido a apenas trabalhar com temas instrumentais a aceitar produzir o cantor. Mesmo tendo sido a primeira música a ser gravada, já pode perceber-se o total entrosamento dos Wailers com o The Upsetters - banda de estúdio do produtor que Marley levaria consigo para a Inglaterra - com Aston "Family Man" Barrett trabalhando firme no baixo. "Soul almighty" flerta com o rock e encerra o lado A com uma guitarra suingada e deixando claro que a banda tinha realmente abraçado os fundamentos rasta e que a religião também seria uma marca de seus trabalhos. "Rebel's hop" abre o lado B com uma das belas harmonias vocais do Wailers, a prova de que o produtor havia acertado ao recomendar a Marley, então decidido a seguir sozinho, a juntar-se novamente com seus antigos parceiros. Destaque para a citação de "Cloud nine" do The Temptations, banda que Bob fez teste para ingressar durante sua estada nos EUA, e para as afiada guitarras de Alva Lewis e Tosh. "Corner stone", que seria rebatizada como "Jah is mighty" (com algumas alterações na letra), é inspirada em um incidente familiar em que Bob foi pedir ao seu tio Marley, dono da principal construtora jamaicana da época, dinheiro para comprar um carro para poder promover melhor sua música e recebeu a resposta de que o tio inglês não o reconhecia como membro de sua família. "The stone that the builder refuse,will always be the head cornerstone" (A pedra que o construtor recusar vai ser sempre a pedra angular), diz a letra com referência bíblica. Faz sentido. "400 years", outra com Tosh no "comando", com letra que versa sobre os 400 anos de escravização do povo negro, aparece mais acelerada e menos brilhante que a gravação feita para o apoteótico álbum "Catch a fire" (disco gravado alguns anos depois e que seria o primeiro grande disco da banda no cenário mundial). "No water" aparece com mais um maravilhoso trabalho vocal de Bob, mais brilhantes harmonias vocais do Wailers e é mais uma demonstração da veia pop do compositor. A decisão do "Scratch" perry em destacar os vocais da instrumentação, mostra-se eficaz no resultado da faixa."Reaction" é uma "música urbana", predecessora de "Concrete Jungle", com um conteúdo social e de chamamento. "In every little action, there's a reaction". Mais uma faixa em que a cozinha dos irmãos Barrett, o baixo chapado de Family Man e a bateria "one drop" de Carlton Barrett, ditam o ritmo e mostram que o som do reggae estava definido. "My symphaty",a faixa de encerramento, é uma versão instrumental de "400 years", bem ao estilo das gravações que vinham sendo lançadas por Perry e os The Upsetters, e que foi erroneamente batizada por ser confundida com "No Symphaty", a outra de Tosh.
"Soul Rebels" foi o primeiro disco do The Wailers lançado fora da Jamaica, com uma capa com a imagem de uma jovem moça com os seios à mostra e segurando uma metralhadora, que desagradaria os integrantes da banda que a classificariam como "soft porno". As gravações com Lee "Scratch" ainda continuariam no ano seguinte, com canções ainda melhores e mais pungentes (dentre elas "Lively up yourself, Kaya,Small axe, Dumpy conqueror. Todas depois ganhariam regravações nos discos "ingleses" da banda), e que resultariam em um outro disco, chamado "Soul revolution", que as "inteligencias" que comandavam a gravadora na Inglaterra se negou a lançar por classificar o som da banda como feito para um público muito restrito. Depois disso,Lee "Scratch" Perry continuaria suas experimentações em estúdio, gravaria ótimos discos com o The Upsetters,criaria o dub e se tornaria famoso no mundo inteiro como um dos grandes produtores musicais da história e os The Wailers cairiam nas graças do também jamaicano Chis Blackwell, produtor e fundador da Island Records, que, com melhores equipamentos e estúdios, tornaria o som do grupo mais palatável para o grande público europeu, Peter e Bunny deixariam a banda, partindo para ótimas carreiras solos, devido ao grande destaque dado a Bob Marley que acabaria por se transformar no primeiro (único?) pop star (no sentido estrito do termo) oriundo de um país periférico.Não é o melhor disco de Bob Marley and The Wailers, nos anos seguintes eles iriam além e criariam verdadeiras obras-prima da música mundial, mas é nele que está a formatação, a matéria-prima do produto que nos anos seguintes a velha Inglaterra industrializaria e comercializaria, abastecendo culturalmente o mundo inteiro.


(Texto:Leandro L. Rodrigues)



Continue Lendo...

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Glenn Hughes - From Now On







From Now On é o terceiro álbum solo de Glenn Hughes gravado na Suécia em 1994. Já completamente livre das drogas, Hughes escalou um time de primeira linha contando com integrantes do Europe e com os virtuosos guitarristas Thomas Larsson e Eric Bojfeldt. Nesse disco, Hughes coloca em prática todo o seu manancial criativo elaborando composições de extremo bom gosto, muitas vezes até flertando com outros gêneros além do rock, é claro.

Destaque para algumas faixas do disco como: Pickin’up the Pieces que é  hard Rock puro na acepção da palavra e que contém  belos riffs de guitarra executados com maestria pela dupla de guitarristas. Lay my body down começa como se fosse um blues carregado, mas o couro come na seqüência com Glenn Hughes mostrando porque é chamado de The Voice of Rock. Em The only one ,  Hughes trabalha com seus vários timbres de voz. Já Why don’t you stay é uma belíssima balada onde um solo de guitarra simples é executado dando ênfase à melodia. The Liar é  ideal para se ouvir ao volante. Só cuidado para não capotar. Agora, Into the void poderia facilmente ser trilha sonora de filmes do tipo Mad Max por exemplo. Homeland é uma das mais legais do disco. Fecha o álbum a incendiária Burn, do Deep Purple, sua ex-banda, com uma versão nervosíssima.


(Texto: Sergio Silva) 
Continue Lendo...

quarta-feira, 4 de maio de 2016

The Kinsey Report - Smoke and Steel







Smoke and Steel foi gravado em 1998 e é o quinto álbum da banda The Kinsey Report. Formada em 1984 pelos irmãos, Donald Kinsey (guitarra e vocal), Kenneth Kinsey (baixo) e Ralph Kinsey (bateria), a banda destila sua mistura de blues rock com muito bom gosto. Vale lembrar que Donald fez parte da banda de Bob Marley, além de excursionar com nomes de gabarito como Albert King e Roy Buchanan.  
O disco começa com Time is running out, um soco no queixo do ouvinte. Sem frescura com um timbre seco e cru de guitarra, Donald faz jus ao seu currículo. Em Dead in your tracks temos a participação de Roosevelt Purifoy nos teclados, com um solo primoroso engrossando ainda mais o caldo. Já This old city é potencialmente radiofônica. Loved ones é daquelas baladas soul que faria até Jece Valadão cair em prantos. Bem ao estilo Robert Cray. O destaque fica por conta do solo cheio de lirismo de Donald. Must be Love é a “tira o pé do chão” do disco. John Fogerty é homenageado em  Rattlesnake Highway, onde Donald opta por um timbre mais sujo e pesado. Representando o Blues (gênero que a banda domina bem), temos Down in the dungeon, com harmônica e guitarra slide. Blues dos bons! One Step Back de autoria de Billy Gibbons do ZZ Top finaliza o disco.



(Texto: Sérgio Silva) 
Continue Lendo...

Gov't Mule - Live at Roseland Ballroom









Depois de um relativo hiato aqui no blog, suficiente para sentir-me extremamente enferrujado, tento voltar de mansinho com essa resenha que diz respeito a uma das maiores bandas da atualidade, a Gov't Mule. O álbum em questão é Live at Roseland Ballroom que foi gravado ao vivo em Manhattan em 1995. Nesse disco o poderoso power trio composto por Warren Haynes nas guitarras, Allen  Woody no baixo e Matt Abts na bateria, começa  sua jornada musical com Trane, uma bela improvisação de quase 17 minutos onde o trio desfila seu vasto conhecimento em jazz, soul e country. Nela percebe-se como Woody tem pleno domínio de seu instrumento, não deixando espaço vazio na música.  Na seqüência, vem Temporary Saint, onde Haynes canta com seu vozerão rasgado e embargado. O refrão é prazerosamente grudento. A seguir temos Painted Silver Light, suave e melancólica em seu começo, para depois entrar com os dois pés na porta no refrão, fazendo tudo ruir. Pegada musculosa de Haynes no solo de guitarra. Também fazem parte do álbum Kind of Bird e Mule, essa última para nenhum jazzista por defeito.
Enfim, altamente recomendado para quem gosta de power trios à la Cream.


(Texto: Sérgio Silva)
Continue Lendo...

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Aerosmith - Toys In The Attic (1975)







Quando o Aerosmith entrou no estudio Record Plant pra gravar o seu terceiro álbum, depois de dois discos que, embora com qualidade, não conseguiram decolar, sabia que ela tudo ou nada. Contando de novo com o produtor Jack Douglas - parceria que se repetiu por muitos anos e com tanta sintonia que Douglas acabou recebendo o apelido de ``O sexto Aerosmith´´ - ``Toys Ins The Attic´´ é puro sexo, drogas e rock n´roll. E um dos melhores discos dos anos 70.
Um riff hipnótico, bateria e baixo a todo vapor e um refrão que arrasta qualquer rockeiro para acompanha-lo e a faixa-título abre o disco mostrando poder de fogo. A mistura americana de Rolling Stones com Led Zeppelin finalmente havia chegado ao ponto e "Toys in the attic" começa de forma magistral; "Uncle Salty", uma canção triste feita pelo baixista Tom Hamilton (que assume a guitarra nessa faixa) serve de tapete para Steven Tyler desfilar sua bela voz numa letra angustiante que termina com ecos sessentistas; "Adam's apple" vem com mais riffs espertos e Tyler demonstrando sua habilidade com trocadilhos e jogo de palavras ("Even Eve in Eden") para contar, bem ao seu modo, o "Genesis III" da Bíblia. Golaço! Um dos grandes momentos do disco. "Walk this way", com seu título inspirado numa fala do filme "O jovem Frankstein" (Mel Brooks), vem logo em seguida e é o ponto alto do álbum. Com um riff inesquecível, um ritmo funky calcado em James Brown - uma das influências do vocalista - e The Meters, a banda tocando como se soubesse que estava gravando um clássico do rock e o senso de humor habitual das letras do grupo, a música é uma demonstração da química entre Tyler e Perry, não só enquanto parceiros de palco, mas também como compositores. Anos depois, a música foi regravada pelos rappers do Run DMC - com a participação da dupla de compositores - e contribuiu para o resgate do, então fora de combate, Aerosmith (muito embora a regravação seja bem aquém da versão original); "Big ten inch record" - cover de Bull Moose Jackson - encerra o lado A em clima de rhythm and blues anos 50, com Steven Tyler tocando sua habitual gaita e mais um interessante duplo sentido de conotação sexual ("Suck my big ten inch"). Na abertura do Labo B, mais um clássico; "Sweet Emotion", primeira música da banda a entrar no Top 40 ("Dream On" grande clássico presente no primeiro Lp só alcançaria o Top 10 quando relançada após o sucesso de "Toys in the attic"), chega com um riff de baixo de Tom Hamilton (parceiro de Tyler nessa), marimba e Joe Perry na talk box. Outro destaque é o duelo de guitarras (os dois guitarristas estavam de Stratocaster) e os riffs que servem de ponte para o refrão; Guitarra acústica, outro riff certeiro e a stoniana "No more no more" mantém o pique, enquanto "Round and round" , composição de Tyler com o guitarrista Brad Whitford, traz uma aproximação com o estilo de rock feito pelo Black Sabbath (e que não era muito a praia da banda) e não faz feio. "You see me crying" encerra o disco de forma magistral. Com um belo piano de Tyler, a guitarra de Whitford e uma orquestração de primeira, a balada inicia a tradição da banda - repetida em quase todos os discos desde então - de fechar seus álbuns com belas baladas. 
"Toys in the attic" ganhou disco de ouro e botou a banda para lotar estádios. Depois disso, o Aerosmith gravou outros discos estonteantes, atingiu o estrelado, naufragou nos excessos, acabou, foi citado como influência de nove em cada dez bandas de hard rock dos anos 80, voltou mais forte que nunca, virou ídolo da geração MTV e garantiu o seu lugar como uma das maiores bandas americanas de todos os tempos. Mas seu ponto de referência será sempre os clássicos enfileirados nessa obra-prima.


(Leandro L.Rodrigues)
Continue Lendo...

domingo, 1 de maio de 2016

Woodstock - Mais Que Uma Loja ...








A Woodstock Discos certamente foi uma das mais importantes lojas dedicada a música pesada no Brasil. Na verdade, a loja capitaneada por seu fundador Walcir Chalas, foi responsável por definir um cenário praticamente inexistente até então.
Para os que não vivenciaram aquela época e até mesmo para os que querem manter viva em suas memórias uma história cheia de momentos mágicos e de muita nostalgia musical, podem se deliciar com o documentário “Woodstock – Mais Que Uma Loja...” lançado no ano de 2014 e dirigido por Wladymir Cruz, também responsável pelo roteiro e produção do filme - foi também um dos frequentadores da loja em seu momento áureo e, presta um digno tributo a “Disneylândia dos roqueiros”, como alguns dos entrevistados definem a loja.
Tendo como “espinha dorsal” do longa os depoimentos e várias histórias, contadas pelo próprio Walcir, fazemos um passeio pelos anos oitenta e metade do anos noventa, e nos deparamos com uma era pré internet em que as relações humanas eram o combustível que alimentava o imaginário de uma juventude, que tinha prazer em trocar recortes de revistas ou gravar os últimos lançamentos que chegavam do velho continente pelas mãos de Walcir. As histórias são sempre pautadas por um misto de emoção e orgulho, tanto por parte de várias personalidades que se criaram graças a existência da Woodstock como pelo próprio Walcir.
Vejam depoimentos dos irmãos Cavalera, (que antes de serem mundialmente famosos com o Sepultura, juntavam dinheiro com os amigos para vir a São Paulo comprar discos na loja) e de membros de bandas como Harppia, Vodu, Viper e Ratos de Porão. Entre os depoimentos mais contundentes do filme, está o de Ricardo Batalha(editor chefe da revista Roadie Crew),que diz ter nascido duas vezes; a primeira vez na maternidade e a segunda na Woodstock – definição precisa!
A Woodstock realmente foi mais que uma loja, e esse documentário é providencial por mostrar que entre venda e lançamento de discos, produção de shows e tardes de autógrafo ou até à frente de um programa de rádio (Comando Metal), Walcir imortalizou um nome que já era mundialmente conhecido, de forma digna e autêntica.
Não deixe de ter mais esse documento em sua prateleira, pois é um registro primoroso e item de valor inestimável para todos que viveram essa época!

Continue Lendo...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...